sábado, 27 de julho de 2013

AS FLECHAS DOS PELE-VERMELHAS

O arco e as flechas eram das armas mais comuns e mais eficazes usadas pelos guerreiros e pelos caçadores ameríndios dos tempos que precederam a chegada dos invasores europeus. E só seriam, progressivamente, abandonadas por esses homens primitivos (do ponto de vista tecnológico, entenda-se) depois da introdução, nas Américas, das armas de fogo; armas que fascinaram os autóctones e que eles cobiçaram desde os primeiros encontros com os intrusos. As flechas dos pele-vermelhas eram fabricadas, segundo as regiões dos seus utilizadores, com madeiras de diferentes árvores e arbustos; que se deixavam secar para ganhar rigidez e qualidades balísticas. Eram de tamanhos distintos, segundo a origem e tradições dos seus  utilizadores e as suas pontas também eram diferentes, já que feitas com ossos de animais, com sílex e, após a chegada dos europeus, com fragmentos de metais forjáveis. Os primeiros desses projécteis até tinham, simplesmente e apenas, as pontas aguçadas e endurecidas pela acção do fogo. As flechas eram, de qualquer modo, munições fáceis de fabricar e muito temidas por todos os adversários de quem estava armado com um bom arco e equipado com uma aljava repleta de setas. A empenagem -dispositivo que ajudava à estabilização da haste durante a sua trajectória- também era diferente de nação para nação, de tribo para tribo, em função das aves que forneciam as plumas. Por outro lado, certos utilizadores personalizavam as suas flechas, decorando-as com sinais e símbolos que os identificavam pessoalmente ou que eram representativos do clã ao qual eles pertenciam. Na ponta extrema da haste, do lado da empenagem, era habitual talhar um engaste, fenda que permitia 'encaixar' a flecha na corda do arco e projectá-la com mais segurança e maior precisão. Muitos pioneiros brancos morreram trespassados por flechas ameríndias. Outros, que não foram atingidos de maneira letal, sofreram na carne, como se pode facilmente imaginar, as agruras da extracção de um corpo estranho, que se cravava profundamente no corpo ou num membro. Operação que se fazia, nesses tempos, sem recurso a produtos anestesiantes e que, muitas vezes, deixava sequelas irreversíveis e duradouras.

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