segunda-feira, 19 de setembro de 2016

DIVAGANDO SOBRE AUDIE E WANDA

O texano Audie Murphy era, em 1949 -ano em que desposou a bonita actriz Wanda Hendrix- um dos homens mais populares e estimados de todos os Estados Unidos da América. Por duas razões : a primeira, por ter sido o soldado mais medalhado da Segunda Guerra Mundial e por ser considerado, por muita gente, um dos mais heróicos combatentes da História Militar do seu país; a segunda, por ter enveredado, no pós-guerra, por uma carreira de actor, que lhe granjeou visibilidade no mundo inteiro. Especializado em papéis de justiceiro westerniano, Murphy viu os seus filmes serem aplaudidos de Hollywood até Nova Iorque, e dali até aos mais recônditos lugares da Terra, onde existisse uma pantalha e um projector de películas. Em Portugal (onde já quase ninguém se lembra dele) Audie Murphy também foi muito estimado pelas suas 'coboiadas', que chegaram a atrair multidões aos cinemas de bairro. Falando da minha própria experiência, quero referir que uma das suas fitas («Onde Impera a Traição», de Frederick De Cordova, 1953) foi o primeiro ou o segundo filme ambientado no Faroeste que eu vi a cores. Um deslumbramento, embora eu reconheça, hoje, que esse western militar (aliás como muitas outras das suas fitas) nada tenha de extraordinário... Mas eram do agrado das plateias populares do mundo inteiro. Que viam nesses filmes de cowboys uma maneira de escapar a um quotidiano cinzento e (tal como acontecia em Portugal) sem grandes perspectivas de mudança. Wanda Hendrix era (como o seu primeiro e não-usado nome indicava, Dixie) originária do sudeste dos Estados Unidos, da Florida. Começou a trabalhar no cinema muito antes de conhecer e desposar Audie. Cujo matrimónio -contraído no dia 8 de Janeiro do acima indicado ano de 1949- não durou muito. Por causa (ao que se disse e escreveu) do carácter conflituoso do marido, que sofria, de toda evidência, de stress pós-traumático de guerra e que era incapaz de manter -com a sua 'entourage'- uma relação estável e duradoura. Dizia-se dele, que dormia com um pistolão escondido debaixo da almofada da cama e que, uma vez (já depois de consumado o divórcio com Wanda), despeitado pelo facto da actriz Jean Peters o ter rejeitado para casar com o produtor e multimilionário Howard Hughes, andou Audie uma noite inteira a vaguear pelas ruas e avenidas de Hollywood, armado de revólver, à procura do rival. Com a confessada intenção de o chumbar. Wanda teve uma carreira algo interessante, que terminou bruscamente em 1981, quando contraiu  a dupla pneumonia que a matou, com apenas 52 anos de idade. Audie morrera mais cedo -a 28 de Maio de 1971- também ele de maneira trágica; quando o avião particular em que viajava se despenhou sobre uma região montanhosa da Virgínia. O herói da vida real e de tantas fitas de cowboys vivera 46 anos. Foi a enterrar -com todas as honras militares- no Cemitério Nacional de Arlington, situado perto da capital federal. Para os amadores de westerns, que regularmente visitam este blogue, é bom lembrar que Wanda Hendrix protagonizou várias fitas do género, entre os quais «O Segredo da Montanha» («Sierra», 1950) ao lado de seu então marido Audie Murphy. E ainda quanto a este último, quero dizer que na sua filmografia -entre os 34 westerns e afins que ele nos legou- figuram algumas obras de grande nível, que atestam, de maneira indiscutível, que, quando bem dirigido, o actor era capaz de desempenhar com competência os papéis que lhe distribuíam. Estou a lembrar-me, por exemplo, de «Sob a Bandeira da Coragem» e de «O Passado Não Perdoa» (ambos realizados por John Huston), de «Bala Sem Destino» (de Jack Arnold) e de «Amizade Sangrenta» (de Harry Keller), entre outros.

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