domingo, 18 de agosto de 2013

JOHNNY RINGO, O PISTOLEIRO

Johnny Ringo é uma dessas personagens da vida real e da (pequena) História do Oeste, que o cinema hollywoodiano -que nós tanto apreciamos- se encarregou de mitificar. A tal ponto, que a lenda se confunde com a realidade. Vários filmes evocaram a existência desse pistoleiro nascido, no ano de 1850, em Greensfork (Indiana) e encontrado morto, em circunstâncias ainda por esclarecer, em 14 de Julho de 1882, num lugar do Arizona chamado Turkey Creek Canyon. Antes de falar da sua relação com o cinema, quero referir que o seu cadáver apresentava um orifício na testa, feito com a ajuda de uma arma de fogo. O 'marshall' da localidade mais próxima -que investigou o caso- concluíu que se tratara de suicídio e arrumou o assunto. Quanto à populaça, aventou várias versões sobre o passamento deste 'badman' de apenas 32 anos de idade. Conhecido pelas sua malfeitorias individuais e por se ter metido em aventuras de carácter colectivo que deixaram rasto na memória das gentes do Oeste. Johnny Ringo participou, com efeito, na chamada Guerra do Condado de Mason, ocorrida no Texas em 1876, da qual resultou a morte de uma quinzena de pessoas. Por causa disso, Ringo ainda esteve preso preventivamente (numa cela onde se diz que também esteve encarcerado o famoso John Wesley Hardin), mas acabou por ser julgado e posto em liberdade. Contrariamente ao seu amigo e comparsa George Gladden, que apanhou 99 anos de cadeia. Outro recontro conhecido em que Ringo participou, pela certa, foi no famoso tiroteio de OK Corral, em Tombstone  (Arizona), depois de ter sido apontado pela 'vox populi' como o presumível assassino de Morgan Earp. Nessa época (1882), Ringo, cuja reputação de pistoleiro parece ter sido exagerada, trabalhava para os rancheiros Clanton, que eram (por boas ou más razões) os mais perigosos adversários de Wyat Earp e dos seus familiares e amigos. Entre os quais se encontrara o famoso dentista-batoteiro-pistoleiro Doc Holliday. Ringo, que escapara ileso à carnificina de OK Corral, acabou, pouco depois, da triste e enigmática maneira que acima expus : com um tiro na cabeça. Muita gente do tempo e do lugar rejeitou a tese do suicídio e atribuiu a sua morte a Holliday, com o qual Ringo já tivera desavenças públicas. Mas há outras versões mais ou menos fantasiosas sobre o fim deste pistoleiro; que, segundo o celebrado escritor (e estudioso da História do Oeste) Louis L'Amour, não era merecedor da fama de homem frio e perigoso que lhe colaram à pele. Escreveu este homem de letras que Ringo só se metia em encrencas sob o efeito do álcool, do qual ele abusava com uma certa frequência. A propósito de Ringo e do cinema western, quero lembrar que várias personagens usaram o seu apelido. Sem que todas elas façam forçosamente referência ao pistoleiro aqui evocado. Estou, sobretudo, a lembrar-me de «O Aventureiro Romântico» («The Gunfighter», de Henry King), onde a figura central se chama Jimmy Ringo e é um pistoleiro cansado de aventuras e que quer regenerar-se aos olhos da ex-mulher e de seu filho; ou de «Cavalgada Heróica» («Stagecoach», de John Ford), onde surge outro pistoleiro de nome Ringo Kid, cuja ambição é vingar a morte de seu pai e partir para nova vida na companhia de Dallas, uma mulher estigmatizada pelo seu passado de moça de 'saloon'. Além do nome comum e das suas condições de matadores profissionais, não vejo, realmente, afinidades com John Peters Ringo, verdadeiro nome da personagem em apreço. Em contrapartida, não subsistem dúvidas de que este Ringo de que falo é o mesmo que aparece em «Duelo de Fogo» («Gunfight at the OK Corral», de John Sturges), embora e como sempre, o respeito pela pessoa e pela sua história tenha sido alterada pelo guionista, no sentido de oferecer ao público aquilo que ele gosta de ver. Outros filmes (de menor importância na História do Cinema) e até séries de TV aludem a Ringo. Uma personagem de somenos importância na saga westerniana, mas que ficou a dever a sua imortalidade ao cinema de Hollywood.

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