sexta-feira, 30 de novembro de 2012

MEA CULPA !!!


Na passada 2ª feira, dia 26 do mês em curso, disse num 'post' evocativo da fita «O Filho do Sol», que a cassete VHS da dita película havia sido editada em Portugal -aqui há uns anos atrás- pela Fnac. Errei ! Em boa verdade, confundi essa película -inspirada numa obra de Fenimore Cooper- com o filme «O VALE DO SOL» («Valley of the Sun»), realizado em 1942 por George Marshall. Vá lá a gente fiar-se na memória de um cérebro que funciona (sem garantia) há cerca de 70 anos... Peço desculpa pela parvoíce, a quem tem a pachorra de passear o olhar por este blogue. E prometo ter mais cuidado futuramente; e não usar -sem precauções- as capacidades, cada vez mais reduzidas, daquilo que guardo na minha caixa craniana.
/////////////////////// Na realidade, foi a cópia da película publicitada pelo cartaz (aqui ao lado) que a Fnac editou -em cassete VHS- aqui há uns bons anos atrás. «O Vale do Sol», de George Marshall, foi produzido pelos estúdios RKO Pictures e reuniu os actores Lucille Ball, James Craig, Cedric Hardwicke, Dean Jaegger, Antpnio Moreno e outros à volta da história de um batedor do exército, que decide tomar partido pelos índios que, em princípio, ele deve combater. Esta fita a preto e branco, tinha uma duração de 84 minutos. Foi a propósito de Lucille Ball (uma das estrelas hollywoodianas dos anos 40) que uma das personagens desta fita pronunciou a curiosa frase (reproduzida na contracapa do videograma) : «Só há duas maneiras de lidar com as mulheres e ninguém sabe quais são». A capa acima reproduzida é a do DVD comercializado no Brasil. Mil desculpas, mais uma vez, por este lamentável lapso.

A OPERETA «ROSE MARIE» NOS ECRÃS DE CINEMA

A primeira adaptação cinematográica da opereta «ROSE MARIE» -que fizera sucesso nos palcos da Broadway em meados da terceira década do século XX- ocorreu em 1928, quando Lucien Hubbard realizou -por encomenda da M.G.M.- uma fita (obviamente muda) que teve Joan Crawford e James Murray nos papéis principais. Nunca tive o ensejo e ver esta película, que está, aliás, dada como desaparecida. Dela subsistem, apenas alguns cartazes e outro material publicitário do tempo. Em 1928, este filme mudo era, naturalmente, acompanhado por uma orquestra, que reproduzia as músicas originais da peça. Este filme era exibido com intertítulos e tinha uma duração de 70 minutos.
Em 1936, «ROSE MARIE» foi, de novo, levada aos écrãs de cinema -outra vez por conta da Metro Goldwyn-Mayer- graças a uma realização de W. S. Van Dyke. Essa fita (com 102 minutos de duração) teve por base um 'libretto' de Frances Goodrich e de Albert Hackett e a sua partitura musical tinha assinaturas de Rudolf Friml e de Herbert Stothart. Os principais papéis desta fita, com fotografia a preto e branco, eram desempenhados por Jeanette MacDonald e por Nelson Eddy. Vi esta película há muitos anos na TV francesa, provavelmente no quadro de uma emissão do tipo 'Cine Clube'.
No ano de 1954, a Metro Goldwyn-Mayer voltou a fazer nova versão de «ROSE MARIE», propondo, dessa vez, uma luxuosa película colorida e em cinemascope, que Mervyn LeRoy realizou. O par vedeta era formado pela bela e delicada Ann Blyth e por Howard Keel. A história contada (comum aos três filmes citados, mas com algumas diferenças) é a dos amores da bela Rose Marie por Bruce, um garboso sargento da Real Polícia Montada do Canadá. Embora fora de moda, é com muito gosto que aqui evoco um subgénero que também teve o seu lugar no cinema western. E que até granjeou -sobretudo entre os anos 30 e a década de 50- muitíssimos adeptos. Basta saber do sucesso que teve, entre outras, uma película como «Sete Noivas para Sete Irmãos»... Ainda relativamente a «ROSE MARIE», quero dizer que, das duas versões sobreviventes, só a dirigida por Mervyn LeRoy (que, lembramos, também foi o realizador do monumental «Quo Vadis») me é familiar. Até porque foi a única que mereceu uma reprodução em DVD. Nomeadamente no Brasil, onde a respectiva cópia foi editada pela Classic Line com legendagem em língua portuguesa. Refiro que esta derradeira versão de «ROSE MARIE» (115 minutos) se distinguiu pelo facto de apresentar novas músicas e melodias inéditas.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

PACIÊNCIA


Numa paisagem invernal, dominada por altaneira montanha, três cavalos aguardam, pacientemente, que os seus donos (três vaqueiros, sem dúvida) terminem -na cabana iluminada- o seu café e, quiçá, uma partida de cartas. O facto das montadas se encontrarem devidamente ajaezadas significa que a espera não será longa... Esta bonita tela -que evoca um provável recanto das Rochosas- é da autoria do artista Gary Lynn Roberts, que lhe deu o título original de «Patience».

«SETE DIAS DE PERSEGUIÇÃO»


«SETE DIAS DE PERSEGUIÇÃO» («The Command») é um excelente western militar, que ficámos a dever ao cineasta David Butler. Produzido para a Warner Brothers, conta a história de um oficial médico, que, aquando de uma saída da sua unidade de cavalaria para executar uma missão em território dos pele-vermelhas, se vê constrangido (depois da morte de todos os outros oficiais) a assumir o comando da tropa em campanha. Isso, numa situação militar melindrosa, que se vai complicar com o aparecimento de um surto de vericela numa caravana sob escolta. Realizado em 1954, «SETE DIAS DE PERSEGUIÇÃO» foi 'estrelado' (como dizem os brasileiros)  pelo garboso Guy Madison, pela bonita Joan Weldon e pelo veterano James Whitmore. Este último teve uma apreciável interpretação no papel de um sargento, inicialmente perturbado por ver um impreparado maçarico exercer o comando -que devido ao seu conhecimento do terreno e à sua experiência de chefia deveria ter-lhe sido confiado- mas que acabará por, disciplinadamente, aceitar a situação e por colaborar com um oficial que é, afinal, mais competente e mais corajoso do que ele imaginava...
Esta fita foi a primeira da Warner a ser filmada em CinemaScope e pôde beneficiar de outra técnica então pouco comum : o som estereofónico. A fotografia colorida de Wilfrid Cline é, também ela, excelente, assim como a música de fundo, que é da autoria do consagrado compositor e maestro Dimitri Tiomkin. De notar ainda que esta singular história foi inspirada por uma novela de James Warner Bellah, adaptada ao cinema por Russell Hugues e por Samuel Fuller. A duração desta película (que ainda não mereceu a atenção dos editores de vídeo, vá lá saber-se porquê ?) é de 88 minutos.
Títulos : no Brasil «Sob o Comando da Morte»; em Espanha «Retaguardia»; em França «La Poursuite Dura Sept Jours». Curiosidade : David Butler, que realizou uma boa centena de filmes, raramente dirigiu fitas do género western. Destas, as mais famosas foram, sem dúvida, «Santo António, Cidade sem Lei» (com Errol Flynn) e «As Diabruras de Jane» (com Doris Day).

«A MARCA DO TERROR»


Baseado num romance de Elmore Leonard, «A MARCA DO TERROR» («The Tall T») entra naquele lote de muito bons westerns que Budd Boetticher realizou nas décadas de 50/60 do passado século, com o concurso de Burt Kennedy (guionista), Randolph Scott (actor) e Harry Joe Brown (produtor). «A MARCA DO TERROR» (fita datada de 1957, mas que só teve estreia em Portugal -no cinema Olímpia, de Lisboa- a 7 de Abril do ano seguinte) não tem a qualidade de «Entardecer Sangrento» (1957), de «O Homem que Luta Só» (1959), de «Emboscada Fatal» (1960); ou, ainda, de «Sete Homens para Matar» (de 1956), este pertencente a um outro ciclo de fitas, visto ter sido produzido pela Batjac, a sociedade produtora de John Wayne. Mas, «A MARCA DO TERROR» é, ainda assim, uma fita bastante interessante. Primeiramente, graças à 'performance' dos actores contratados, que foram, para além do indispensável Randolph Scott, profissionais tão competentes quanto o eram Maureen O'Sullivan, Richard Boone, Arthur Hunnicutt, Skip Homeier ou Henry Silva. Depois, pela sua própria trama, que nos oferece uma boa dose de 'suspense'. O argumento conta-nos a captura de um pequeno rancheiro do Oeste, que é sequestrado ao mesmo tempo do que uma abastada herdeira. Mulher pela qual uma perigosa quadrilha de malfeitores pretende obter um avultado resgate. Depois de uma série de peripécias, que põem a sua vida e a da sua casual companheira em perigo, o ganadeiro vai preparar um ardil que lhe permite vencer os bandoleiros. Mas a luta será de morte... «A MARCA DO TERROR» (filme em excelente colorido) foi distribuído pela companhia Columbia Pictures. Já tem edição videográfica em grande parte dos países da Europa ocidental (em França, em Espanha e na Grã-Bretanha, por exemplo). Os coleccionadores portugueses esperam que, qualquer dia, essa sorte também lhes bata à porta.
Esta foto mostra Randolph Scott (que na fita representa o papel de Pat Brennan) e Maureen O'Sullivan (que encarna a figura de Doretta) numa cena de «A MARCA DO TERROR». Scott foi um dos comediantes preferidos de Budd Boetticher; que também tinha nesse carismático 'westerner' um fiel suporte financeiro, já que Scott (um dos actores mais ricos de Hollywood) se associava sempre (ou quase sempre) à produção dos filmes que protagonizava. Maureen O'Sullivan já era uma estrela consagrada quando integrou o elenco deste western. Com efeito, a sua interpretação do papel de Jane nos filmes de Tarzan -ao lado do atlético Johnny Weissmüller- valeu-lhe uma indesmentida popularidade.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

VER (OU REVER) «WICHITA»

Ontem apeteceu-me ver (ou melhor, rever) «WICHITA», uma película realizada em 1955 pelo cineasta franco-americano Jacques Tourneur. A figura central da fita (encarnada por Joel McCrea) é a de Wyatt Earp; que, aqui, vai pacificar (como reza a lenda westerniana) a cidade-título, que foi, no último quartel do século XIX, ponto de encontro obrigatório de todos os 'cowboys' do Texas. Vaqueiros que ali conduziam -em pleno coração do Cansas- imensas manadas de bovinos, destinados aos lucrativos mercados do leste. «WICHITA» não trouxe nada de novo à imagem do famoso representante da autoridade, já então cimentada (e enfeitada) por várias outras películas do género. Hoje sabe-se que essa imagem de homem impoluto é uma fraude e que o herói de tantas e tantas fitas hollywoodianas nunca foi o justiceiro exemplar que dele fizeram o cinema e a literatura de cordel. Sabe-se que viveu, essencialmente dos jogos de batota e que teve (até quase ao fim da sua vida) negócios tão indecentes como o da prostituição. Que -tal como a venda de álcool- eram imorais, mas perfeitamente legais. Isto dito, quero reafirmar que, em relação à saga westerniana, eu sou como aquele jornalista de «O Homem que Matou Liberty Valance» que sentenciava : «quando a lenda é mais agradável do que a realidade, imprima-se a lenda».
Sem ter a pujança de «A Paixão dos Fortes» (de Ford) ou, até mesmo de «Duelo de Fogo» (de Sturges), «WICHITA» é um filmezinho agradável de se ver; nem que seja só, e apenas, pela prestação do já referido Joel McCrea e de actores certinhos no seu trabalho, como aqui estiveram Vera Miles, Lloyd Bridges, Keith Larsen (este no papel de Bat Masterson), Peter Graves e mais alguns outros. O DVD com cópia desta película -legendada em português- foi editado pela Cine Digital e está à venda nas lojas da especialidade, mas também na Fnac, El Corte Inglés, etc. ///////////////// Curiosidade : no Brasil, este western intitula-se «Choque de Ódios». E em França, país onde o vi pela primeira vez, chama-se «Un Jeu Risqué».

terça-feira, 27 de novembro de 2012

SUPER REVÓLVER

Contemporâneo dos Colts 45 e dos Remington da Guerra Civil (cujos carregadores continham 6 munições), este revólver, de marca indefinida (mas de provável origem belga), possuía um tambor concebido para receber 12 projécteis; que esta singular arma podia disparar a boa cadência. Isso, para grande surpresa, naturalmente, de quem estivesse em frente do seu utilizador. O problema não estava no seu manuseamento, mas no excessivo volume do seu dispositivo giratório de armazenamento de munições, que impedia usá-lo num coldre normal. Mas, que grande espiga !...

/////////////////////////// Na foto ao lado, vêem-se perfeitamente os alvéolos destinados a receber as balas usadas por esta arma muito pouco comum. Repare-se, também (no canto superior esquerdo da imagem), na vareta extractora de cartuchos vazios.

A LEI DAS SÉRIES : «HONDO»


Esta série televisiva surgiu nos Estados Unidos em 1967 com a marca do canal ABC. Inspirada na longa-metragem de mesmo título, realizada em 1953 por John Farrow, «HONDO» só comportou 18 episódios, incluindo o piloto («Hondo and the Apaches»), que teve uma duração de 92 minutos e que chegou a ser projectado nas salas de cinema. Tendo, todos os demais, a duração de 1 hora, aproximadamente. O papel de Hondo Lane (imortalizado no cinema por John Wayne) foi atribuído, nesta série, ao actor Ralph Taeger. Que se saíu muito bem da espinhosa incumbência de substituir o 'Duke'. A principal figura feminina da série em apreço era Angie Dow, cujo papel foi interpretado pela actriz Kathie Browne. A incarnação do chefe Apache Vittorio coube ao conhecido actor secundário Michael Pate. E a grande curiosidade foi a presença, em vários episódios, de Robert Taylor. Que aqui se apresentou com o estatuto de vedeta convidada ('guest star'). A acção desta série decorre (tal como no filme que lhe serviu de modelo) no sudoeste dos 'states' em plena guerra contra os Apaches, a nação mais belicosa dessa região da Fronteira.
Pena é que esta muito boa série da TV nunca tenha merecido, na Europa, uma edição em DVD. Tanto mais que, devido ao reduzido número de episódios, era muito fácil realizar esse desejo de todos os amadores do género. Recordo-me de ter visto esta série (na sua integralidade) num dos canais da televisão francesa (talvez o 1º) em data indeterminada dos anos 70. (As fotos mostram, em cima, uma cena de acção de «Hondo» e, em baixo, Ralph Taeger e Robert Taylor numa sequência mais pacífica da série).

«RETURN OF A BLACKFOOT WAR PARTY»


Esta bonita tela (na realidade, um fragmento) intitula-se «Return of a Blackfoot War Party». É da autoria do pintor norte-americano Frederic Remington, que foi um dos grandes artistas que consagraram o essencial da sua obra à temática do Oeste bravio. Que ele ainda conheceu (e percorreu) em vida. Já tive, aliás, o ensejo de referir (brevemente) neste blogue a importância da sua brilhante carreira de artista plástico e de pintor. Que ele cumulou com a de cronista, escrevendo relatos das suas viagens para vários jornais do seu tempo.

NOVAS CÓPIAS DVD E 'BLU-RAY' DO FILME «A CAMINHO DO OREGON»

Embora não tenha recebido grandes aplausos do público, nem granjeado críticas favoráveis, a verdade é que esta fita de Andrew V. McLaglen (de 1967) tem algumas indesmentíveis qualidades. A começar pela excelente fotografia de William Clothier. O filme é visualmente muito bonito, mas também contém uma envolvente humana notável, com figuras tão interessantes como a do megalomaníaco senador Tadlock (Kirk Douglas), que ambiciona fundar uma cidade ideal no Oregon, destino final da caravana que ele dirige com mão de ferro. Acho que as severas apreciações sobre esta película nem sempre primaram pela justiça e que «A CAMINHO DO OREGON» («The Way West») vale mais (mas muito mais) do que aquilo que sobre ele foi dito e escrito de maneira algo deselegante.
De qualquer modo, a última análise fica por conta dos cinéfilos, nomeadamente portugueses, que já podem adquirir está obra; que está à venda nas lojas especializadas, com legendagem portuguesa, numa edição da Cine Digital. Ou, em dupla edição (DVD ou 'Blu-ray'), para aqueles que dominem bem as línguas inglesa e/ou francesa nos discos agora comercializados, em terras da velha Gália, pela imprescindível Sidonis-Calysta. Curiosidade : no Brasil, país onde também já foi editada uma cópia DVD, «A CAMINHO DO OREGON» intitula-se «Desbravando o Oeste». Em Espanha esta fita denomina-se «Camino de Oregón» e está, igualmente, disponível para venda aos amadores de westerns e outros cinéfilos.

«HONRA A UM HOMEM MAU»

«HONRA A UM HOMEM MAU», estreado em 1956, foi o terceiro e último western realizado por Robert Wise. E foi também, sem dúvida, o melhor de todos eles (*). Produzido para a companhia M.G.M., esta película beneficiou das virtudes do TechniColor e do Cinemascope, além de alinhar um par de actores verdadeiramente excepcional : James Cagney e Irene Papas. «HONRA A UM HOMEM MAU» (que eu tive o prazer de ver no cinema do meu bairro barreirense em finais dos anos 50), conta-nos a história de Jeremy Rodock (Cagney), um rico e irascível rancheiro, que não hesita aplicar a perversa Lei de Lynch na região que ele domina. Até ao dia em que aparecem na sua vida Jocasta (Irene Papas), por quem ele se apaixona perdidamente e o jovem Steve (Don Dubbins), que lhe salvou a vida... Mais drama psicológico do que verdadeiramente filme de aventuras, esta fita marcou muito positivamente o western da década em que o género se tornou adulto (na opinião de muitos críticos) e ganhou, definitivamente, o seu labéu de qualidade. Possuo uma cópia deste filme gravada da televisão. Que não tem, obviamente, a qualidade desejável. Daí esperar, desesperadamente, que um dia por aqui se edite um bom DVD da película em causa. Sei da existência, em França, de uma excelente cópia, mas a sua edição resta limitada e quase confidencial. O que é pena...
///////////////////// (*) Os outros dois westerns realizados por Robert Wise foram «Céu Vermelho» («Blood in the Moon»), estreado em 1948, e «Entre Dois Juramentos» («Two Flags West»), de 1950.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

«O FILHO DO SOL»

Cartaz belga de «O Filho do Sol» - O título belga francófono («Le Dernier des Peaux-Rouges») foi o mesmo utilizado em França. E o título brasileiro é idêntico ao usado em Portugal. Uma vez não é costume...
«O FILHO DO SOL» («Last of the Redmen») conta uma história livremente inspirada no popular romance de Fenimore Cooper «O Último dos Moicanos». Cuja acção decorre, como todos se lembram, no Canadá do século XVIII, durante a guerra entre Britânicos e Franceses (que disputavam a posse desse vasto território da América septentrional); europeus que chamaram às suas fileiras e envolveram nesse sangrento conflito algumas nações autóctones da região dos Grandes Lagos. Este filme -realizado em 1947 pelo já experiente George Sherman- contou, entre os seus principais intérpretes, actores como Jon Hall, Michael O'Shea, Evelyn Ankers,Julie Bishop e Buster Crabbe, que, nesse tempo, desfrutavam de grande popularidade junto do público dos 'states', mas não só.
Recordo-me da cópia VHS desta fita ter sido editada em Portugal(em finais dos anos 90, ou por aí) numa colecção comercializada pela Fnac. Eu até a cheguei a adquirir, tendo-a conservado (depois da extinção das K7's), penso eu, num recôndito e inacessível lugar da minha cave. E esperei (em vão, diga-se de passagem) que essa raridade merecesse, um dia, o favor de uma reedição sobre suporte DVD. Soube, há dias, que esse passo já foi dado nos Estados Unidos e também no Brasil, países onde os coleccionadores são felizes. Por cá, e por não sermos pessimistas, vamos continuar à espera... ///////////////////////////////////////////////////////////////////////////////// Esta foto de uma das personagens da fita em apreço demonstra que os colonizadores da América do norte transferiram para o Novo Mundo a moda da 'guerra com punhos de renda'. Expressão que não significa ausência de ferocidade. Antes pelo contrário...

ABBOTT & COSTELLO OU A VÃ GLÓRIA DE REPRESENTAR

Abbott e Costello formaram -quando eu era menino- uma famosa parelha de actores cómicos. Estes comediantes estão, hoje, completamente esquecidos... Aposto (dobrado contra singelo) que se interrogar, agora, 100 cinéfilos portugueses, somente dois ou três deles terão uma vaga ideia de quem foram eles e o que fizeram na sua vida de profissionais do cinema. É assim a fama no mundo do espectáculo : bafeja eternamente alguns bem-aventurados e esquece-se da maioria daqueles que o serviram. Com graça, como Bud Abbott (1898-1974) e Lou Costello (1906-1959); que, como o demonstra a fotografia anexada a este texto, também se aventuraram no vastíssimo e diversificado universo dos westerns... A fotografia publicada foi extraída da película «Abbott e Costello e a Viúva Alegre» («The Wistful Widow of Wagon Gap»), realizada (em 1947) por Charles T. Barton.

MAIS UM URSO CINEMATOGRÁFICO...

Aqui há dias referi, neste blogue, alguns filmes de temática western que ofereceram o vedetariado (ou um papel importante) aos 'grizzlies', os corpulentos e temíveis ursos pardos das Montanhas Rochosas. Esqueci-me, porém, de um deles. Talvez pelo facto de nunca ter tido a ocasião de o ver no cinema, ou na TV, ou no vídeo. Pelo menos não me lembro disso. Trata-se de «KING OF THE GRIZZLIES», uma produção dos estúdios Walt Disney estreada no ano de 1970. Esta fita, que conta a história de uma amizade vivida entre um rapazito e um desses gigantescos ursídeos, foi realizada pelo quase anónimo cineasta Ron Kelly. É uma daquelas películas reservadas às famílias e que têm por heróis crianças e animais. Geralmente filmadas em plena Natureza, essas fitas exaltavam a relação amistosa entre humanos e bichos e faziam correr muitas lágrimas; apesar do 'happy end' ser de rigor. Algumas delas são, no entanto, visualmente muito bonitas e nada de desprezar. De todo ! Até porque essas fitas cumpriram, muitas vezes, um papel didáctico importante no domínio do nosso relacionamento com os animais e do respeito com que devemos lidar com o meio ambiente. E os estúdios Disney foram, nesse aspecto, exemplares. Estou a lembrar-me, por exemplo, de películas como «Old Yeller» (1957),  como «Savage Sam» (1957), como «Nikki, Wild Dog of the North» (1961) ou como «The Legend of  Lobo» (1963). Para além, obviamente, do já referido «KING OF THE GRIZZLIES»...

«A PENA BRANCA»

Quando se fala de westerns anti-racistas, nos quais os ameríndios representam um papel de povo nobre, merecedor de respeito, citam-se, invariavelmente, «A Flecha Quebrada» («Broken Arrow») ou «O Caminho do Diabo» («Devil's Doorway»). Com alguma justiça, aliás, já que essas obras de Delmer Daves e de Anthony Mann (ambas datadas de 1950) se contam entre as primeiras películas que concederam alguma dignidade aos povos autóctones da América do norte, tentando oferecer, ao grande público, a imagem de gente que -com muito pundonor e com muita bravura- se bateu contra a invasão dos colonos brancos, para defender os seus territórios ancestrais e neles preservar um modo de vida e uma cultura originais. Luta que não resultou, como é sabido, já que, depois dos massacres inauditos perpetrados por uma nação 'civilizada', os últimos sobreviventes da resistência pele-vermelha foram despojados das suas terras e atirados -pelos vencedores de uma guerra desigual e sangrenta, que durou até finais do século XIX- para áreas reservadas, tão infâmes como qualquer outro campo de concentração. Hoje e aqui, quero lembrar uma outra esplêndida fita dos Anos de Ouro hollywoodianos, que, tal como as precedentes, também assumiu a responsabilidade de devolver aos Índios do Oeste americano a respeitabilidade que a História lhes deve. Trata-se de «A PENA BRANCA» («White Feather»), um western produzido para a companhia 20th. Century-Fox em 1955 e que tem a assinatura do realizador Robert D. Webb. Cineasta que, com este filme, nos ofereceu um trabalho notável pela sua sensibilidade e pela maneira justa com que abordou a questão do declínio da nação Cheyenne. «A PENA BRANCA», que se recomenda, embora nunca tenha sido editada (que saibamos) nenhuma cópia videográfica com legendagem em língua portuguesa, teve, curiosamente, o já acima referido Delmer Daves como co-guionista (o outro foi Leo Townsend) e foi filmada em primoroso colorido. O trio de actores principais é formado por Robert Wagner, Debra Paget e Jeffrey Hunter. A história contada é a de um jovem agrimensor encarregado -por um grupo de negociantes de St. Louis- de explorar o terreno à volta de Fort Laramie, para ali construir uma cidade. Mas, reina no território um verdadeiro clima de guerra, que o incita a contactar as últimas tribos insubmissas do Wyoming para assinar, com elas, um tratado de paz duradoura, que devolva a tranquilidade àquela região. O problema principal de Josh Tanner (Wagner) é causado pela ambição desmedida dos colonos brancos, que cobiçam o ouro do território índio e que estão dispostos a sabotar todo o seu trabalho de aproximação aos Cheyennes e prontos para desencadear uma inoportuna guerra. E a situação vai complicar-se um pouco mais, quando o homem de boa vontade que é Josh se enamora de Appearing Day (Debra Paget), uma formosa princesa pele-vermelha, irmã do guerreiro Little Dog (Hunter)...
Belíssimo filme a valer 5 merecidas estrelas. E, já agora, a merecer, também, que os editores videográficos deste país estejam mais atentos à qualidade de fitas como esta. Que já deveriam estar gravadas num DVD com a respectiva legendagem na nossa língua. O meu DVD é de origem francesa; e, como não podia deixar de ser, foi editado pela indispensável firma Sidonis-Calysta, cujos méritos nunca nos cansaremos de exaltar neste blogue. (O cartaz de topo é de origem belga).

domingo, 25 de novembro de 2012

MAQUETISMO : DILIGÊNCIA 'CONCORD'

Assim chamada por ter sido concebida e construída numa cidadezinha do estado de New Hampshire com idêntico nome, a diligência 'Concord' deve grande parte da sua popularidade ao western «Cavalgada Heróica», realizado em 1939 por John Ford. Mas também, numa menor escala, a outros filmes do género, tais como «O Correio do Inferno» (Hathaway, 1951), «Luta Sem Tréguas» (Boetticher, 1959), «Alvorada do Furor» (Claxton, 1964), «Cavalgada das Paixões» (Douglas, 1966) ou «Noite de Violência» (Lavem, 1967). Isto para citar só aquelas fitas que, de momento, acodem à minha memória de cinéfilo. A 'Concord' foi a melhor carruagem que alguma vez percorreu as trilhas poeirentas do Oeste americano. Melhor, porque era a mais elegante, a mais rápida e a mais confortável de todas. A imagem cinematográfica mostra, geralmente, este veículo de tracção animal puxado por três parelhas de fogosos cavalos. Mas, ao que parece, os seus postilhões preferiam atrelá-lo a igual número de mulas; animais menos vistosos, é certo, mas cuja rusticidade se adaptava melhor aos difíceis percursos do Texas, do Arizona ou (entre muitos mais) da Califórnia. Mas este 'post' tem como objectivo apresentar aos westerno-maquetistas o 'kit', em madeira, de uma magnífica diligência 'Concord' proposto, aos interessados, pela reputada marca espanhola Artesanía Latina; que oferece aos amadores deste 'hobby' um modelo particularmente bem sucedido, que a acima mencionada firma lançou no comércio em 2010. É ainda de referir, que este modelo (para montar) foi executado à escala 1/10, custa cerca de 130 euros e pode ser adquirido em vários 'sites' da Internet ou em certas lojas da especialidade. Em Portugal, como no resto da Europa. Eu já tive a oportunidade de ver este 'kit' terminado e posso garantir que o dito é de categoria excepcional. Até a nível dos mais ínfimos detalhes. Quero dizer, finalmente, que esta marca (à qual faço aqui publicidade desinteressada) tem também nas suas colecções a réplica miniaturizada de um carroção de pioneiros do tipo 'Conestoga'. Igualmente de grande perfeição !
Esta foto mostra uma magnífica diligência 'Concord' (réplica ou original restaurado ?) com as cores da companhia Wells-Fargo, uma das firmas que a utilizou em larga escala nos finais do século XIX. Assim, à primeira impressão, parece-me o veículo que eu vi e admirei (em 1999), sem o poder fotografar, numa das grandes montras do banco Wells-Fargo de San Francisco. Será o mesmo ? -De qualquer modo, trata-se de um exemplar de rara beleza. Que se pode ver melhor clicandona imagem.

A LEI DAS SÉRIES : «PROCURA-SE MORTO OU VIVO»

Esta série televisiva -que é composta por 94 episódios- apareceu em 1958 e prolongou-se, aquando da sua primeira exibição, até 1961. Foi produzida para o canal norte-americano CBS, tinha fotografia a preto e branco e cada episódio durava 30 minutos. O herói de «PROCURA-SE MORTO OU VIVO» («Wanted : Dead or Alive») foi o jovem Steve McQueen (ex-campeão do mundo de desportos mecanizados), que a partir da divulgação e do enorme sucesso desta série nos 'states', na Europa e em diversas outras regiões do planeta, passou a gozar de uma popularidade extraordinária, vendo o seu estatuto de actor alçar-se ao mais alto nível. Ao do estrelato !  Steve Queen interpretava aqui o papel de um caçador de recompensas (profissão arriscada e pouco simpática), que dominava as suas presas graças à sua persistência, à sua argúcia e à utilização de uma curiosa arma : uma Winchester amputada do seu longo cano e de parte substancial da sua coronha. Assim reduzida, a arma (de 15 tiros) era usada à ilharga, aconchegada num coldre-cartucheira especial. Mas, Josh Randall (nome da personagem principal da série) não é, como a quase generalidade dos seus colegas de ofício, animado pela ideia exclusiva de ganhar dinheiro. O homem tem um verdadeiro sentido da justiça e é sensível à sorte dos mais necessitados (por quem distribui, muitas vezes, o dinheiro recebido pelas capturas) e está sempre disposto a ajudar alguns daqueles que ele persegue e que, afinal, são vítimas dos abusos de leis cegas e discriminatórias. Ou que, culpados, demonstrem uma vontade sincera em reabilitar-se. Pelas suas qualidades humanas, Randall captou, assim, a admiração e o apego de muitos milhões de tele-espectadores, que acabaram por fazer de «PROCURA-SE MORTO OU VIVO» uma série-culto.
Como era hábito nesse tempo, «Wanted : Dead or Alive» recorreu a inúmeras 'guest stars', tais como James Coburn, Warren Oates, Michel Landon, Noah Beery Jr, Luana Patten e muitas outras mais. Toda a série está gravada (nomeadamente no nosso país) em DVD's. Eu tenho a integral desta obra, que marcou os meus verdes anos de devorador de imagens telecinematográficas.

sábado, 24 de novembro de 2012

UM CERTO JOHNNY PORTUGAL


Adquiri, há poucos dias, pela módica quantia de 12 euros (mais uns cêntimos), uma magnífica cópia 'blu-ray' do filme «O PASSADO NÃO PERDOA» («The Unforgiven»), que o competente John Huston realizou em 1960. E que tem, nos três principais papéis, os actores Burt Lancaster, Audrey Hepburn e Audie Murphy; além de contar com a presença de outros brilhantes comediantes, tais como Lilian Gish, Charles Bickford, Albert Salmi e (entre outros mais) John Saxon. Este último actor interpreta, no filme em questão, o papel de Johnny Portugal, que é um homem enigmático, de tez morena (que faz desconfiar os anglos), com longos cabenos compridos (que ele usa à maneira dos índios do sudoeste) e armado com um perigoso facalhão; que ele esgrime com alguma maestria. Portugal é um dos empregados da família Zachary e, no dizer de Ben, o chefe de família, é «o melhor domador de cavalos de todo o Texas». Sem ser uma das personagens fulcrais da história contada pela fita, Johnny Portugal -que é vítima da xenofobia de Cash- tem a sua importância nos acontecimentos dramáticos que se vão desenrolar durante as duas palpitantes horas de duração deste filme. É ele o único vaqueiro a ousar lançar um olhar interessado à jovem Rachel (amor secreto do seu 'irmão' Ben) e a esboçar um gesto que lhe merece um violento soco do seu ciumento patrão. E é também ele que -na sua condição de emérito cavaleiro- se lança na perseguição do homem que revelou as origens Kiowas da deliciosa Rachel Zachary. Inconfidência que vai dilacerar a sua família adoptiva (os Zachary) e atrair sobre ela os demónios do ódio racista dos seus vizinhos e a fúria devastadora dos pele-vermelhas. Johnny Portugal é, pois, uma personagem de modesto destaque, mas que, curiosamente, eu nunca cheguei a olvidar... Talvez o nome, que evoca o país onde eu nasci, tenha sido determinante para que eu nunca esquecesse esse papel de John Saxon.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

INSIGNE FREDERIC REMINGTON


Frederic Remington (1861-1909) foi um dos mais insignes artistas norte-americanos do seu tempo. Além de pintor, ilustrador, escultor e cronista, Remington foi também um infatigável viajante, que percorreu todo o Oeste americano (mas não só), onde encontrou a inspiração para grande parte da sua obra. Pintou e/ou desenhou cowboys, exploradores, militares, personagens ligadas à história do Far West, povos ameríndios, cenas da vida quotidiana dos pioneiros e dos autóctones, batalhas e escaramuças entre brancos e pele-vermelhas, paisagens, etc, etc. A sua obra (vastíssima) está espalhadas por inúmeros museus e por ricas colecções particulares.
Filho de um veterano da guerra civil, originário do estado de Nova Iorque, Frederic frequentou um colégio militar, onde se distinguiu, especialmente, a desenhar caricaturas dos seus colegas e professores. Estudou artes na universidade de Yale, mas abandonou o curso. Aos 19 anos de idade fez a sua primeira viagem aos territórios do Oeste, passando algum tempo no Montana. Começou, então, a colaborar com jornais da costa leste, que publicaram as suas crónicas e desenhos. Pareceter sido co-proprietário de um 'saloon' por volta de 1884; que foi o ano do seu casamento. Com responsabilidades familiares, Remington começou a desenhar e a pintar com maior regularidade e com mais afinco, impondo-se rapidamente no mundo artístico.
De regresso a Nova Iorque, o artista passou a colaborar com os famosos «Collier's» e  Weekly Harper», que deram a conhecer a sua obra em todos os Estados Unidos. Quando faleceu em 1909 (com 48 anos de idade e em plena glória), Frederic Remington era um artista consagrado e respeitado no mundo inteiro. E as suas obras aí estão para atestar os seus dons de artista de grande sensibilidade, que ainda foi testemunha do fim da Fronteira; época de fins do século XIX, que viu os pioneiros e os seus filhos a realizar a conquista de um vasto espaço territorial que pertencera, outrora, à raça vermelha; que o artista respeitou e perenizou nos seus desenhos, nas suas telas, nas suas esculturas. /////// Títulos da obras que ilustraram este texto : «The Scout : Friends or Enemies ?» (tela) e «Bronco Buster» (escultura).

EDIÇÃO DE WESTERNS EM ESPANHA


No passado fim-de-semana fui dar mais uma volta a Badajoz. Uma cidade importante da Extremadura espanhola, que se encontra a 1 hora de automóvel da aldeia do Alto Alentejo onde resido. Para encontrar de tudo, essa cidade é uma alternativa interessante a Lisboa, cuja distância da minha terra é o dobro em número de quilómetros e... em litros de gasolina. Confesso que, quando me desloco àquela cidade raiana banhada pelo rio Guadiana, é (também) com o intuito de ali adquirir DVD's com cópias de westerns que nunca foram editados em Portugal. A maioria desses filmes não é legendada em português, mas eu entendo perfeitamente (sem me gabar) o castelhano, sobretudo escrito. E, assim sendo, tenho por hábito ver as ditas películas em V.O. e de recorrer à legendagem na língua de Cervantes. E estou satisfeito ! Estou contente com o resultado obtido (uma boa compreensão do que dizem as personagens das fitas) e também com os preços praticados naquele país vizinho. Só assim me é possível, aliás, conciliar a minha magra pensão de reforma com a legítima ânsia de ampliar a minha colecção de cinema western. Com fitas 'made in Hollywood', naturalmente, pois os produtos locais ('made in Almeria') ou resultantes de parcerias hispano-italianas não me interessam minimamente. Desta vez, comprei (por apenas 8,29 euros !) uma edição 'Blu-ray' de «UN HOMBRE LLAMADO CABALLO» («A Man Called Horse» = «O Homem a Quem Chamaram Cavalo», de Elliot Silverstein, 1969) e cópias DVD de quatro raridades : «LA CARGA DE LOS INDIOS SIOUX» («The Great Sioux Uprising» = «Fúria Selvagem», de Lloyd Bacon, 1953),  «EL EXPLORADOR DE LA FRONTERA» («Quincannon, Frontier Scout», de Lesley Selander, 1956 ), «LA SENDA DEL TOMAHAWK» («Tomahawk Trail», de Lesley Selander, 1957) e ««LOS REBELDES DE KANSAS» («The Jayhawkers» = «Senda de Gigantes», de Melvin Frank, 1959). Uma sorte ter Espanha aqui por perto, para poder beneficiar de preços que, para nós, parecem de favor, tal a carestia da vida em Portugal; nomeadamente nas regiões do interior, onde os salários são realmente mínimos e as pensões de reforma (que deveriam recompensar uma vida inteira de trabalho, de dedicação, de sacrifícios) são um verdadeiro escândalo. Mas, temos que, resignadamente (até quando ?), aceitar isto. Porque o dinheiro que nos sacam serve para assegurar o bem-estar (desculpem o eufemismo e, já agora o desabafo) de toda uma cambada de governantes gulosos e incompetentes, que andam a arruinar esta velhinha (quase milenar) nação que é a nossa. Eles sim, vivem acima das possibilidades do país ! -E não quem produziu riqueza durante décadas e que está agora a sobreviver com migalhas. Este palavreado tem mesmo a ver com aquela nossa máxima que diz : «as palavras são como as cerejas...». Enfim, para voltar à vaca fria, ou melhor ao assunto que serve de tema e que justifica a manutenção deste blogue, quero dizer, para terminar, que em Espanha se editam, todos os anos, várias dezenas de cópias de westerns; alguns raros como as acima enunciados. De vez em quando, publicarei aqui as referências de alguns deles e o interesse que têm para os apaixonados destas 'coisas'.

domingo, 11 de novembro de 2012

PROCURA-SE «O SEGREDO DA CAVERNA»


«O SEGREDO DA CAVERNA» («Cave of Outlaws») é uma fita colorida de William Castle datada de 1951. Conta a história de um tesouro roubado à companhia de transporte de fundos Wells-Fargo e escondido numa ignorada caverna do Arizona. Quinze anos mais tarde -aquando da libertação do único sobrevivente do golpe- muita gente acalenta a esperança de partilhar com o ex-presidiário o ouro misteriosamente desaparecido... Nunca vi este western e não tenho notícia de que exista uma cópia DVD do dito na Europa. Parece, no entanto, que, no Brasil (país onde esta película se intitula «O Segredo das Cavernas»), há pessoas com cópias gravadas da televisão... Não me importava de que alguém me vendesse (ou trocasse) uma dessas cópias, que permitiria saciar a minha curiosidade e enriquecer a minha colecção de 1 000 filmes do género. Este western tem, nos principais papéis, os actores MacDonald Carey, Alexis Smith, Edgar Buchanan e Victor Jory. Com 86 minutos de duração, «O Segredo da Caverna» é uma produção dos estúdios Universal Internacional.
Esta fita de William Castle foi rodada, em parte, no Parque Nacional das Cavernas de Carlsbad, no Novo México. Que se tornou, graças à sua grandiosidade, num dos pontos turísticos mais visitados do sudoeste dos Estados Unidos. Parece que essa maravilha natural transmitiu à película em apreço efeitos visuais verdadeiramente espectaculares.

PERIGOSO 'GRIZZLY'


O possante urso pardo das Montanhas Rochosas (Ursus arctos horribilis) é, porventura e desde sempre, o animal mais feroz da fauna norte-americana. Caçador solitário, o também chamado 'grizzly', não teme nada nem ninguém e, ainda hoje, faz vítimas entre os turistas (mas não só), que imprudentemente se aventuram no seu território. Animal de grande corpulência (um macho pode pesar até 380 kg), dotado de garras poderosas, o 'grizzly' vagueou, outrora, do Alasca até à fronteira mexicana. Hoje já não existe na Califórnia (estado que o usa -como símbolo- na sua bandeira) e está ausente de praticamente todo o sudoeste dos Estados Unidos.
O cinema western consagrou à ferocidade do urso pardo das Rochosas alguns filmes memoráveis. Assim, de repente, estou a lembrar-me de «O PIONEIRO» («The Night of the Grizzly», de Joseph Pevney, 1966), de «UM HOMEM NA SOLIDÃO» («Man in the Wilderness», de Richard Sarafian, 1971) e da extraordinária película «O URSO» («The Bear», de Jean~Jacques Annaud, 1988). Em todos ele transparecem sinais da sua extraordinária robustez, do seu grau de agressividade e do medo que este animal inspira aos humanos; que são, afinal e graças às armas que inventaram, os seus únicos predadores.
Os títulos brasileiros das películas acima referenciadas são, respectivamente, «Satã, o Urso Cinzento» (para o filme de Pevney), «Fúria Selvagem» (para o filme de Sarafian) e «O Urso» (para o filme de Jean-Jacques Annaud). O cartaz com o título «Le Convoi Sauvage» é de origem francesa e promove o filme com as aventuras (e a ressurreição) do caçador Zachary Bass, que o ataque, quase letal, de um gigantesco 'grizzly' transformou num outro homem. Recomendo vivamente a todos os westernófilos o visionamento desta extraordinária película (assim como o das outras), que conta com as excelentes participações de Richard Harris e de John Houston.

sábado, 10 de novembro de 2012

ONDE IMPERA A CONFUSÃO


Em 1952 foi estreado, tanto no Brasil como em Portugal, um western de Don Siegel -protagonizado por Audie Murphy- com o título original «THE DUEL AT SILVER CREEK». Teria sido fácil optar, nos dois países, por uma tradução literal do título norte-americano, o que daria qualquer coisa como 'Duelo em Silver Creek'. Os italianos fizeram-no, ao chamar a esta fita «Duelo al Rio d'Argento». Mas não foi o que aconteceuno espaço lusófono. No Brasil, esta fita acabou por chamar-se «ONDE IMPERA A TRAIÇÃO», enquanto, no nosso país, se optou pelo título de «A CIDADE DO PECADO».
No ano seguinte, em 1953, estreou-se, também nestas duas nações de língua portuguesa, uma fita do mesmo género, cujo título original era «COLUMN SOUTH». A realização dessa película era de Frederick de Cordova e o elenco artístico era encabeçado pelo mesmo Audie Murphy. No Brasil foi dada a esta última fita o título de «JORNADA SANGRENTA», enquanto em Portugal se lhe chamou... «ONDE IMPERA A TRAIÇÃO». Diante destes factos, só podemos 'felicitar' (provavelmente a título póstumo) os responsáveis por tão incoerente estado de coisas. É verdade que, tratando-se de dois países diferentes, até são normais opções distintas. O que admitimos perfeitamente. Mas não ao ponto de semear tamanha confusão no espírito dos pobres dos cinéfilos...

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

BARBARA STANWYCK, HEROÍNA DE WESTERNS

O universo do western é, essencialmente, masculino. Com alguma má fé, até poderíamos dizer que este género cinematográfico é, particularmente, machista. A verdade é que raros são os filmes ambientados no Oeste americano que têm por figura central uma mulher. Há, bem entendido, o emblemático caso de «Johnny Guitar», com Joan Crawford, e mais uns poucos; que se podem contar pelos dedos de uma mão... Curiosamente, quase todas essas honrosas excepções são protagonizadas pela actriz que hoje aqui queremos (muito brevemente) homenajear : Barbara Stanwyck. Da sua vasta filmografia western, estou a lembrar-me de «Aliança de Aço» (DeMille, 1939), de «Almas em Fúria» (Mann, 1950), de «A Rainha da Montanha» (Dwan, 1954), de «Homens Violentos» (Maté, 1955), «A Rainha do Mal» (Kane, 1956) ou de «Trooper Hook». Tenho cópias de todos estes filmes (e até de todos os outros westerns que aqui não cito) desta estimável artista. Que era uma mulher de carácter, como aliás transparece em muitos dos papéis que ela interpretou.
Gosto particularmente de «Almas em Fúria» -onde ela encarna a figura de Vance Jeffords, a herdeira rebelde de um poderoso e despótico rancheiro; que ela acaba por levar à ruína- gosto de «Homens Violentos» -onde Barbara, num dos seus melhores trabalhos de sempre, representa o papel da infiel e sôfrega Martha Wilkinson, que, para satisfazer as suas desmedidas ambições, não hesita em desencadear uma guerra contra os seus vizinhos- e gosto, também, de «A Rainha do Mal», onde o seu papel de quadrilheira, não é tão consistente como os que ela assumiu nas duas fitas referenciadas, mas que se destaca como a figura fulcral de uma película que tem fotografias de exteriores muito bonitas e uma música (de Victor Young) verdadeiramente sublime. Que viva Barbara ! ////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////
Cartaz francês do filme «Homens Violentos» («The Violent Men»). Nesta memorável película de Rudolph Maté (1955), Barbara Stanwyck interpreta um dos mais antipáticos papéis da sua carreira cinematográfica : o de Martha Wilkinson. O cartaz mostra os outros dois grandes comediantes do elenco : Edward G. Robinson (que na fita desempenha o papel de Lew, o marido deficiente e atraiçoado de Martha) e Glenn Ford, no papel de um jovem rancheiro, que, apesar de enamorado da filha dos Wilkinson, está decidido a não se deixar esbulhar das suas terras e dos seus direitos de cidadão. E que vai lutar até à morte (dos seus rivais) para preservá-los.

A LEI DAS SÉRIES : «THE OUTCASTS»


Ignoro se esta série foi programada pela TV portuguesa. Eu conheci-a em França, através do então 2º canal da extinta O.R.T.F., que a programou em 1970-1971 com o título «Les Bannis». Isto, num tempo em que a televisão gaulesa  emitia (desde há pouco) as suas primeiras imagens a cores... Recordo-me bem do estranho duo de pistoleiros (caçadores de prémios) formado pelos actores Don Murray e Otis Young. O primeiro representava o papel de Earl Corey, um antigo aristocrata da Virgínia, cuja família foi arruinada pela guerra civil; o outro, encarnando a figura de Jemal David, era um antigo escravo libertado pelas leis abolicionistas do governo de Mr. Lincoln. Uma improvável amizade (ou, pelo menos, respeito mútuo) estabelece-se entre dois homens que tudo -raça, vivência, política- deveria separar; mas que vão unir esforços por ganhar a vida, perseguindo os piores malfeitores do Faroeste. Esta série televisiva -produzida para a cadeia ABC- teve vida efémera, apesar de ser, indubitavelmente, uma ficção de qualidade. Quedou-se pela primeira temporada, que comportou 26 episódios de 45 ninutos cada um. Estreou nos Estados Unidos em Setembro de 1968 e a sua programação não foi além do mês de Maio do ano seguinte. Os cinco primeiros episódios intitularam-se «The Outcasts», «A Ride to Vengeance», «Three Ways to Die», «The Understanding» e «Take Your Lover in the Ring». Confesso que gostaria de revê-los, assim como o resto da série. Mas, para tanto, era necesário que um editor europeu apostasse na sua ressurreição, através do seu lançamento em DVD...

A PROPÓSITO DE «UM HOMEM» («HOMBRE»)


Neste olhar frio e expectante de Trés Hombres, aliás Isk-Ka-Hay, aliás John Russell, reside todo o mistério de uma das personagens mais fascinantes do cinema western. A de um filho de pioneiros criado (como um dos seus) pelos Apaches do Arizona e que, mais tarde, foi adoptado por uma alma caridosa, que lhe deu o seu nome, a sua casa e fez questão de o extrair do seu destino de meio-índio, de meio-selvagem, para o reentroduzir no pretensamente civilizado universo dos brancos. Um mundo que lhe será fatal !... «UM HOMEM» («Hombre») é um filme espantoso, pela lucidez (e subtileza) com que afronta o problema índio, numa fase posterior à derrota dos últimos Apaches livres do Sudoeste. Num tempo em que estes já foram privados de se movimentar, sem constrangimentos, nos vastos espaços do território ancestral e vegetam nos horríveis campos de concentração (eufemisticamente chamados 'reservas') para onde os atiraram as autoridades brancas. Como a reserva de San Carlos -a mais pavorosa de todas elas- citada nesta película de Martin Ritt.
Esta fita (pouco conhecida, mas sublime) foi realizada em 1966 e tem argumento de Irving Ravetch e de Harriet Frank Jr.; que adaptaram ao cinema uma excelente novela de Elmore Leonard, um dos mais respeitados nomes da literatura western do século XX. «Hombre» (que tem uma duração de 111 minutos), apresenta a chancela da 20th. Century-Fox, foi filmado em Panavision e oferece-nos imagens soberbas assinadas pelo reputado director de fotografia James Wong Howe. Para além de Paul Newman (que aqui interpreta o papel principal, o de Hombre/John Russell), esta fita conta com um número impressionante de excelentes actores, a começar por Diane Cilento e que prossegue com Fredric March, Richard Boone, Martin Balsam, Cameron Mitchell, Barbara Rush, Frank Silvera, Peter Lazer, etc. Esta fita, que tem algumas afinidades com «Cavalgada Heróica» (de John Ford), pelo facto de parte da sua trama se desenrolar no espaço confinado de uma diligência, é (a meu ver) um filme mal-amado. Tanto pelos críticos, como pela quase generalidade do público. Será por privilegiar o estudo psicológico das personagens em prejuízo da acção ? -Aceito como explicação plausível o facto do seu ritmo lento (mas certo) ter perturbdo mais do que um  espectador; mas esta película merece (e de que maneira !) uma segunda oportunidade. Daí, eu aconselhar quem tem a paciência de me ler e que não gostou de «UM HOMEM», que pegue num DVD com uma boa cópia do filme e o veja com olhos de ver. E, talvez, descubra -finalmente- que esta fita de Martin Ritt é algo mais do que um bom momento de cinema. Eu, que a coloco, sem favor, no 'Top 10' das minhas preferências westernianas, continuarei a afirmar que «UM HOMEM» é uma obra cativante, um filme superior. Que não deve, que não pode permanecer, por muito mais tempo, no anonimato.
Cartaz usado na Alemanha (Federal) para promover este grande filme de Martin Ritt. A tradução do título é 'Chamaram-lhe Hombre'.