OS WESTERNS DE WOODY STRODE

Atlético, simpático, modesto, diligente, Woody Strode não fez -em Hollywood- a carreira que, certamente, merecia. Empurrado, sistematicamente, para papéis de segunda ordem, este actor afro-americano sempre trabalhou na sombra das 'stars' do sistema, sem ter tido (praticamente) a possibilidade de demontrar que era mais, muito mais, talentoso do que algumas dessas vedetas. Woody Strode inscreveu o seu nome no genérico de alguns westerns memoráveis, a começar pel' «O SARGENTO NEGRO», de mestre John Ford (1960). Onde ele teve um papel preponderante : o de um militar da cavalaria americana acusado de homicídio, estrupro e deserção. Papel que ele representou de maneira perfeita, conferido muita dignidade à personagem de Braxton Rutledge. Em 1962, este actor participou num outro trabalho fordiano intitulado «TERRA BRUTA» (1961), onde encarnou a figura de Stone Calf, um atemorizante guerreiro Comanche. Foi ainda John Ford quem lhe ofereceu a sua terceira participação num filme do género, ao convidá-lo para integrar o grupo de artistas que fez a glória de um dos seus melhores westerns, a saber «O HOMEM QUE MATOU LIBERTY VALENCE» (1962). Filme onde Woody -no papel do serviçal Pompey- teve muito menos visibilidade. Já em «OS PROFISSIONAIS», uma produção de 1966, o realizador Robert Brooks confiou-lhe um dos principais papéis da fita ao lado de Lee Marvin, de Burt Lancaster e de Robert Ryan. Nesta fita, Strode é um dos quatro aventureiros contratados para resgatar a mulher (Claudia Cardinale) de um rico texano, pretensamente raptada por um guerrilheiro mexicano (Jack Palance). E estes foram, a par do 'spaghetti' «Aconteceu no Oeste», os westerns mais conhecidos com participação do homenageado. Outros vieram (para além de mais alguns filmes italianos cujos títulos acho não valer a pena mencionar aqui), como «SHALAKO» (de Edward Dmytryk, 1968), «THE DESERTER» (de Burt Kennedy, 1971), «THE REVENGERS» (de Daniel Mann, 1972), «THE GATLING GUN» (de Robert Gordon, 1972) e «WINTER HAWK» (de Charles B. Pierce, 1976). Woody Strode também participou em episódios de várias séries televisivas. Mas, quase sempre, como aconteceu, aliás, nas películas acima referidas, em papéis demasiadamente modestos para as suas reais possibilidades. Antes de enveredar pela carreira de actor, Woody Strode -que era natural de Los Angeles, cidade onde nasceu no ano de 1914- foi um atleta de alta competição, que nos anos 30/40 se celebrizou como jogador de futebol americano e como lutador profissional. Curiosidade : antes da realização dos Jogos Olímpicos de Berlim, em 1936, Woody posou para um artista plástico e venceu, com ele, um concurso de cartazes promocionais do evento. Isso valeu-lhe felicitações de um ministro de Hitler. O que, 'a posteriori', não deixa de ser caricato, quando se sabe o acolhimento que os nazis reservaram a Jesse Owens e a outros atletas negros... Woody Strode (que, em 1960, recebeu o Globo de Ouro atribuído ao Melhor Actor Secundário pela sua participação em «Spartacus», de Stanley Kubrick) faleceu a 31 de Dezembro de 1994 em Glandora, um subúrbio da sua cidade natal. Mas, graças, sobretudo, à sua interpretação magistral em «O SARGENTO NEGRO», ele continua vivo (e bem vivo !) na nossa memória.