sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

WESTERNS ARBORÍCOLAS

Os filmes de madeireiros são, pela especificidade da sua temática e pelo seu próprio quadro de acção -as grandes florestas do Oeste americano- uma espécie de sub-género do cinema western. Não são em grande número, mas compreendem, apesar de tudo, uma boa dezena de títulos que eu aqui quero recordar e registar. Isto, agindo segundo os caprichos da minha memória, que não se compadece com a ordem cronológica das estreias dessas fitas; nas quais, muitas vezes, os afiados machados dos lenhadores substituem os colts dos intervenientes de outros westerns. Assim, e à primeira impressão, lembro-me de «A DAMA DO RIO» («River Lady»), que George Sherman realizou em 1948 e que teve como principais intérpretes o trio formado por Yvonne de Carlo, por Rod Cameron e por Dan Duryea. É um filme fraquito, com um argumento que, francamente, me desiludiu. Bastante raro, só o pude ver em 2012, graças ao visionamento de um DVD editado em França. A história desenrola-se à volta de uma mulher, dona de um casino flutuante, que tenta seduzir o lenhador dos seus sonhos...
Bem mais interessante, embora não seja também ela um deslumbramento, é a fita «GIGANTES DA FLORESTA» («The Big Trees»), dirigida, em 1952, por Felix Feist e protagonizada por Kirk Douglas, por Patrice Wymore e por Eve Miller. Com algumas preocupações ecológicas, esta película historia a conversão de um insensível negociante de madeiras -que quer abater as seculares sequóias californianas- e a sua inesperada adesão à causa de uma comunidade 'quaker', que se bate para proteger esse património natural da avidez dos madeireiros. Mudança radical de atitude, que tem -nos doces e lindos olhos de uma mulher- a sua razão de ser. Lembro-me, igualmente, de «OS TIRANOS TAMBÉM MORREM» («Timberjack»), de Joseph Kane, 1955. Aqui as principais personagens têm as feições de Sterling Hayden, Vera Ralston e David Brian. O entrecho desta série B desenvolve-se em torno da rivalidade de dois sócios de uma exploração florestal, que descamba no assassínio de um deles. O filho, um engenheiro, volta à terra para elucidar o enigma da morte do seu progenitor e para vingar o crime.
Há ainda uma fita intitulada «DRAGÕES DA VIOLÊNCIA» («Guns of the Timberland»), datada de 1960, que foi realizada por Robert D. Webb. Francamente também não se reveste de grande interesse, apesar de apresentar um trio de muito bons actores : Alan Ladd, Gilbert Roland e Jeanne Crain. Conta os amores, ódios e rivalidades de um grupo de lenhadores e de fazendeiros, que acabam por unir-se para combater um enorme incêndio, que ameaça aniquilar o património florestal de toda uma região. E há «THE TRAIL OF THE LONESOME PINE» (de Henry Hathaway, 1936), com Fred McMurray, Sylvia Sidney e Henry Fonda. Filme cuja temática tem a ver com o preço a pagar pela modernidade, que chega -a uma região de florestas- com os caminhos-de-ferro. Recordome, também, de «O ESCRAVO DA MONTANHA» («The Shepherd of the Hills»), no qual a floresta aparece como pano de fundo de uma história de inamizade entre um pai e o seu filho. Realizado em 1941 pelo mesmo Henry Hathaway, esta fita recorreu aos serviços de John Wayne, Harry Carey e Betty Field. Resta-me juntar a esta lista (que não é exaustiva, longe disso) o título de um filme que bem se poderia considerar um western contemporâneo : «OS INDOMÁVEIS» («Sometimes a Great Notion»), realizado em 1971 por Paul Newman e interpretado pelo próprio, por Henry Fonda e por Lee Remick. A acção decorre no Oregon do século XX; e a mensagem é um hino ao sacrossanto espírito individualista do cidadão norte-americano. É também uma fita sobre o relacionamento entre membros de uma dinastia de madeireiros, com alusões claras a uma ligação incestuosa entre dois membros importantes desse clã familiar. Mas o quadro de western silvícola, está presente, em cada imagem deste drama, que tem um fim atroz.

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