quarta-feira, 31 de outubro de 2012

«LOS DUEÑOS DEL MUNDO»


Esta extraordinária tela é da autoria do artista norte-americano Bill Dixon; que lhe deu o título espanhol «Los Dueños del Mundo» ('Os Senhores do Mundo'). Nesta impressionante obra o pintor mostra uma visão fantasmagórica de Monument Valley, pelo qual cavalga, à rédea solta, um grupo de guerreiros pele-vermelhas. Serão Comanches ? -Serão Apaches ?

«O VINGADOR» («SHOTGUN»)


«O VINGADOR» é uma interessante série B, realizada em 1955 por Lesley Selander, que já teve edições DVD em vários países, nomeadamente em França (onde se chama «Amour Fleur Sauvage», mas onde a cópia videográfica é comercializada com o título original), em Espanha («La Pradera Sangrienta») e no Brasil, onde esta fita é designada por «Escreveu Seu Nome a Bala». Como, aliás, o refere a capa do DVD que ilustra este 'post'. «O VINGADOR» é uma película em excelente colorido, que conta a história de um auxiliar de polícia (um xerife adjunto, cujo papel é interpretado por Sterling Hayden), que se obstina em dar caça a um facínora que matou o seu superior hierárquico; que era também seu amigo. O vingador (o título português nem foi mal escolhido...) vai cruzar-se e travar conhecimento com uma bela e sofrida moça (encarnada por Yvonne de Carlo), que tenta chegar à Califórnia, para ali encetar uma nova vida. No seu caminho, o justiceiro vai também esbarrar com um interesseiro caçador de prémios (Zachary Scott), disposto a tudo para receber o preço oferecido pela captura do assassino pelas autoridades judiciais. Um outro obstáculo é colocado à frente do homem da lei por uma belicosa tribo de pele-vermelhas, que reage mal à invasão do seu território pelos três brancos... Sem ser uma obra-prima (longe disso), esta fita já merecia ter, também por cá, uma edição sobre suporte DVD. Afinal, num país onde se grava e põe à venda tanta porcaria, não ficava nada mal aos editores nacionais começarem a interessar-se por estas fitas de sabor popular. Que distraiem e -sosseguem as almas sensíveis- têm sempre um fim moral. Diga-se ainda, por ser verdade, que os westerns dos anos 50 são filmes onde a violência é mais sugerida do que mostrada; violência que nada tem a ver, pois, com os banhos de sangue propostos pelo cinema dos tempos que vivemos.

MAQUETISMO - BARCO «RED BLUFF


Admirai esta esplêndida maqueta do «Red Bluff», modelo dos típicos vapores de roda traseira que -na segunda metade do século XIX- sulcaram orgulhosamente as águas do Mississippi-Missouri e de muitos dos seus afluentes. Mesmo as daqueles rios que a estiagem reduzia a um fio de água. O seu característico casco chato reduzia-lhe consideravelmente o calado, permitindo a estes barcos navegar em torrentes pouco profundas. E safar-se, com alguma facilidade, de encalhes nos respectivos bancos de areia. Destinados ao transporte comercial de passageiros e de mercadorias, estes vapores serviram, muitas vezes também, como casinos flutuantes, onde reinavam os batoteiros profissionais, graças à cumplicidade -sempre interessada- dos seus armadores e dos seus capitães. Durante a guerra civil (1861-1865), muitas destas embarcações foram transformadas em temíveis canhoneiras couraçadas, tanto pelos unionistas como pelos confederados. Muitos delas foram decisivas em batalhas, travadas no curso dos acima referidos rios, lutando contra unidades rivais ou bombardeando cidades e outros lugares estratégicos do inimigo. O cinema e as séries western (e assimilados) mostraran estes 'riverboats' em muitas obras interessantes. Lembremo-nos, por exemplo e entre muitas outras, da película «Maverick» (com Mel Gibson, Jodie Foster e James Garner), realizada em 1994 por Richard Donner (e, já agora, da série TV que inspirou este filme); recordemos «Magnólia, o Barco das Ilusões», musical de George Sidney, 1951, com Kathryn Grayson, Ava Gardner e Howard Keel; ou ainda «Jornada de Heróis», fita de Anthony Mann (1952), com James Stewart, Arthur Kennedy e Julia Adams (cuja acção se desenrolava, se bem me lembro, não na bacia do Mississippi-Missouri, mas num longínquo rio do território do Oregon); «Anos de Volência», dirigido por Rudolph Maté em 1955, com Tony Curtis e Arthur Kennedy. Não sei se este trabalho de maquetismo é o fruto de uma iniciativa pessoal (muito bem conseguida) ou se o modelo é comercializado por uma marca conhecida. De modo que não posso, obviamente, fornecer informação mais detalhada aos interessados. //////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////
Durante a longa e fratricida Guerra de Secessão, grande parte das embarcações do Missisippi foi requisitada pelos militares de ambas as partes envolvidas no conflito e transformada em canhoneiras. Couraçados com placas de aço e armados com inúmeras bocas de fogo, estes barcos revelaram-se temíveis, tanto do lado dos vencedores (os governamentais), como do lado dos 'rebeldes' sulistas. A fotografia apresentada é autêntica e mostra o USS «Cairo», um antigo navio de passageiros transformado em nave de guerra da marinha federal.

A LEI DAS SÉRIES : «THE DEPUTY»


Nunca tive o prazer de ver esta série western, realizada para o canal norte-americano de televisão NBC. Tenho dúvidas que tenha sido programada em França, na Bélgica ou em Portugal, países onde passei muitos anos da minha vida de telespectador. «The Deputy» (termo que designa um auxiliar de polícia), teve 76 episódios, distribuídos por 2 temporadas. Cada um desses episódios (a preto e branco) teve uma duração de 30 minutos e a figura central da série era interpretada por Henry Fonda. A dita foi difundida (nos Estados Unidos), pela primeira vez, nos anos de 1959, 1960 e 1961. Teve vários realizadores, entre os quais os conhecidos Felix E. Feist e Arthur Lubin. O herói da série era, pois, um 'deputy', que tentava impor a lei numa pequena localidade do Arizona. A integralidade desta ficção western já foi comercializada (em DVD) nos 'states'. Pena é que isso não se tenha repetido na Europa, onde uma versão legendada (ou mesmo dobrada) daria prazer a muitos amadores do género. Sobretudo, porque esta série empregou um actor com tanto prestígio junto dos westernófilos como Henry Fonda...

«VAGABUNDOS SELVAGENS»


Em 1971, Blake Edwards -reputado autor de comédias- reuniu um elenco de luxo (William Holden, Ryan O'Neal, Karl Malden, etc) para nos oferecer um dos mais interessantes westerns de início dessa década : «VAGABUNDOS SELVAGENS» («Wild Rovers»). Classificado com o labéu de western crepuscular (mas será isso um estigma ?), pelo facto de ter surgido num tempo em que o género agonizava, mas também por se afastar do tom idealista dos filmes da 'Época de Ouro', propondo um fim trágico e pouco conforme com os cânones que, durante muitas décadas, presidiram às normas típicas desses anos triunfais, «VAGABUNDOS SELVAGENS» é, como já acima referi, uma película de grande qualidade. E a ver absolutamente, se não se quiser perder um grande momento de cinema. Conta-nos a história de dois cowboys do Montana, que, desencantados com a sua sorte, decidem assaltar um banco à mão armada e fugir, com a soma pilhada, para o México; país onde, pensam eles, a vida será uma festa permanente. Infelizmente para os dois companheiros de aventura -que, até então, haviam pautado a sua existência pelas regras da profissão e pela leis do lugar- o poderoso rancheiro que os empregava tomou o seu criminoso acto como uma ofensa pessoal e mandou no seu encalço um numeroso grupo de vaqueiros, com a incumbência de os trazer de volta, mortos ou vivos... E mais não contarei, para poder deixar saborear esta fita àqueles que desejarem adquirir «VAGABUNDOS SERVAGENS» e fruir plenamente das suas mais de 2 horas de duração. Esta pelícila foi editada (em DVD) pela Cine Digital e está à venda -em Portugal- em todas as boas casas da especialidade.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

PALAVRAS DE UM SÁBIO


«O HOMEM PERTENCE À TERRA. A TERRA NÃO PERTENCE AO HOMEM» (dixit Tatanka Yotanka/Sitting Bull, ilustre líder espiritual, 'medecin man' e chefe de guerra da nação Sioux). *******************************************Perseguido durante toda a sua vida -que durou 58 anos e terminou de maneira dramática- este resistente ameríndio é referido pelo presidente Barack Obama (no seu livro para crianças «Of Thee I Sing - A Letter To My Daughters») como um dos 13 maiores americanos de sempre.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

COMO SE DIZ WINCHESTER 73 EM JAPONÊS ?

Este cartaz -publicitando o filme «Winchester 73» no Japão- é o símbolo da universalidade do cinema western. -Não acham ? /////////////////////////////////////////////////////////////////////////// Título : «WINCHESTER 73»; Ano de estreia : 1950; Realizador : Anthony Mann; Guionista : Borden Chase; Fotografia (p/b) : William Daniels; Música : Joseph Gershenson; Produtora/Distribuidora : Universal Int.; Actores principais : James Stewart, Shelley Winters, Dan Duryea, Stephen McNally, John McIntire, etc; Minha classificação : *****

TÍTULOS. MAS QUE GRANDE TRAPALHADA


«NO TEMPO DAS DILIGÊNCIAS» é o título brasileiro do western fordiano «STAGECOACH», realizado pelo mestre em 1939. Filme que, em Portugal, se denomina, como é sabido, «A CAVALGADA HERÓICA». Eu sou daquelas pessoas que acham que, para evitar confusões, os títulos dos filmes deveriam ser traduzidos à letra. Isto, bem entendido, na medida do possível. Neste caso preciso, bem fizeram os espanhóis, que chamaram a este clássico «LA DILIGENCIA». Título que é a fiel transcrição do original. Bravo !!! Ah ! já agora, deixem-me dizer que esta inesquecível fita se intitula em França «LA CHEVAUCHÉE FANTASTIQUE» e em Itália «OMBRE ROSSE». Mas que grande confusão... De fazer revirar os olhos ao pistoleiro Ringo, aliás John Wayne, aliás Marion Robert Morrison.

TERRAS DO OESTE : FORT BENTON, MONTANA


A imagem mostra Fort Benton (Montana) em ano indeterminado do século XIX. Esta localidade (actualmente com cerca de 1 600 habitantes) faz parte do condado de Chouteau e situa-se perto da fronteira canadiana. Fort Benton desenvolveu-se a partir de um entreposto comercial, fundado -em 1847- pelos irmãos Auguste e Pierre Chouteau, franceses do Quebeque, negociantes de peles. O rio que se pode observar nesta tela (de autor que desconheço) é o Missouri. Curso de água que fertiliza uma vasta área desta região do estado do Montana, hoje conhecida pelo nome de 'Triângulo Dourado'; por alusão à riqueza das suas vastas searas de trigo. A partir de 1865, com o declínio do comércio de peles e com o fim da guerra civil, Fort Benton foi vendido ao exército norte-americano; que a partir dali organizou patrulhas de cavalaria para proteger as caravanas de colonos que se dirigiam para as terras -ainda virgens e disponíveis- dos futuros estados do Oregon e de Washington. Note-se, na tela anexada, o tráfego intenso de embarcações fluviais (nomeadamente a vapor), que, no tempo dos pioneiros, ligavam a margem oriental do Missouri a Fort Benton.

«EMBOSCADA FATAL»


«EMBOSCADA FATAL» («Comanche Station») é um dos meus 10 westerns preferidos. E é também a película que eu mais aprecio da filmografia de Budd Boetticher. Filmografia que é relativamente vasta e que contém obras de grande qualidade. Esta fita, impressiona-me pela simplicidade da sua construção, mas também pelo seu entrecho, que reserva, a quem a queira ver, um fim inesperado. Como quase todos os seus melhores westerns, «EMBOSCADA FATAL» é o fruto de uma estreita colaboração estabelecida por Boetticher, com Burt Kennedy (o guionista) e com o actor Randolph Scott; que o co-financiou através da produtora Ranow. Já editado em DVD em vários países, sugere-se (esperando-se que não demore muito tempo) o seu lançamento em Portugal; país onde (eu sei disso) Budd Boetticher tem muitos fãs, sobretudo entre os cinéfilos da minha geração. Curiosdade : Boetticher esteve em Portugal, onde tentou rodar o início de um western, que nunca se chegou a fazer. Qualquer dia contarei aqui o que sei sobre esse curioso assunto... O cartaz reproduzido neste 'post' é de origem belga. Devido ao bilinguismo que caracteriza esse país europeu, nele se referem os títulos francófono («Prisonnière des Comanches») e flamengo («De Gevangene van de Comanchen») desta película realizada em 1960 para os estúdios Columbia Pictures.
Jefferson Cody (Randolph Scott) e a senhora Lowe (Nancy Gates) são as principais personagens desta história contada por Budd Boetticher. O primeiro resgatou a mulher branca aos Comanches. Que, sentindo-se ludibriados por Cody (que, na troca, lhes cedeu armas inutilizáveis), vão mover uma feroz perseguição ao improvisado casal. Ao qual, durante a fuga, se veio juntar um grupo de caçadores de prémios, apenas interessados pelo valor da recompensa oferecida pelo marido da ex-cativa dos pele-vermelhas... Este filme é um diamante, uma pérola rara no panorama do cinema western de início da década -já crepuscular- de 60.

domingo, 28 de outubro de 2012

A LEI DAS SÉRIES : «UMA CASA NA PRADARIA»


«LITTLE HOUSE ON THE PRAIRIE» - destinada a um público jovem (mas que, afinal, agradou a toda a família), esta série de televisão -inspirada pela obra, mais ou menos autobiográfica, de Laura Ingalls Wilder- compreendeu 187 episódios de duração variável, distribuídos por 9 temporadas distintas. Com um leque de actores excelentes -Michael Landon (que a criou para a rede NBC), Melissa Gilbert, Karen Grassle, Melissa Sue Anderson, etc- esta série conta-nos episódios da vida quotidiana de uma família de pioneiros, instalada numa pequena localidade do Kansas, no Oeste americano. Moralista no bom sentido do termo (já que promoveu a amor, a amizade, a solidariedade, a tolerância e até a proteção da Natureza), esta memorável série obteve um êxito fenomenal não só nos Estados Unidos, mas também nos inúmeros países onde foi programada (e reprogramada) por diferentes canais de televisão. «UMA CASA NA PRADARIA» já foi editada na íntegra em DVD em vários países do Mundo, nomeadamente em França; onde a caixa de 58 discos (com todos os episódios realizados, inclusivamente os 'extra colecção') estão a ser vendidos, actualmente, por menos de 100 Euros. Único inconveniente para os interessados de outras regiões : os episódios desta série estão todos dobrados na língua de Vítor Hugo... ///////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////// //////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////// Caixa contendo a integralidade de «UMA CASA NA PRADARIA» em Versão Francesa. Custa no país da torre Eiffel (preço mais baixo encontrado) 93,99 Euros. E constitui um belo presente de Natal para uma criança ou um adolescente, que não teve a ocasião de ver -na ocasião certa- estes mini-filmes, que encantaram a garotada das décadas de 70 e 80 do passado século. E que os adultos não desdenhariam voltar a ver... Em Portugal, a editora Planeta de Agostini (aqui fica, desinteressadamente, a publicidade) fez o lançamento desta série há uns bons meses atrás. A sua venda efectua-se nos quiosques de jornais ou através de assinatura. O preço de cada DVD (contendo vários episódios) é de 8,99 Euros.

«RIO SEM REGRESSO» JÁ TEM CÓPIA EM 'BLU-RAY'


Informo que já foi lançada a versão 'Blu-ray' de «RIO SEM REGRESSO», película de Otto Preminger (1954), na qual a adorável Marilyn Monroe representou o principal (e quase único) papel feminino. Refiro-me, naturalmente, à comercialização deste produto em França; já que em Portugal a actividade dos editores de cópias cinematográficas continua a estagnar. Efeitos da crise económica imposta pelo impiedoso (des)governo que temos ? -Não sei, mas é possível... O desesperante é que lá fora, em França (país onde a crise também causa problemas às classes mais desfavorizadas da sociedade), a vida continua e propõem-se obras culturais, como a aqui a anunciada, a preços abordáveis. Neste caso preciso a pouco mais de 12 Euros... Este belíssimo filme foi o único western do realizador de origem austríaca Otto Preminger. Que, com «RIO SEM REGRESSO», quis apenas experimentar as técnicas do CinemaScope que ele ainda desconhecia. Foi, igualmente, a sua única colaboração com Marilyn, actriz sensível, mas que ele subestimava e desprezava. Por misoginia ? -Não sabemos, nem isso interessa. O importante é qu o filme é bom e não envelheceu, contrariamente ao aconteceu a outras películas do mestre. Marilyn, no papel de Kay, uma moça de 'saloon' -frágil e generosa- canta e encanta, com canções que se tornariam clássicas do seu reportório. Como «River of no Return», «Silver Dollar» ou «Down in the Meadow». Nem que fosse só por isso, esta cópia valeria 20 vezes os 12,24 Euros pedidos pela Amazon.fr. E, atenção, isto não é publicidade camuflada.

ERROS & INCOERÊNCIAS


Alguns cartazes de cinema e outro material promocional de filmes estão cheios de parvoíces. A tal ponto, que é, por vezes, lícito perguntar se os seus autores viram -com um mínimo de atenção- as obras que publicitam ? -É o caso, por exemplo, deste cartaz de «JOHNNY GUITAR», que refere quatro nomes de actores da fita, dois dos quais (quase) irrelevantes -Ward Bond e Ernest Borgnine- em prejuízo de outros com maior protagonismo. Este último actor (que eu, por sinal, muito aprecio) até tem direito a figurar iconograficamente no cartaz, ao lado de Joan Crawford e de Sterling Hayden, o par vedeta da obra-prima de Nicholas Ray. Na verdade, logo atrás deste extraordinário duo romântico, deveriam merecer referência especial, a meu ver e por ordem de importância, Mercedes McCambridge (cujo desempenho nesta fita lhe valeu um Oscar) e Scott Brady, que nesta película interpreta o papel de Dancing Kid, o rival do incógnito pistoleiro John Logan.
Nesta capa do DVD (editado em Espanha) com cópia da extraordinária fita de Robert Parrish «QUEM VENTOS SEMEIA», a calinada (mas que grande disparate !) tem a ver com o nome do realizador do filme; que aqui é referido como sendo Burt Kennedy. Que, naturalmente, nada tem a ver -nem de perto, nem de longe- com esta película, que, para mim, também é a obra-mestra, o filme mais primoroso do seu autor. O problema é que estas idiotices não se quedam por estes dois exemplos. Há mais. Muitas mais...

A PROPÓSITO DO LANÇAMENTO (EM FRANÇA) DE «ATIRAR PARA MATAR»


Era eu adolescente quando vi este filme. Numa esquecida sala ou esplanada do Barreiro. Depois perdi-o de vista. Até que «ATIRAR PARA MATAR» («Star in the Dust») surgiu, de novo, na minha vida de cinéfilo. Graças ao oportuno lançamento de uma cópia DVD, proposta pela editora francesa Sidonis-Calysta, firma que não me cansarei aqui de louvar. Por desinteressadas razões. Este filme foi estreado em 1956 nos E.U.A. e surgiu nas salas europeias no mesmo ano. Tem realização de Charles F. Haas e afirmou-se pela sua boa qualidade, sem o concurso de vedetas e/ou o auxílio de grandes campanhas publicitárias. O que, aliás, era característico das fitas de série B. Que, por serem assim chamadas, muita gente pensa não terem qualidade. O que é falso ! O principal trio de actores, que deu rosto e voz às personagens desta fita, chamavam-se John Agar (que nunca foi uma estrela do firmamento hllywoodiano, mas que teve o previlégio de ser dirigido por mestre John Ford), Mamie Van Doren (uma 'starlette', que chamou a atenção do público, graças aos seus avantajados dotes físicos) e Richard Boone (que foi, quiçá, o mais popular de todos eles e ao qual se reconhece, hoje, algum talento na arte de representar). Finalmente, o interesse deste singular western tem a ver com o seu entrecho (baseado num guião de Oscar Brodney), que -apesar de não ser notável- soube prender o público com uma história recorrente das fitas do género : um xerife obstinado (e solitário) quer enforcar um bandoleiro, que beneficia dos favores de poderosos rancheiros, a quem o facínora prestou inconfessáveis serviços.
É pena que os editores portugueses de DVD's continuem passivos, quando se trata de lançar este tipo de filmes no nosso triste e deprimido mercado. Nessas condições, só os amadores de westerns que falem inglês ou francês podem ter o prazer de os ver ou rever. Como diriam os gauleses, Cest dommage ! Apesar desta desencorajante notícia, quero advertir que, aqui ao lado, os nossos vizinhos espanhóis também editaram (no mesmo suporte) a fita em questão. Que no país que connosco partilha o território da Ibéria se intitula «El Último Sol». /////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////// Em baixo : O xerife Bill Jorden (John Agar) enfrenta a sua graciosa namorada Ellen Ballard (Mamie Van Doren). Natural do estado do Dacota do Sul, onde nasceu em 1931, esta actriz (de seu verdadeiro nome Joan Lucille Olander) era descendente de gente oriunda do norte da Europa. A sua carreira no cinema foi medíocre, sendo a fita em apreço uma das raras com algum interesse na sua filmografia.

HOMENAGEM A ANTONIO AGUILAR, 'EL CHARRO DE MEXICO'

Natural do estado de Zacatecas, Antonio Aguilar (1919-2007) foi um dos maiores e mais populares cantores nascidos no México. Talvez, o maior de sempre ! Com centenas de canções no seu reportório, Aguilar gravou mais de 100 discos, dos quais foram vendidos 25 milhões de exemplares; tanto no seu país natal, como no resto do mundo. Sobretudo na América de língua espanhola e nos Estados Unidos, onde os seus compatriotas -todos imbuídos de cultura hispânica- se contam por milhões. Famoso intérprete de 'rancheras', Antonio Aguilar -que era um emérito cavaleiro- esteve também muito ligado ao mundo da equitação mexicana, sendo até considerado um dos grandes impulsionadores desse autêntico desporto-espectáculo nacional que é a 'charreería'. Participou em mais de 150 películas. «La Cucaracha» (1958) foi uma das mais conhecidas. Mas também rodou fitas nos Estados Unidos, como, por exemplo, o western «Nunca Foram Vencidos» («Undefeated», realizado por Andrew V. McLaglen em 1969), na qual interpretou o papel do general Rojas. Hollywood prestou-lhe homenagem, colocando uma estrela com o seu nome no famoso Passeio da Fama. E a cidade de Los Angeles ergueu-lhe uma sumptuosa estátua equestre no seu centro histórico : Olvera Street. Casado com a conhecida cançonetista Flor Silvestre e pai dos também cantores Pepe Aguilar e Antonio Aguilar Jr., 'El Charro de Mexico' finou-se num hospital da capital do seu país em 2007, em consequência de uma pneumonia. Fica -para a eternidade- a sua recordação...
Esta espectacular estátua ergue-se numa praceta de Olvera Street (que o bloguista de serviço já teve o prazer de visitar), no centro histórico da cidade de Los Angeles. Junto a um banco público, onde o grande artista mexicano Antonio Aguilar -então sem recursos- terá dormido três noites. Este lugar da gigantesca urbe californiana está-se a tornar um sítio de visita obrigatória para os numerosos compatriotas e admiradores do insigne cantor, autor, actor, guionista e exímio 'charro', que foi o saudoso artista.

sábado, 27 de outubro de 2012

DEAMBULANDO PELAS ROCHOSAS


Esta expressiva tela tem a assinatura do pintor Gerry Metz. Mostra uma paisagem das Montanhas Rochosas, com dois 'mountain men' a cavalo, aproximando-se do acampamento de inverno de uma tribo de nómadas. Tribo amiga, naturalmente, porque, se as visitas fossem hostis, há muito que teriam sido assinaladas pelas sentinelas e capturadas (ou exterminadas) fora da respectiva área de segurança. Muitos destes brancos mantinham laços de amizade com as nações ameríndias, por vezes solidificados por casamentos contraídos com mulheres indígenas. Nesse caso, estes 'rostos pálidos' percorriam livremente território dos índio, com os quais realizavam negócios porveitosos para ambas as partes. Os característicos tipis, confeccionados com peles de bisonte, indicam que o acampamento pertence a nómadas, que, na Primavera e no Verão, descem das montanhas -que lhes servem de abrigo seguro- para se dedicarem à caça do maior ruminante das pradarias o 'Bison bison', sua indispensável fonte de vida.

A LEI DAS SÉRIES : «TALES OF THE WELLS-FARGO»


Não sei se a série televisiva «TALES OF THE WELLS-FARGO» chegou a ser exibida em Portugal. E, caso afirmativo, com que título foi aqui divulgada e em que canal. Trata-se de uma série western da NBC, transmitida entre 1957 e 1962, que compreendeu 200 episódios distribuídos por 6 temporadas. Cada episódio, com uma duração de 30 minutos (salvo alguns da última temporada, que duplicaram o tempo habitual de transmissão) contava uma história independente das demais.
O herói dessas historietas era o actor Dale Robertson, que interpretava o papel de Jim Hardie, um detective da Wells-Fargo, conhecida companhia de transporte de passageiros e de fundos. Foram muitos os realizadores desses episódios, sendo alguns deles de renome, pelo facto de terem trabalhado para os estúdios de cinema de Hollywood. Muitas das vedetas convidadas (as famosas 'guest stars') também eram celebridades oriundas do grande ecrã, tais como (entre tantas outras) Johnny MacBrown, James Coburn, Steve McQueen ou Jack Nicholson. Em 2011, uma editora de DVD's empreendeu o lançamento integral desta série western, que foi uma das mais populares do seu tempo.

«MR. HORN», PROCURA-SE !!!


Procuro (desesperadamente) uma boa cópia DVD do telefilme «MR. HORN», realizado em 1979 por Jack Starrett. Esta obra -que tem interpretação de David Carradine e de Richard Widmark- foi exibida num canal da televisão portuguesa com o título (se bem me lembro) de «O PISTOLEIRO DO DESERTO». E creio que até chegou a ser editada, no nosso país, em cassete VHS. A história contada por este telefilme é a de um certo Tom Horn (figura também retratada por William Wiard na sua longa metragem, de 1980, «Tom Horn, o Cowboy»), que, depois de ter sido simples vaqueiro,  batedor do exército americano durante a guerra contra os Apaches de Geronimo, soldado dos famosos 'Rough Riders' em Cuba e, ao que parece, também detective da agência Pinkerton, acabou a sua carreira como assassino profissional por conta e um grémio de ganadeiros do Oeste, a Wyoming Cattle Grower's Association. Esta história -absolutamente verídica- terminou, em 1903, na cidade de Cheyenne, com o julgamento e a execução pública de Tom Horn. Parece-me que o seu processo (bastante polémico) foi revisto, aqui à uns anos atrás, e que a personagem em questão até foi reabilitada oficialmente pela justiça federal... Se algum dos leitores deste blogue tiver informações sobre a maneira de eu poder adquirir a obra supracitada e quizer fazer o obséquio de me as comunicar, ficar-lhe-ei eternamente agradecido. A ilustração anexada a este texto é da capa de um DVD editado no Brasil. País de onde é cada vez mais difícil importar materia desta natureza. Vá lá saber-se porquê ?!!! (Clicar sobre a imagem para a ampliar).

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

UM LIVRO QUE SE RECOMENDA


Importante igualmente -na biblioteca dos westernófilos que se prezam- é este livro de Didier Lodieu intitulado «LE WESTERN B * LES ANNÉES 1930-1939». Trata de um período charneira do género, durante o qual o western ganhou o estatuto de adulto; com filmes tão importantes como, por exemplo, o épico «OUVEM-SE TAMBORES AO LONGE» ou o clássico «A CAVALGADA HERÓICA», ambos de John Ford. Esta obra está à venda na Amazon.fr (passe a publicidade) pelo módico preço de 30 Euros. Unicamente para francófonos.

«SOLDADO AZUL» (EM SUPORTE 'BLU-RAY')


«SOLDADO AZUL» : vi-o, pela primeira vez, no antigo Cinema Condes, de Lisboa, há muitos, muitos anos. «Soldado Azul» denunciava -através das guerras índias do século XIX- um outro conflito : o do Vietnam, que então decorria e que tantas vidas (e dramas de outra natureza) custou aos Estados Unidos da América. Além de ter custado fortunas colossais e irrecuperáveis. Por dizer verdades inconvenientes, esta excelente película de Ralph Nelson (que a realizou em 1970) recebeu um acolhimento frígido nos 'states', que ainda hoje não se dissipou totalmente. Que importa ? -O que realmente conta é que se trata de um western sério, corajoso, que é indispensável ver e importante rever. Até porque também tem excelentes actores, tais comme Candice Bergen (uma das mulheres mais bonitas do cinema), Peter Strauss, Donald Pleasence e outros. Em França foi lançado, aqui há uns meses atrás, uma magnífica cópia 'Blu-ray' desta película. Que só não vou comprar, porque possuo um excelente DVD, que me satisfaz plenamente

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

TRAIDORES TRAÍDOS ?

Esta fotografia é autêntica e mostra uma formação de batedores indígenas ('scouts') do exército norte-americano. Estes homens foram utilizados, no último quartel do século XIX, durante as chamadas 'Guerras Índias', que os E.U.A. sustentaram contra os últimos resistentes das nações autóctones -Sioux, Cheyennes, Apaches- que ousaram desafiar o seu poderio. Acabaram mal. Depois da submissão dos seus irmãos de raça, foram praticamente todos eles expulsos da instituição militar e deportados -como aqueles que eles ajudaram a subjugar- para as reservas (verdadeiros campos de concentração) criadas pelos sucessivos governos de Washington. Vae victis !
Um dos filmes que melhor retrata a condição destes excelentes combatentes (odiados pelos do seu sangue e desprezados pelos brancos) é, sem dúvida, «ULZANA, O PERSEGUIDO» («Ulzana's Raid»), que Robert Aldrich realizou em 1972 para os estúdios Universal. O papel do guia índio Ke-Ni-Tay é interpretado por Jorge Luke (na imagem).

«FLECHAS DE ÓDIO»


Algures no sudoeste dos Estados Unidos, oito passageiros de uma diligência (entre os quais se encontram um representante da lei e um seu prisioneiro) são cercados pelos Apaches numa estação de muda... Este é um dos pontos altos do entrecho da película «FLECHAS DE ÓDIO», estreada em Portugal no já longínquo ano de 1953. Esta fita -que eu nunca vi- foi realizada pelo quase desconhecido Lee Sholem no ano acima referido. «The Stand at Apache River» (título original da fita) teve, nos principais papéis, os actores Stephen McNally, Julia Adams e Hugh Marlowe. Para quando uma desejada cópia em suporte DVD ? -Devido à fraca apetência dos Portugueses por este género cinematográfico, duvido que isso por cá aconteça. Coisa diferente se passa, porém, em Espanha e em França, países onde, nesta matéria, tudo pode acontecer... Esperemos !

À FORÇA DE ALDRABICES

Esta modesta fita de Allan Dwan data de 1957 e foi exibida em Portugal com o título «À FORÇA DO GATILHO». Contava a historieta de um jovem xerife inexperiente, mas com sangue na guelra, que empreende vingar a morte do seu progenitor...
O seu título original é «The Restless Breed» e foi apresentado em Itália (em estreia ? Em reposição ? -Não sei responder...) em meados dos anos 60 do passado século com o título «Stirpe Maledetta» e foi promovido junto do público transalpino graças à difusão deste cartaz aldrabão. Com efeito, aparece -em lugar de destaque do dito material publicitário- a figura inconfundível de Lee Marvin, que, nessa época, lograra sair do (quase) anonimato e do inferno dos papéis secundários, para se impor como um dos grandes actores da década evocada. Acontece que este actor nunca fez parte do elenco desta fita -protagonizada por Scott Brady- e que o recurso à sua imagem foi abusivo e apenas serviu como isco para atrair os incautos. Com promessas (e bolos) se apanham os tolos...

TODOS OS WESTERNS DE AUDIE MURPHY ?


Tudo nos leva a crer que Sidonis-Calysta (a prolífica editora francesa de DVD's) tem, entre outros, o objectivo de nos oferecer a integralidade da cinematografia western de Audie Murphy, o conhecido e exaltado herói da Segunda Guerra Mundial, que se tornou num dos mais populares justiceiros do cinema hollywoodiano de série B dos anos 50. O que nos leva a acreditar nisso, é o facto da supracitada editora de DVD's gaulesa já ter lançado mais de uma dúzia de 'cowboyadas' desse actor e de ter programado a comercialização de mais uma série de cinco títulos para o próximo mês de Janeiro. Que são, a saber : «A Justiça de Billy» («The Kid From Texas»), de 1950, «Os Cavaleiros da Bandeira Negra» («Kansas Raiders»), de 1950, «Herói e Traidor» («Tumbleweed»), de 1953, «Barreiras de Fogo» («Gunsmoke»), de 1953, e «Na Ponta da Pistola» («Gunpoint»), de 1966.
Nós só podemos aplaudir tal iniciativa e ficar a aguardar -com grande expectativa- o aparecimento de outras fitas. Tais como, por exemplo, «Selvagem como as Montanhas» («The Wild and the Innocent»), de 1959 -que é o único DVD dos 34 westerns de Murphy que falta na nossa colecção, ou como «O Segredo da Montanha» («Sierra»), de 1950, «Tambores ao Longe» («Drums Across the River»), de 1954, ou «Resgate Sangrento» («Showdown»), de 1963. Filmes dos quais temos cópias sem a qualidade desejável.

OS HOMENS DA MONTANHA

Richard Luce, o autor desta bonita tela, intitulou-a «Hight Mountain Valley». Nela podemos observar três 'homens da montanha' no quadro magnífico das Rochosas; são, presumivelmente, caçadores de castores, cujas peles foram muito apreciadas pelas beldades e pelos 'dandys' do século XIX. Essa actividade (que chegou a ser intenssíssima, com a criação de empórios tais como a American Fur Company ou como a Pacific Fur Cº, ambas fundadas por John Astor) terminou por volta de 1840, com a quase extinção da espécie 'Castor canadensis'; que é, hoje, um animal protegido em toda a América do norte. //////////////////////////////////////////////////////////
Esta tela (cujo título ignoramos) é da autoria de um outro grande pintor da temática do Oeste americano : John Cox. Representa um 'mountain man' a cavalo, puxando uma besta de carga. A cena decorre no fim do inverno, facto testemunhado pelos tufos de erva que já despontam na paisagem. E, também, pela ausência de neve na copa das árvores e nos rochedos. Foi a esta 'raça' de montanheses que se ficou a dever a descoberta de grandes porções de território americano, que eles calcorrearam de lés-a-lés, antes de toda a gente, na esperança de encontrar os tais castores e outros animais de pele preciosa. Foram eles (franceses do Quebeque, entre outros) quem, igualmente, entrou pela primeira vez em contacto com as nações e tribos ameríndias de aquém e além Rochosas. Os estúdios de cinema (e de televisão) de Hollywood prestaram-lhes homenagem através de algumas grandes películas, que permanecem -como um deslumbramento- nas nossas memórias. Citem-se algumas delas, a título de exemplo : «As Brancas Montanhas da Morte», «Um Homem na Solidão», «Assim São os Fortes». Na TV é importante realçar a mini-série «Centennial», uma maravilha, uma obra-prima.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

«HOMENS DE GELO», UMA PÉROLA RARA


Em contrapartida, esta fita de André de Toth -lançada em DVD no nosso país pelo editor (Ciné Digital) das ingénuas cowboyadas de Roy Rogers- é uma obra-prima. É uma película (com a atmosfera de um 'film noir') que é indispensável descobrir. Sobretudo por aqueles que querem saber algo mais sobre um género 'retro', que a maioria dos portugueses da minha geração perdeu de vista e que os cinéfilos mais jovens deste país não desdenhariam conhecer. «HOMENS DE GELO» conta-nos a história de um grupo de desesperados (ex-soldados do exército confederado), que depois de ter realizado um assalto, que lhe rendeu dezenas de milhar de dólares, tenta escapar aos seus perseguidores através das Montanhas Rochosas. E que, na sua fuga, faz refém a população de uma cidadezinha da região...
Assim sumariamente contado, ficarão os leitores a pensar que o filme em causa é um modelo de fita de acção, com muitos tiros e cavalgadas movimentadas. Desenganem-se os que assim o imaginam. «HOMENS DE GELO» é um 'huis-clos', no qual a violência psicológica se sobrepõe às tradicionais cenas de murros e de disparos de armas de fogo. Daí o seu charme. Servida por um naipe de excelentes actores -Robert Ryan, Burl Ives, Tina Louise, etc), esta fita (a preto e branco) produzida pela companhia United Artists é uma das melhores peças do catálogo da supracitada editora, no qual figuram, no entanto, westerns tão extraordinários como «A Caravana Perdida», «Duelo ao Sol», «Johnny Guitar», «Sozinho Contra a Cidade» ou «Quem Ventos Semeia». //////////////////////////////////////////////////////////////
«HOMENS DE GELO» («Day of the Outlaw») foi realizado em 1959. À direita, na foto, perfila-se a figura de Robert Ryan, que tem nesta fita um dos bons papéis da sua carreira de actor

ROY ROGERS E AS SUAS FITAS


Confesso que não nutro grande apetência pelos filmes de Roy Rogers, o tal 'singer cowboy' dos anos 40, que virou herói de histórias aos quadradinhos. Aliás, nunca gostei de fitas que apresentavam figuras que viajavam num Oeste indefinido, no qual nunca se adivinhava quando é que as diligências e outros veículos típicos de finais do século XIX se iam cruzar com automóveis de luxo, posteriores  à 2ª Guerra Mundial. Nunca apreciei um universo (mesmo cinematográfico), onde os Colts 45 'Peacemaker' afrontavam armas de destruição maciça introduzidas no nosso imaginário (e, infelizmente, nas nossas vidas reais) muitas décadas depois da invenção daquele Samuel que, depois de Deus ter criado os homens, os tornou iguais. Acho absurdo. Apesar disso, um destes dias, quis adquirir (nem eu sei bem porquê !) um DVD contendo 2 dessas tais películas : «A ROSA AMARELA DO TEXAS» e «HELDORADO». E a decepção foi a esperada. Bem feito, bem feito, bem feito !!!
////////////////////////////////////////////////////////////////
Isto sim, é um subgénero menor. Apesar das canções agradáveis e da presença do 'faire valoir' George 'Gabby' Hayes...

sábado, 13 de outubro de 2012

«TAMBORES AO LONGE»


«TAMBORES AO LONGE» («Drums Across the River») é um dos trinta e tal westerns protagonizados por Audie Murphy, o herói da 2ª Guerra Mundial que fez carreira em Hollywood, depois de se ter batido -galhardamente- contra os exércitos hitlerianos. Este filme é, também, um daqueles, que nunca foi editado em DVD na Europa. Realizado, em 1954, por Nathan Juran, «TAMBORES AO LONGE» (uma fitazinha de série B) é, pois, esperado por estas bandas com alguma espectativa por parte dos westernófilos. Eu tenho uma cópia manhosa, obtida através de uma gravação televisiva para suporte VHS e transferida, posteriormente, para disco. Não tem, por evidentes razões, um mínimo de qualidade; daí eu esperar que, qualquer dia, um editor destas bandas tenha a boa ideia de o lançar no mercado ibérico ou francês. Entretanto, parece que esta película já foi lançada no mercado brasileiro, onde é conhecida pelo título local «Tambores da Morte». Que pena estarem tão difíceis as trocas comerciais deste género de produtos entre Portugal e o país irmão das Américas. Mesmo através da internet é extremamente árduo estabelecer contactos e fazer compras em terras de Vera Cruz. Que pena ! Sobretudo, porque houve tempos em que era possível e fácil comprar DVD's, CD's e livros à Vídeo 2000 e ao Submarino...
/////////////////////////////////////////////////////////////////// Cartaz nórdico de «Tambores ao Longe» (dinamarquês ?)

«O CAMINHO DO DIABO»/«A PASSAGEM DO NOROESTE»

«O CAMINHO DO DIABO» («Devil's Doorway»), estimável filme de Anthony Mann -que o realizou em 1950- é profundamente humano e considerado, a justo título, um dos primeiros westerns pró-índios da História do Cinema. Conta-nos a estória do pele-vermelha Lance Poole (Robert Taylor), um herói da Guerra Civil, que regressa à sua região de origem (no Wyoming) para constatar que o seu povo continua a ser vítima de espoliações e de ódio racial por parte da comunidade branca. Como antes do conflito entre estados, durante o qual ele serviu a causa da União e recebeu, pelos seus actos de bravura, a Medalha de Honra do Congresso. Inconformado com a situação, Poole vai colocar-se ao lado da sua gente para defender os seus direitos e a sua dignidade. Até à morte... Disse-se (e escreveu-se) que foi pelo facto de ela ter defendido a causa dos autóctones, que, em meados do século passado, esta película foi 'esquecida' pelos críticos de cinema e repudiada pela generalidade do público, que a condenou ao insucesso comercial. Felizmente os tempos mudaram (mesmo nos Estados Unidos) e «O CAMINHO DO DIABO» é hoje um filme reconhecido e considerado por todos os cinéfilos. A sua cópia DVD foi editada em França, aqui há uns meses atrás, pela Wild Side Video; que a integrou na sua preciosa colecção 'Classics Cinfidential', que compreende um livro (sobre o filme) de Bernard Eisenschitz intitulado «La Terre Promise»
Dez anos antes da estreia infeliz da película acima evocada, foi exibida nas salas de cinema dos 'states', um grandioso filme de King Vidor intitulado «A PASSAGEM DO NOROESTE» («Northwest Passage»), com Spencer Tracy. Esta fita obteve um sucesso colossal junto do público e da crítica. A tal ponto que chegou a encarar-se a possibilidade de rodar uma segunda parte (coisa que não se concretizou) e fez-se (por inspiração do filme) uma série televisiva (realizada por Jacques Tourneur), que, também ela, foi um grande êxito popular. Acontece, porém, que este filme de Vidor é (do meu ponto de vista, mas não só) de um racismo atroz, que atingiu um grau raramente visto na História do Cinema. Os nativos (sobretudo os do grupo étnico dos Abenakees) são tratados, nesta fita, como animais repelentes e nocivos, que é urgente exterminar. Para bem (naturalmente !) da Civilização... Enfim, dois filmes, duas visões do mundo, duas películas com um aceitamento diferente, que diz muito sobre a mentalidade das pessoas do tempo em que estas fitas foram produzidas. Também «A PASSAGEM DO NOROESTE» foi comercializada pela supracitada editora francesa de vídeo, no quadro da também já referida colecção. O filme de Vidor é acompanhado do livro «Dans la Gueule du Lion, da autoria de Jean Ollé-Laprune, que contém muita informação sobre a película

PARA REGALO DOS OLHOS E CONSOLO DA ALMA

Cinco cowboys observam, deslumbrados, a imensidão (e a beleza) da paisagem oferecida por um recanto do Oeste selvagem (Tela do artista Mark Keathley, intitulada «Cattle Plan») ***Clique na imagem para a ampliar***

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

JÁ ESTÃO À VENDA 4 NOVOS WESTERNS DE SIDONIS-CALYSTA

A editora francesa Sidonis-Calysta -tão pródiga no que respeita o lançamento de cópias de westerns clássicos- acaba de nos presentear com mais uma enfiada de DVD's dos anos 50. Trata-se, desta vez, de 4 fitas de série B, todas elas consagradas à temática do confronto entre brancos e índios. Com cópias restauradas (no que respeita o som e a imagem) estes produtos caracterizam-se pela qualidade habitual -cópias de bom nível, extras com comentários de conhecidos críticos de cinema (Patrick Brion e Bertrand Tavernier) e, desta vez, algo mais, já que, a cada estojo, foi adicionado um opúsculo com meia dúzia de páginas relatando a vida de um grande chefe ameríndio : Quanah Parker, Mangas Coloradas, Sitting Bull...
Os filmes em questão são :

«O ÚLTIMO GUERREIRO» («Sitting Bull»), de 1954, com realização de John Salkow «FORTE YUMA» («Fort Yuma»), de 1955, com realização de Lesley Selander «ATÉ AO ÚLTIMO HOMEM» («Comanche»), de 1956, com realização de George Sherman «FORTE MASSACRE» («Fort Massacre»), de 1958, com realização de Joseph M. Newman
Apesar de serem de visionamento agradável, nenhuma destas fitas ultrapassa a mediania. À excepção, todavia, de «Forte Massacre», que é uma película apreciável e que merece uma nota especial. Sobretudo pela realização ágil e nervosa de Joseph M. Newman, pela fotografia de Carl Guthrie (que nos mostra a rudeza do sudoeste dos 'states' de uma maneira que, visualmente, nos cativa) e pela 'performance' do actor Joel McCrea, que -no papel de um rude e implacável sargento de cavalaria- nos oferece um dos grandes papéis da sua carreira