quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

«NA PONTA DA PISTOLA»


«NA PONTA DA PISTOLA» («Gunpoint») foi a minha última aquisição DVD. Recentemente editada em França (onde o filme se intitula «La Parole Est au Colt»), esta cópia faz parte da colecção western lançada pela firma Sidonis-Calysta; que já compreende bastas dezenas de filmes do género, sendo alguns deles inéditos. «NA PONTA DA PISTOLA», realizado em 1966 por Earl Bellamy, foi um dos derradeiros filmes protagonizados por Audie Murphy. Actor que, como é sabido, desapareceu tragicamente num desastre aéreo em 1971. O antigo herói de guerra tem aqui, como companheiros de cena, Joan Staley, Warren Stevens, Edgar Buchanan, Denver Pyle, David Macklin e Royal Dano. Esta película foi rodada por conta da Universal International, é colorida e tem 86 minutos de duração. Não é dos melhores westerns de Murphy, mas conta uma aventura que se segue com interesse, com alguma espectativa.
A história contada é a seguinte : Chad Lucas (Audie Murphy), xerife da cidadezinha de Lodgepole, no Colorado, persegue uma quadrilha de bandoleiros especializados no assalto de comboios, quando, inesperadamnte, é alvejado nas costas pelo seu principal adjunto. Que, naturalmente, é cúmplice dos bandidos. Chad sobrevive ao disparo do seu aleivoso colaborador e organiza uma patrulha para perseguir os fora-da-lei, que, entretanto, haviam raptado a cançonetista (Joan Staley) do 'saloon' local. A caça ao homem termina com o desmascaramento do traiçoeiro adjunto do xerife e com o aniquilamento dos bandoleiros. Este filme, bastante convencional, teve, no entanto, boa crítica e foi acolhido, de braços abertos, por todos os admiradores de Murphy. Os exteriores de «NA PONTA DA PISTOLA» (que tem argumento do famoso guionista Frank Nugent) foram rodados na região de Saint George (que eu tive o prazer de visitar em 1999), no estado de Utah, e foram valorizados pela belíssima fotografia de William Margulies. Título brasileiro esta fita : «Matar ou Cair».

CHINESES NO OESTE AMERICANO

Esta magnífica tela do grande pintor mexicano Alfredo Rodriguez intilula-se «Chinamen at the Diggins» e presta homenagem aos garimpeiros originários do Celeste Império, que participaram nos duros trabalhos de mineração da Califórnia, aquando das grandes corridas ao ouro ('gold rush') do século XIX. Mas os Chineses foram autores de outras peripécias da Conquista do Oeste. De assinalar são a sua participação na realização dessa faraónica obra que foi o caminho-de-ferro continental; onde eles se mostraram trabalhadores incansáveis e nem sempre recompensados pelo seu justo valor; e no desenvolvimento do pequeno comércio do Oeste, onde eles abriram restaurantes, lavandarias, etc. Os Estados Unidos de hoje têm uma grande dívida de gratidão para com este povo do Extremo Oriente. Que os ajudou verdadeiramente a desenvolver, com o seu sangue, com o seu suor, com as suas lágrimas !

A LEI DAS SÉRIES : «CIMARRON STRIP»

Constituída por 23 episódios de 72 minutos de duração cada um, a série «CIMARRON STRIP» não durou mais do que uma temporada. O que foi pena, pois esta série até tinha qualidade para sobreviver mais tempo. Filmada a cores nalguns dos lugares mais fotogénicos do Oeste americano (Arizona, Califórnia, Novo México, Utah...), esta série foi idealizada por Christopher Knopf para a rede CBS, onde começou a aparecer em Setembro de 1967. A figura fulcral da série era um certo Jim Crown (encarnado por Stuart Whitman), que desempenhava as funções de 'marshall' de Cimarron City, no território do Oklahoma. Outras figuras habituais dos episódios eram interpretadas pelos actores Jill Townsend, Randy Boone, Percy Herbert, Leonard J. Stone e Karl Swenson. Esta série era acompanhada por uma música muito agradável composta pelo oscarizado Maurice Jarre. Vi a maior parte dos episódios de «CIMARRON STRIP» (quiçá, todos !) em França, onde um dos canais de televisão (o 1º da extinta ORTF) os transmitiu. Não sei, de todo, se teve difusão em Portugal e,  caso afirmativo, se por cá obteve algum sucesso. Os primeiros episódios de «CIMARRON STRIP» intitulavam-se 1- «Journey to a Hanging»; 2- «The Legend of Jud Starr»; 3- «Broken Wing»; 4- «The Battleground»; 5- «The Hunted»; 6- «The Battle of Blood Stone».

«NOITE DE TEMPESTADE»


O DVD com cópia desta fita foi lançado em França aqui há uns meses atrás. E em boa hora isso aconteceu, pois trata-se de um western com qualidade. O seu título naquele país é «Du Sang dans la Sierra». Com realização de George Sherman, «NOITE DE TEMPESTADE» («Relentless») conta a história de um honesto cowboy, que é injustamente acusado de crimes que ele não cometeu. E que, para evitar a sua captura pelas autoridades e sobreviver, se refugia numa região isolada. Onde, com a ajuda de uma comerciante ambulante, ele vai desenvolver esforços para descobrir a identidade do verdadeiro culpado do assassínio que lhe imputam.
Convencional, mas bastante interessante, como já referi, «NOITE DE TEMPESTADE» é uma fita colorida (TechniColor), produzida, em 1948, por Eugene B. Rodney para a companhia Columbia Pictures. Tem uma duração de 93 minutos e conta com a participação dos actores Robert Young, Marguerite Chapman, Willard Parker, Akim Tamiroff e Barton MacLane. O seu título no Brasil é quase idêntico ao usado em Portugal : «Noite de Tempestades».

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

IMPRESSIONANTE «DJANGO LIBERTADO»

Ontem passei o dia numa cidade próxima da capital. Onde pude ver o há muito esperado «DJANDO LIBERTADO» («Django Unchained»). Confesso que gostei do filme de Quentin Tarantino no seu todo. Mas acho, francamente, que há sangue a mais nesta fita inspirada nos 'spaghetti' de outrora. Dos quais o líquido vital, a correr a jorros por tudo o que é buraco de bala, era a principal atracção. Comparativamente e a nível de violência gratuita,
bem se pode dizer que «A Quadrilha Selvagem», de Sam Peckinpah, é, ao lado deste novo western, coisa para crianças de 6 anos. Que pena ser a violência exarcebada de «DJANGO LIBERTADO» aquilo que ficará -sobretudo- na memória dos espectadores... As inúmeras vedetas do filme, a sua equipa técnica e o próprio Tarantino mereciam muito melhor sorte.

«A QUADRILHA DE SPIKES»

«A QUADRILHA DE SPIKES» («The Spikes Gang») é um western realizado por Richard Fleischer em 1974. Tem elenco encabeçado pelos nomes prestigiosos de Lee Marvin, Ron Howard, Noah Beery Jr, Gary Grimes e Charlie Martin Smith. Foi filmado a cores e tem uma duração de 96 minutos. Nesta fita é contada a história de três jovens texanos enfastiados pela vida monótona que levam e que sonham viver as últimas aventuras proporcionadas por um Oeste que começa a civilizar-se. Para tanto, vão entrar em contacto com um velho bandoleiro, Harry Spikes, notório salteador de bancos. Este, depois de ter sido socorrido por um dos jovens (que o ajudara na sequência de um tiroteio), vai arrastá-los num raide em território mexicano, que lhes será fatal... «A QUADRILHA DE SPIKES» é, provavelmente, um dos menos conhecidos filmes de Fleischer, cineasta que foi, no seu tempo, um dos mestres hollywoodianos do cinema de acção. Este filme (que, em Portugal, só foi salvo do anonimato graças à transmissão televisiva e ao vídeo) é excelente.
Com guião inspirado no romance «The Bank Robber», da autoria de Gilles Trippette, inscreve-se naquele grupo de filmes que marcaram o ocaso de um género e que, por essa razão (entre outras), se designam por westerns crepusculares. Mas que se caracterizam, muitas vezes, pela sua originalidade e pela sua qualidade. «A QUADRILHA DE SPIKES» já tem edição DVD em Portugal e é, repito, um filme excelente, tanto do ponto de vista temático, como no que respeita a competência dos actores escolhidos pela produção para oi elecarem. Curiosamente, e embora não pareça, esta fita foi -para aligeirar o orçamento- rodada em Espanha. O seu título brasileiro é «Três Foragidos e um Pistoleiro». A minha cópia DVD é de proveniência francesa e chama-se «Du Sang dans la Poussière».

ADEUS MICHAEL WINNER...


Michael Winner -cineasta britânico- faleceu no dia 21 do corrente mês com 77 anos de idade. Lembro que Winner realizou em inícios da década de 70 dois bons westerns : «O Homem da Lei» («Lawman») e «Desforra Apache» («Chato's Land»). Que têm qualidade, mas que foram muito polémicos por causa do seu excesso de violência. Isto, numa altura em que, nos Estados Unidos, os fazedores de filmes do Oeste começavam a deixar-se influenciar pelo famigerado 'western-spaghetti'. Eu, no entanto e no que me diz respeito, continuo a julgar as obras supracitadas como sendo filmes com qualidade. Tanto no aspecto técnico, como do ponto de vista interpretativo. No primeiro, Burt Lancaster é excelente no seu papel de justiceiro intransigente, no papel de um homem que faz do serviço da lei uma regra de vida. Mas que, como ser humano e falível, está condenado a cometer erros. No segundo filme referido, é Charles Bronson que encarna -com um profissionalismo evidente- a figura taciturna de um mestiço agredido pelos membros de uma comunidade de pioneiros racistas e vindicativos; e que Chato arrasta para território que lhes é hostil, onde ele e a Natureza lhes vão traçar o destino. Em homenagem ao falecido cineasta, visionei, de novo, estas duas fitas, que fazem parte da minha larga colecção de westerns. E repito (sem falso pudor) o que já deixei entender : gostei !

«PLUNDERERS OF PAINTED FLATS»

Esta fita, que nunca chegou a estrear nas salas de cinema do nosso país, foi realizada em 1959 por Albert Gannaway. Não é um western de qualidade excepcional, que mereça lugar de destaque num qualquer quadro de honra da cinematografia norte-americana. Muito longe disso ! A sua particularidade assenta no facto de ter sido a derradeira película produzida para a companhia Republic Pictures; que foi, como é sabido, um dos estúdios hollywoodianos que mais 'filmes de cowboys' lançou no mercado cinematográfico. Os westerns da Republic eram, sobretudo, modestas fitas de série B. Algumas delas ultrapassaram, no entanto, esse depreciativo estatuto e revelaram ser obras de muito boa factura e, por essa razão, permanecem na memória de todos os amadores do género. E um pequeno número delas são até, e simplesmente, obras-primas da 7ª Arte, reconhecidas por todos. Entre essas últimas fitas, «Johnny Guitar» é, obviamente, o exemplo mais flagrante, mais emblemático. 
Quanto ao enredo de «THE PLUNDERERS OF PAINTED FLATS» disseram-me que é entusiasmante, que tem algum interesse. Nesta fita é contada a história de um jovem que, depois de ter desposado (por correspondência) uma francesa, vai negligenciar a esposa para se entregar, inteiramente, à consacração de uma vingança : castigar, com a ajuda de um pistoleiro, os assassinos de seu pai. Confesso não me lembrar de alguma vez ter visto este filme. Que faz parte de um rico espólio (o da companhia Republic), que pertence, agora, à rede de televisão C.B.S.. «THE PLUNDERERS OF PAINTED FLATS» foi filmado a preto e branco, tem uma duração de 77 minutos e teve, a interpretar os principais papéis, os actores John Carroll, Corine Calvet, Skip Hommeier, George MacReady, Edmund Lowe e Madge Jennedy. Título brasileiro : desconhecido.

TRIGGER, A MONTADA DE ROY ROGERS

Não há westernófilo que se preze (e que tenha, mais ou menos, a minha idade) que não se lembre do vistoso cavalo Trigger (Gatilho); que foi, durante muitas e muitas fitas, o fiel e dedicado companheiro do cowboy-cantor Roy Rogers. Ora essa montada -um magnífico palomino- só passou a pertencer ao actor que lhe garantiu fama entre os equídeos de Hollywood em finais de 1938. Trigger foi, inicialmente, propriedade de um empresário, que o alugava, quando solicitado, aos estúdios de cinema. Segundo informações de que disponho, o seu primeiro nome foi Golden Cloud (Nuvem Dourada) e já era conhecido da gente do cinema muito antes de surgir associado ao famoso cavaleiro-cançonetista. Aparecera, por exemplo, no grandioso filme de Michael Curtiz «As Aventuras de Robim dos Bosques», onde servira de montada à bela e terna actriz Olívia de Havilland; que, nesse grandioso filme de aventuras medievais, interpretou o papel de Lady Marian. Golden Cloud/Tigger nasceu em 1932 (ou 1933, segundo outras fontes) e morreu em 1965. Participou em dezenas de filmes e episódios de TV, granjeando uma celebridade praticamente tão grande como a de Roy Rogers.
Na impossibilidade de o mandar embalsamar, Roy Rogers mandou extrair e curtir a sua pele; que esteve, durante muitos anos, exposta no Roy Rogers and Dale Evans Museum, sito em Victorville, na Califórnia. O autor destas linhas chegou a estar à porta deste museu, aquando de uma visita aos Estados Unidos. E só não o visitou, pelo facto de estar integrado num grupo de turistas decididos em chegar o mais rapidamente possível a Las Vegas. E eu fiquei com pena de não ter entrado nesse antro de memórias do cinema popular… Roy Rogers mandou fabricar duas estátuas em tamanho natural de Trigger; uma delas pertence, hoje, ao canal de televisão RDF, que projecta colocá-la num futuro museu consagrado ao cinema western. A segunda (em fibra de vidro) pode admirar-se no Colorado, diante de uma das portas de entrada do estádio dos Denver Broncos. De Trigger, cavalo de pura estampa, pode, pois, dizer-se que foi uma das grandes ‘stars’ não-humanas das pantalhas; que, no que respeita a fama, só teve (talvez) rivais nos cães Rin Tin Tin e Lassie.

sábado, 26 de janeiro de 2013

«A VINGANÇA DO HOMEM CHAMADO CAVALO»

Geralmente, as sequelas dos grandes sucessos cinematográficos são, do ponto de vista qualitativo, inferiores aos filmes piloto. Ora, não é o caso desta fita; que, embora menos surpreendente do que aquela que a inspirou (realizada em 1969 por Elliot Silverstein) não tem menos qualidade. «A VINGANÇA DO HOMEM CHAMADO CAVALO» («The Return of A Man Called Horse»), sugerida, tal como a fita que a precedeu, numa personagem criada pela romancista Dorothy M. Johnson, foi dirigida, em 1977, por Irvin Kershner. É um filme colorido, com uma duração de 131 minutos e que conta com as correctas interpretações de Richard Harris (no papel de ‘lord’ Morgan, a figura nuclear da história), de Gale Sondergaard, de Geoffrey Lewis, de Bill Lucking, de Jorge Luke, etc.
É mais um interessante western (ou pré-western), com aventuras espectaculares vividas por um inglês, que se tornou Sioux por opção e por paixão pelo modo de vida original dos autóctones da América do norte. Esta fita foi produzida pelos estúdios dos irmãos Warner e teve edição VHS em Portugal. Infelizmente a experiência ainda não foi repetida em suporte DVD. Esperamos, todavia, que isso ainda venha a acontecer.

«A CIDADE CONTRA MIM»

Realizado em 1960 por Joseph Pevney, «A CIDADE CONTRA MIM» («The Plunderers») tem um ar de 'film noir', apesar da sua acção decorrer numa terreola perdida na imensidão do Oeste americano. Conta a história de quatro jovens cowboys, que, depois de terem rapidamente estafado o ordenado de vários meses de trabalho, investem a localidade de Trail City, onde fazem refém uma população amedrontada. Depois da dita ter sido alvo de vários vexames e de ter visto morrer, acobardada, o seu velho xerife, um homem (inválido de guerra) vai organizar a resistência e afrontar os vaqueiros, transformados em verdadeiros bandidos. A angústia dos habitantes de Trail City termina com a morte violenta de três dos facínoras. O quarto, que deu provas de algum arrependimento, é poupado. Com a recomendação, porém, de nunca mais esquecer os actos reprováveis que ajudou a praticar contra uma população indefesa.
Com acção confinada na cidadezinha de Trail City, «A CIDADE CONTRA MIM» foi o último western de Jeff Chandler, o tal actor dos cabelos grisalhos que viria a falecer no ano imediato ao da rodagem desta fita. Fita onde ele interpreta a figura de um ex-capitão do exército, que regressara à sua terra diminuído por um grave ferimento e que, por isso, havia perdido a confiança em si próprio. O incidente relatado por Pevney nesta sua modesta película, fá-lo reagir em defesa dos seus concidadões e, finalmente, reconquistar a sua própria estima. Esta fita foi filmada a preto e branco por conta da companhia Allied Artists e tem 94 minutos de duração. Além de Chandler, integram o elenco do western em apreço os actores John Saxon, Marsha Hunter, Dolores Hart, Jay C. Flippen, Ray Strickyn, James Westerfield, Roger Torrey e Dee Pollock. Não tenho conhecimento de edição de cópia DVD na Europa. O exemplar que possuo (em versão original legendada em francês) foi gravado do canal TMC há muitos anos. Título no Brasil : «Os Destruidores».

«RIO LOBO»


A história começa assim : em finais da Guerra de Secessão, um comboio nortista transportando uma importante soma em numerário da Reserva Federal, é assaltado por um grupo de soldados confederados e pilhado. O coronel Cord McNally, responsável pela escolta que devia proteger os fundos, logra capturar alguns dos combatentes inimigos responsáveis por esse audacioso golpe. Combatentes que, depois de terem cumprido pena num presídio militar, acabam por tornar-se amigos do oficial superior ianque e por dar-lhe algumas dicas sobre a identidade do elemento do exército nortista que lhes havia vendido as informações confidenciais que os ajudaram a cumprir, com sucesso, essa operação contra a fazenda federal. O ex-coronel McNally e os ex-capitão Pierre Cordona e ex-sargento Tuscarora Phillips vão unir esforços para desmascarar o traidor; que é também o homem que controla -com a sua quadrilha de pistoleiros- a cidadezinha de Rio Lobo.
Revi esta fita de Howard Hawks (realizada em 1970) aqui há dias. Apesar de repetir algumas situações do exemplar «Rio Bravo» (a cena do tiroteio final é flagrante !), esta obra é, no entanto, um bom filme, que nos proporciona alguns momentos divertidos. No elenco, destacam-se os nomes dos actores John Wayne, Jorge Rivero, Chris Mitchum, Jennifer O’Neal, Jack Elam, Victor French e Susana Dosamantes.  Bem acolhido pelos amadores de westerns, num momento de declínio do género, «RIO LOBO» teve algum êxito comercial e já dispõe de cópias videográficas  em DVD (com legendas em língua portuguesa) e em ‘Blu-ray’. Com a chancela da Malabar Productions Inc., esta película colorida (datada e 1970) tem uma duração de 110 minutos.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

COM POUCAS PALAVRAS...


«It does not require many words to speak the true», que podemos traduzir livremente por «Falar verdade não exige muitas palavras», é um dos exemplos da sabedoria de Chief Joseph (Hi-mah-too-yah-lat-kekt, de seu nome indígena), caudilho da tribo Wallowa, da nação dos Nez Percé, um povo ameríndio do noroeste dos Estados Unidos.
A fotografia de topo é um dos mais conhecidos retratos de Chief Joseph; a de baixo, mostra o famoso caudilho dos Nez Percez com a sua família. Estas fotos foram tiradas depois da renúncia de Hi-mah-too-yah-lat-kekt à luta armada e de ele ter pronunciado a famosa frase «Nunca mais lutarei !». Que pôs termo a uma luta desigual contra o exército dos Estados Unidos e ao internamento do seu povo em reservas dos acruais estados do Oregon e do Idaho.

OS CAÇADORES DE BISONTES


A profissão de caçador de bisontes (que implicava, também, a extracção e o curtimento das peles dos animais abatidos)  era, do ponto de vista social, uma das mais desprezíveis exercidas pelos homens brancos do Oeste americano. Trabalho rude e desconsiderado (mesmo ainda antes de aparecer o conceito de crime ecológico para a sua prática de abate sistemático de animais), os caçadores de bisontes eram recrutados, essencialmente, entre gente que tinha problemas com a lei estabelecida. Pelo menos entre aqueles marginais que possuíam bons dotes de atiradores e dispunham da força física necessária para empunhar e disparar uma espingarda Sharps do tipo ‘Big 50’; que era a arma ideal para abater, à distância, um animal com o porte imponente do ‘Bison bison’. Com fama de ser gente «suja, sebenta, mal barbeada, eles (os caçadores de bisontes) arrastavam consigo o cheiro da morte, não somente porque dá-la a esses serenos animais era a sua profissão, mas também, e frequentemente, porque eles tinham, no seu passado agitado, cometido assassínios. Banidos, foras-da-lei, bandidos, desertores, renegados encontravam nesta actividade praticada longe das autoridades, um refúgio mais ou menos temporário, na qual tinham a ocasião de serem votados ao esquecimento por ’marshalls’ ou xerifes. Na realidade, os caçadores de bisontes eram os únicos a possuir as qualidades físicas e o grau de abjecção necessários ao exercício de um ofício repugnante».
Cito aqui o consagrado (e saudoso) Jean-Louis Rieupeyrout, e umas linhas da sua conhecida e preciosa obra «Histoire du Far West». A actividade desta gente começou depois de ter terminado o chamado ciclo do castor, já na segunda metade do século XIX, quando as manufacturas do leste dos Estados Unidos começaram a receber substanciais encomendas de couros por parte da indústria local, mas também provenientes dos mercados europeus e asiáticos. Ora, como esses pedidos coincidiram com o avanço para o Oeste e com a descoberta das imensas manadas de bovinos selvagens, a escolha foi fácil : recrutar atiradores e organizar o massacre sistemático de uma das mais emblemáticas criaturas da fauna norte-americana.
O número de animais abatidos é incalculável, mas cifra-se, sem dúvida possível, a muitas centenas de milhar de cabeças. A ignóbil caça ao ‘rei das pradarias’ durou até à quase total extinção da espécie. O extermínio dos bisontes ocorreu em paralelo com o declínio das nações ameríndias das grandes planícies do Oeste (facto que muitos peritos julgam ter sido premeditado), que tinham nestes animais -que elas caçavam apenas para assegurar a sua sobrevivência- uma verdadeira fonte de vida. E que elas, por essa razão, consideravam sagrados.
Como não podia deixar de ser, o cinema hollywoodiano também tomou o ‘buffalo’ como tema (ou subtema) de muitos dos seus filmes. Os melhores talvez tenham sido «A Última Caçada» («The Last Hunt»), que Richard Brooks realizou em 1956, e «Danças com Lobos» («Dances with Wolves»), que Kevin Costner produziu, dirigiu e protagonizou em 1990.   /////////   «Pai, tem piedade de nós (…)/Nós somos pobres e fracos/E sozinhos nada podemos/Ajuda-nos a voltar a ser o que já fomos/Felizes caçadores de bisontes». (De uma oração dos pele-vermelhas da Grande Pradaria, integrada na cerimónia da Dança dos Espíritos).
///////////// Imagens, de cima para baixo : 1- Dois caçadores esfolando uma das suas presas (foto do séc. XIX). 2- Soberbo animal, descendente dos raros sobreviventes do massacre. 3- A poderosa espingarda Sharps, modelo 1874, foi uma das armas preferidas dos caçadores de bisontes. 4- Amontoado de peles, esperando transporte para os mercados do leste dos Estados Unidos.

«DESCULPE, ONDE FICA O FAR WEST ?»


Esta fita é a prova provada de que western e humor podem conviver agradavelmente. Realizado em 1979 por Robert Aldrich, «DESCULPE, ONDE FICA O FAR WEST ?» («The Frisco Kid») conta-nos as atribulações de Avraam Belinski, um jovem rabino, nomeado (na Polónia) para dirigir a comunidade judaica da longínqua San Francisco, em terras da longínqua América do norte. Chegado a Filadélfia, depois de uma longa viagem transatlântica, o religioso perde a ligação (por via marítima) para a Califórnia e vê-se, assim, obrigado a atravessar (como qualquer pioneiro) todo o vasto território dos Estados Unidos, incluindo as perigosas regiões do Oeste selvagem. Onde vai confrontar-se com tribos de belicosos pele-vermelhas e com bandoleiros da pior espécie. Neste filme de grande comicidade, Aldrich recreou todas as situações típicas do western, por vezes com um acentuado grau de derrisão.
Desta fita direi que só vista, porque contada não tem graça. O problema é que é difícil encontrá-la à venda no nosso país. Que, no entanto, a viu editada em cassete VHS (há muitos anos) pela Warner Home Vídeo.  Colorida e com 122 minutos de duração, esta película teve como principais intérpretes Gene Wilder, Harrison Ford (no início da sua brilhante carreira), Ramon Bieri, Leo Fuchs, Jack Somack, etc. Título no Brasil : «O Rabino e o Pistoleiro».

«COLD MOUNTAIN»


 
Drama que tem por quadro a mortífera guerra de Secessão. Realizado, em 2003, por Anthony Minghella, este filme -baseado numa novela de Charles Frazier- foca-se no amor do carpinteiro Inman (Jude Law) por Ada (Nicole Kidman), a filha de um pastor protestante. Esse amor é rapidamente interrompido pela eclosão da guerra civil; que vai separar amantes e semear o ódio entre o Norte e o Sul e até entre membros da mesma comunidade. «COLD MOUNTAIN» não é propriamente um western, visto o respectivo enredo decorrer, simultaneamente, nos campos de batalha do supracitado conflito e numa pequena localidade da Carolina do Sul. Mas que se inclui (sem escrúpulos) neste blog dedicado ao cinema do género, pelo facto (conhecido) dos westernófilos praticarem, desde sempre, a amálgama entre os seus filmes preferidos e aqueles cuja acção decorre durante a prolongada guerra entre estados; que durou, como é sabido, entre 1861 e 1865.
Isto dito, quero referir que «COLD MOUNTAIN» é uma obra de grande qualidade estética (a fotografia a cores é estupenda) e interpretativa, já que, ao lado dos artistas mencionados, podemos também admirar o trabalho de actores tão conhecidos pela sua competência profissional como Renée Zellweger, Natalie Portman e Donald Sutherland. Entre muitos outros. «COLD MOUNTAIN» recebeu críticas positivas por todo lado. Só em Portugal li notas desagradáveis sobre esta película (por cá classificada como entediante, caricatural, maneirista, artificiosa, etc), o que não deixa de ser paradoxal por parte das ‘fines bouches’ de um país que, praticamente, não tem indústria cinematográfica. Enfim, nada melhor do que ver esta fita e fazer o seu próprio juízo. Curiosidade :  os exteriores de «COLD MOUNTAIN» (filme que tem uma duração de 153 minutos) foram rodados na Roménia. Não só para reduzir os custos da produção, mas também pelo facto de já ser difícil encontrar nos Estados Unidos espaços virgens que facilitem o trabalho dos cameramen. O DVD desta película de Minghella já está disponível (há muito) no mercado nacional.

ADVERTÊNCIA


TALVEZ SEJA ÚTIL LEMBRAR QUE ESTE BLOG É -PARA O SEU GESTOR- UM LUGAR DE PURO ENTRETENIMENTO, QUE VERSA, EM EXCLUSIVIDADE, SOBRE TEMAS DO FAROESTE E COM PARTICULAR ÊNFASE SOBRE O CINEMA WESTERN. NÃO É SÍTIO DE ESPECIALISTA E PARA PERITOS NESSAS MATÉRIAS. ‘WESTERN SAGA’ É, MAIS PROPRIAMENTE, O BAÚ DE RECORDAÇÕES DE UM AMADOR DE FILMES DITOS ‘DE COWBOYS’, QUE AQUI QUER DEIXAR (EM ESCASSAS LINHAS) A LEMBRANÇA DAS FITAS DO GÉNERO QUE ELE VIU AO LONGO DE UMA VIDA DE QUASE 70 ANOS. E QUE FALA, QUE QUANDO EM VEZ, DAQUELAS PELÍCULAS (GERALMENTE DE SÉRIE B) QUE ELE NUNCA CHEGOU A VER E QUE AINDA GOSTARIA DE VISIONAR, ANTES QUE O GRANDE MANITÚ O CHAME À SUA DIVINAL PRESENÇA PARA O AJUSTE DE CONTAS FINAL. ‘WESTERN SAGA’ É SÓ ISSO E NADA MAIS DO QUE ISSO !

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

A LEI DAS SÉRIES : «RIVERBOAT»


Esta série televisiva de sabor western é uma produção original da rede NBC. Teve duas temporadas, durante as quais foram exibidos 44 episódios com 60 minutos de duração cada um. O primeiro desses episódios (a preto e branco) foi transmitido, nos Estados Unidos, em data do 13 de Setembro de 1959. A acção decorre -como sugere o título- a bordo de um daqueles  vapores de rodas que, no século XIX, cruzava o rio Mississippi. E no qual acontecem mil e uma aventuras. O herói desta ficção é Grey Holden, capitão dessa típica embarcação; cuja personagem é encarnada pelo actor Darren McGavin. Outro ‘habitué’ da série «RIVERBOAR» é o conhecido Burt Reynolds, que estava, então, no início da sua carreira. Noah Beery Jr é uma das outras caras conhecidas da série. Os primeiros episódios desta série intitularam-se : 1- «Payment in Full»; 2- «The Barrier»; 3- «About Roger Mowbray»; 4- «Race to Cincinnati»; 5- «The Unwilling»; e «The Fight Back». Nunca tive, infelizmente, o prazer de desfrutar desta série, que me parece ser bastante interessante. A integralidade dos episódios de «RIVERBOAT» já foi editada, em DVD, nos Estados Unidos da América e podem ser adquiridos (através da Amazon, por exemplo) pelos falantes da língua inglesa. Desgraçadamente, não são propostas outras opções ediomáticas.

«FALSA JUSTIÇA»


Adoro este pequeno grande filme de Allan Dwan (1954), do qual possuo uma excelente cópia videográfica editada em França. Gosto dele pela história que conta e que constitui um libelo contra a inconstância da opinião pública e contra os preconceitos e a intolerância; mas também por ter sido realizado de maneira competente e por contar com as interpretações notáveis de John Payne, de Dan Duryea (sobretudo deste), de Lizabeth Scott, de Harry Carey Jr, de Dolores Moran, de Stuart Whitman, etc.  «FALSA JUSTIÇA» («Silver Lode»), no qual muita gente viu uma denúncia do McCarthysmo de triste memória, conta a história e um homem, que é acusado de homicídio por um grupo de falsos agentes da autoridade e que, quase instantaneamente, perdeu a confiança dos seus amigos. Mesmo dos mais íntimos.
A fita em causa é uma hábil mistura de western clássico e de inquérito policial, que se desenrola num ambiente de suspeição e de violência. Até que, enfim, se descobrem as reais intenções do falso xerife Ned McCarthy (Dan Duryea) em relação ao acusado. Muita gente (ligada, naturalmente, ao mundo do cinema) aponta esta película como sendo a melhor de toda a vasta filmografia de Allan Dwan. Eu não vi (longe disso) todos os filmes deste prolífico cineasta, mas de todas as obras de sua autoria que pude apreciar, «FALSA JUSTIÇA» -admirável pela sua concisão e pela eficácia que Dwan deu à intriga- é, indubitavelmente, o melhor. Esta fita da produtora RKO Rádio Pictures foi filmada a cores e tem aproximadamente 80 minutos de duração. Títulos internacionais : no  Brasil, «Homens Indomáveis»; em Espanha, «Filón de Plata»; em França, «Quatre Étranges Cavaliers».

«O SOLITÁRIO DO RIO GRANDE»


«O SOLITÁRIO DO RIO GRANDE» («Shoot-Out»), datado de 1971, foi um dos derradeiros westerns realizados pelo grande cineasta Henry Hathaway. A vedeta do filme é Gregory Peck, que aqui interpreta o papel de Clay Lomax, um foragido, que é capturado aquando de um mal sucedido assalto de banco. Como Lomax recusou revelar o nome dos seus cúmplices, apanhou a pena máxima. Mas não esqueceu aqueles que, durante os anos que ele passou atrás das grades, levaram vida regalada com o dinheiro do saque. A hora da vingança, chega -sete anos mais tarde- quando o pistoleiro sai do presídio… Mas vai ser condicionada pela responsabilidade de proteger uma menina; que, provavelmente, até pode ser a sua própria filha…
Esta fita -que tem algumas afinidades com «A Velha Raposa», que Hathaway realizara dois anos atrás- não é uma grande obra, mas também não é de negligenciar. Tem charme, tem acção quanto baste, e, finalmente, tem uma história de amor que vai funcionar como elemento redentor do simpático  ‘bad boy’ de serviço. No elenco temos, além do já citado Gregory Peck, Rita Gam, Pat Quinn, Robert F. Lyons, Susan Tyrell, Paul Fix, etc. Este western foi inspirado num romance de Will James (intitulado «The Lone Cowboy») e oferece ao espectador bonitas imagens, a cores, captadas pela câmera de Earl Rath. Tenho uma cópia DVD com alguma qualidade, proveniente de uma gravação da TV. Não conheço, na Europa, edições do filme em apreço neste suporte videográfico. Título brasileiro : «O Parceiro do Diabo».

GEOGRAFIA DO OESTE AMERICANO : RIO GRANDE/RIO BRAVO


Este curso de água é -com os seus 3 060 km de comprimento- um dos maiores rios da América do norte. O rio Grande (ou rio Bravo) nasce na serra de San Juan (Montanhas Rochosas do Colorado) e atravessa, na sua corrida para o mar, todo o estado do Novo México, no sentido norte-sul. No Texas, entre El Paso e Brownsville, serve de fronteira internacional, separando os E.U.A. da república mexicana. Com um caudal importante na fase inicial do seu curso, devido ao degelo das neves que cobrem as referidas montanhas, o débito do rio Grande começa a reduzir-se, substancialmente, no sul dos ‘states’, numa terra já sujeita ao regime de secas estivais. Nos nossos dias, o seu caudal sofre também de escassez em razão das grandes quantidades de água que lhe são subtraídas para efeitos de irrigação de vastos vergéis e de campos de algodão. As grandes cidades banhadas pelo rio Grande situam-se, à excepção de Albuquerque, no Novo México (com 400 000 habitantes), todas em territórios texano e mexicano.
Curiosamente, cada cidade estadunidense tem, do outro lado do rio, uma ‘vis-à-vis’ mexicana. Assim, El Paso (com 600 000 habitantes) tem em frente Ciudad Juarez -que goza da fama de ser a cidade mais perigosa do mundo- (com 800 000 almas); Del Rio (140 000 h), nos E.U.A., tem, na margem sul, Ciudad Acuña (60 000 h); Laredo (140 000 h), faz face a Nuevo Laredo (220 000 h); McAllen City (400 000 h) tem como vizinha a urbe mexicana de Reynosa, com igual número de habitantes; e Brownsville (260 000 h) tem em frente Matamoros (300 000 h). Esta região fronteiriça é uma das zonas mais patrulhadas do mundo, sobretudo do lado dos E.U.A., cujas autoridades dispõem de uma polícia especial -a ‘Border Patrol’- que tenta conter uma sempre crescente onda de emigração clandestina. Para além de tentar controlar tráficos de toda a ordem, nomeadamente o contrabando de narcóticos. O rio Grande/rio Bravo, que tem no Conchos, no Pecos e no Salado os seus principais afluentes, desagua no golfo do México através de um largo delta. Este rio tem servido de cenário a muitos filmes do género western. Assim, de repente, estou a lembrar-me de «Duelo ao Pôr do Sol», de «Zona Livre» e de «Quem Ventos Semeia». Mas há muitos mais outros, que ajudaram a mitificar aquele que é, talvez, o mais conhecido de todos os rios fronteiriços do mundo.

«BUFFALO GIRLS - AS MULHERES DO OESTE»

Com um genérico fantástico, do qual sobressaiem os nomes de Angélica Huston, de Melanie Griffith, de Sam Elliot, de Peter Coyote, de Gabriel Byrne, de Jack Palance e de Reba McEntire, «BUFFALO GIRLS – AS MULHERES DO OESTE» («Buffalo Girls») foi rodado para a os estúdios de televisão CBS Entertainement Productions no ano de 1995. A realização desta soberba obra (com 157 minutos de duração) foi assegurada por Rod Hardy e aborda a vida sofrida da famosa Calamity Jane, que vive separada de sua filha, fruto de um amor passageiro com o não menos célebre Wild Bill Hickok. Assim, à primeira impressão, até se pode presumir que este telefilme não passe de mais uma chachada sobre a vida imaginária de alguns mitos do Oeste selvagem. Mas, que se desenganem os incrédulos, os desconfiados ! Porque esta obra é um trabalho de grande fôlego, que, para além de abordar -de maneira humanista- o drama de uma pobre mulher, evoca, ao mesmo tempo, páginas autênticas (e pouco gloriosas) da Conquista do Oeste, já na sua fase final.
De «BUFFALO GIRLS – AS MULHERES DO OESTE» emana também uma reflexão justa sobre a nefasta e irreversível acção do homem branco sobre a natureza, ao abordar o genocídio dos bisontes. Crime ecológico, que marcou também o declínio dos pele-vermelhas da Grande Pradaria e pôs fim ao seu original e secular modo de vida. Estamos, pois, na presença de uma grande e portentosa obra, que é importantíssimo ver. E rever ! O que é muito fácil, visto já existir, no nosso país, cópia videográfica (sobre suporte DVD)  deste fabuloso telefilme de Rod Hardy.

«THE LEGEND OF LOBO»

Aqui há dias vi um filme horrível intitulado «The Grey», que tinha como verdadeiras vedetas os animais de uma esfaimada matilha de lobos. Que, depois de uma angustiante perseguição, acabam por dizimar os passageiros sobreviventes de uma catástrofe aérea ocorrida no Alasca. Embora esta fita nada tenha a ver (mas absolutamente nada !) com «THE LEGEND OF LOBO», uma produção dos estúdios Walt Disney, foi neste filme que acabei por pensar. «THE LEGEND OF LOBO» teve realização de James Algar e foi estreado em 1962. Não me recordo de ele ter passado pelas nossas salas de cinema, mas não é impossível que isso tenha acontecido. Eu vi-o em França. Já não recordo se na televisão desse país, se graças a uma cassete alugada -nos anos 80- num videoclube perto de minha casa. Destinado a um público familiar, esta película colorida (e com 70 minutos de duração) pode definir-se, tal como «O Urso», de Annaud, como um western. E isso, porque a data e o lugar da acção se inserem nos parâmetros dominantes do nosso cinema preferido.
A trama de «THE LEGEND OF LOBO»  desenvolve-se numa região selvagem do sudoeste dos Estados Unidos, em finais do século XIX. E conta a história de um astuto lobo, com a cabeça a prémio, e que, por essa razão, é incansavelmente perseguido pelos humanos. Mas o animal, reputado feroz, só tem, coitado, o intuito de sobreviver numa terra já investida pela ‘civilização’ e de proteger a sua família. Na realidade, trata-se de uma película muito bonita, que reabilita um animal estupidamente mal-amado pela espécie humana; que é, indubitavelmente, muito mais prejudicial e perigosa que todos os ‘Canis lupus’ que sobreviveram à sua acção devastadora. Que não se compadece com a Natureza, nem com a liberdade devida às suas creaturas. Verdadeiramente emocionante e educativo. Pena é que, como já aqui tenho referido,  os estúdios Walt Disney tenham desprezado toda a sua produção extra-animação. Razões meramente comerciais, sem dúvida… Ah ! Já me esquecia de o referir : a música desta fita (misto de documentário e de ficção) é excelente e tem a assinatura do compositor Oliver Wallace. E a canção, que se ouve ao longo da fita, é da autoria de Richard M. Sherman e Robert B. Sherman. Tenho uma cópia muito velhinha desta simpática película; que, naturalmente, gostaria de ver substituída.
Nota : esta película é, por vezes, referenciada com o título «LOBO, KING OF THE WOLFPACK».

sábado, 19 de janeiro de 2013

«ONDE MORRE O VENTO»

Por detrás deste poético título esconde-se um bonito filme de Allan Dwan, estreado em 1954. «ONDE MORRE O VENTO» («Passion») tem acção decorrente na primeira metade do século XIX, na velha Califórnia. Película de produção RKO, foi filmada a cores e tem uma duração de 85 minutos. As principais personagens deste drama são interpretadas por Cornel Wilde, Yvonne de Carlo, Raymond Burr, Lon Chaney Jr, John Qualen, Anthony Caruso, Frank DeKova e Rudolfo Acosta. A história contada : Um rico e poderoso 'haciendado' manda matar a família e destruir o património de Juan Obregon (Wilde). Este vai perseguir e liquidar todos aqueles que, directamente, estão implicados nesse hediondo crime.
O tema da vigança -muito comum na cinematografia western- aparece aqui como o motor da acção desta fita cujo entrecho se desenrola na Califórnia colonial; de antes da anexação norte-americana. O que, por si só, é bastante raro. A fotografia de John Alton é preciosa, embora se adivinhe que, algumas vezes, por detrás do campo de acção dos autores não estejam cenários naturais, mas paisagens artificiais filmadas em estúdio. Esta fita vale pela raridade do seu tema e, também, pelo facto de estar mais ou menos esquecida. Tenho uma cópia DVD comercializada em Espanha com o título local «Pasión». Já no Brasil, esta película chama-se «Sob a Lei da Chibata».

UMA FITA DE COWBOYS DESCRITA PELA PLUMA DE SOEIRO PEREIRA GOMES

Soeiro Pereira Gomes nasceu na freguesia de Gestaçô (Baião) no dia 14 de Abril de 1909 e faleceu em Lisboa (com 40 anos de vida) a 5 de Dezembro de 1949. Filho de camponeses, mudou-se com a sua família para Espinho, onde viveu entre os 6 e os 10 anos de idade. Estudou em Coimbra, onde completou o curso da Escola de Regentes Agrícolas. Esteve em Angola um ano e, de regresso à Metrópole, fixou-se em Alhandra, vila onde trabalhou, como administrativo, numa conhecida cimenteira. Foi aí que começou a escrever para os jornais e a colher matéria para os livros que, um pouco mais tarde, publicará : «Esteiros» (1941), «Engrenagem» (1951) e «Contos Vermelhos» (póstumo). O primeiro deles, considerado a sua obra-prima, foi dedicado «aos filhos dos homens que nunca foram meninos» e é uma vibrante denuncia da miséria e das injustiças a que são submetidas as crianças de uma vila (na qual se reconhece Alhandra), obrigadas a trabalhar numa fábrica de tijolos, numa idade em que deveriam ir à escola. É neste seu romance que o notável escritor (e militante do Partido Comunista Português) Soeiro Pereira Gomes descreve um raro momento de lazer dos seus pequenos e sacrificados heróis, que assistem a uma fita de cowboys :
«Aproximava-se o momente culminante em que o herói ia defrontar o chefe dos bandoleiros. Os rapazes mexiam-se nas cadeiras, sustinham a respiração. Gaitinhas roía as unhas e, sem saber porquê, tomava partido pelos bandidos, ao contrário de Saguí, que não desfitava o cowboy. Este descia a rua, em cuja esquina estava o outro, de revólver em punho. Mais um passo, e era a morte certa... Saguí, angustiado, pôs-se de pé na cadeira e soltou um berro, que se ouviu em todo o cinema : -Cuidado Macacoi, que ele tá na esquina ! -Logo após, palmas e assobios reboaram na sala, porque o bandido fora dominado. E o miúdo sorriu-se por ter avisado a tempo o Cavaleiro sem Medo».   ///////////////   Justamente considerado como um dos grandes nomes da literatura neo-realista portuguesa, Soeiro Pereira Gomes viveu na clandestinidade para se furtar à repressão salazarista, que ele combateu com destemor. Grande fumador, morreu com cancro pulmonar, sem poder recorrer à medicina, devido à sua condição de lutador da sombra. Está sepultado em Espinho. Na campa deste saudoso escritor nortenho, uma lápide lembra : «A tua luta foi dádiva total».

«CONQUISTADORES»

«CONQUISTADORES» («Pawnee») é um modestíssimoo western de George Waggner; cineasta que o 'fabricou' para a Republic Pictures em 1957. Digo 'fabricou', porque esta película não se pode considerar, verdadeiramente, um trabalho original, visto ter recorrido a inúmeros 'stock shoots', colhidos de alguns westerns conhecidos, tais como «Buffalo Bill» (de Wellman), «Mohawk» (de Neumann) ou «Western Union» (de Lang). Essa 'habilidade' (praticada por certos estúdios em algumas das suas produções mais pobretanas) é facilmente detectável. Sobretudo por aqueles que, como eu, fizeram do cinema do Oeste uma autêntica paixão. Com fotografia colorida (Trucolor) de Hal McAlpin, esta fita é a adaptação ao ecrã de um guião assinado pelo próprio George Waggner, por Louis Vittes e por Endre Bohem. A figura central desta série B é interpretada por George Montgomery. Que aqui tem como principais coadjuvantes Lola Albright, Bill Williams, Francis J. McDonald, Robert Griffin, Dabbs Greer e Kathleen Freeman.
«CONQUISTADORES» conta a história de um rapazito branco, que foi adoptado pelo chefe de uma tribo Pawnee e foi educado à maneira índia. Mas os anos passam, e ele começa a questionar-se sobre a sua verdadeira identidade, acabando -aquando do ataque a uma caravana de pioneiros- por prestar socorro e por proteger os inimigos do seu povo de adopção. O problema vai subsistir até que ele -Pale Arrow para os pele-vermelhas e Paul Fletcher para os brancos- encontre a chave para solucionar o dilema de pertencer, simultaneamente, a dois povos distintos e inimigos. Uma bonita mulher vai ajudá-lo nessa sua luta; que poderá esbater-se, com um melhor conhecimento do outro e por mais tolerância entre Pawnees e colonos. Esta película (com a duração de 80 minutos) ainda não tem cópia videográfica na Europa. Eu tenho uma reprodução do filme (em cassete VHS e de qualidade muito precária) que me foi oferecida por um amigo de Lyon (França). Refiro, a título de curiosidade, que esta fita se intitula no Brasil «Ataque Sanguinário».

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

«LA CUCARACHA»

Com realização de Ismael Rodriguez, este filme foi estreado em 1958. Apareceu numa época de evolução do cinema mexicano, quando este tentava escapar à vaga de produções hollywoodianas, que ameaçavam, seriamente, invadir as salas de cinema do país de Zapata, em regime de quase exclusividade. E, curiosamente e por vezes, até explorando temas com acção decorrente no México, feitas com a ajuda de técnicos locais e interpretadas por actores nascidos a sul da fronteira do rio Grande. «LA CUCARACHA» é o exemplo acabado de que a indústria cinematográfica azteca era capaz de fazer bons filmes e de competir -tanto no domínio doméstico, como internacional- com a avassaladora onda de choque californiana. As principais vedetas desta magnífica produção são Emilio Fernandez (El Índio), Maria Felix e Dolores del Rio, três actores já com provas dadas na chamada Meca do Cinema. Assim como Pedro Armendariz, que desempenha aqui um papel secundário ao lado dos também consagrados Antonio Aguilar e Flor Silvestre. A fotografia (em Eastmancolor) é da autoria do genial Gabriel Figueroa, um dos grandes cameramen da História do Cinema mexicano.
O enredo de «LA CUCARACHA» decorre em plena revolução (início do século XX) e desenvolve-se em torno da rivalidade -que acaba por transmutar-se em paixão avassaladora- entre o inflexível coronel villista Antonio Zeta (Emilio Fernandez) e a 'Cucaracha' (Maria Felix), uma passionária rural com grande influência entre os homens que o oficial deseja recrutar para os seus combates... «LA CUCARACHA» (que podemos assimilar, do ponto de vista temático, a muitos westerns norte-americanos fronteiriços) é um filme excelente. A ver absolutamente, ou a rever. Tive a sorte de ter encontrado em Espanha, aqui há cerca de um ano, uma cópia DVD desta fita, de qualidade muito razoável. Que me custou qualquer coisa como uns míseros 5 ou 6 euros.