«SOB A BANDEIRA DA CORAGEM»

Esta estupenda fita de John Huston (que a realizou em 1951) tem uma duração mínima : menos de 70 minutos. Mas é, não haja dúvidas, um dos grandes filmes do mestre. A acção da película «SOB A BANDEIRA DA CORAGEM» («The Red Badge of Courage») decorre durante a guerra civil e é a adaptação fílmica de um romance antimilitarista de Stephen Crane. Esta fita apresenta a particularidade de mostrar no papel de um soldado timorato (pelo menos aquando do seu baptismo de fogo) o herói mais condecorado da 2ª Guerra Mundial : um ex-major do exército norte-americano chamado Audie Murphy. O que não deixa de ser paradoxal. Disse-se deste filme, aquando da sua estreia em 1951, que era uma obra «com um tema ousado e com um propósito corajoso». Com efeito, nesse tempo, não era fácil abordar, perante um público maioritariamente, popular e pouco exigente, a história de um soldado que fraqueja diante do inimigo e que a todos mente para salvar a face; mas que, pouco a pouco, vai recobrando o ânimo, se reabilita e acaba por emparceirar com os mais corajosos dos seus companheiros de armas.

«SOB A BANDEIRA DA CORAGEM» é, além disso e quanto a mim, um dos melhores filmes da carreira de Audie Murphy, que contrariamente ao papel de herói sem medo e sem mácula dos seus outros westerns, encarna aqui a figura humaníssima do soldado Henry Fleming, a quem -tal como na realidade- é permitido ter dúvidas e ter medos. Muita gente ficará admirada por eu ter classificado esta obra como um western. Na verdade não o é ! -Mas toda a gente sabe que aos westernófilos agrada cultivar essa confusão entre as fitas do seu género preferido e as películas ambientadas na Guerra de Secessão. «SOB A BANDEIRA DA CORAGEM» foi filmado a preto e branco no vale de San Fernando (Califórnia) e foi produzida para a companhia Metro Goldwyn-Mayer. Para além do acima referido Audie Murphy, o realizador contou com a participação dos actores Bill Mauldin, Royal Dano, Douglas Dick,, John Dierkes, Arthur Hunnicutt e Andy Devine. Este filme de Huston intitula-se, no Brasil, «A Glória de Um Covarde».