sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

«ONDE IMPERA A TRAIÇÃO», O MEU PRIMEIRO WESTERN A CORES

Os filmes que vamos vendo ao longo da vida podem passar por nós sem deixar memórias; ou, então, marcam-nos, para sempre, por mil e uma razões. E eu sei porque motivo a fita «ONDE IMPERA A TRAIÇÃO» («Column South») me marcou. Não foi, certamente, por ser obra de esmerada qualidade, já que eu considero, há muito tempo, que este western militar -realizado em 1953 por Frederick de Cordova- é um dos trabalhos mais fraquinhos da filmografia de Audie Murphy. Na realidade, o que nesta película me marcou foi a cor. «ONDE IMPERA A TRAIÇÃO» foi, efectivamente, a primeira fita colorida que eu vi. Foi por essa razão, que provocou um verdadeiro choque, que eu fiquei fascinado e o guardei na minha memória... Vi esta película colorida por volta de 1957/58. Sei disso por duas razões : a primeira delas,  porque, no modestíssimo cinema do meu bairro, as fitas só eram exibidas uns 3, 4 ou 5 anos depois de estreadas em Lisboa e te terem sido vistas por metade do país. Geralmente, já ali chegavam (ao meu bairro) muito fatigadas, daí o facto de partirem duas ou três vezes durante a projecção e esse facto provocar assobios e protestos verbais; que podiam ir até às ofensas graves dirigidas, de viva voz, aos pobres dos projeccionistas; que, naturalmente, nada tinham a ver com essa deplorável situação. 
A segunda razão para eu me lembrar (aproximativamente) do ano em que, pela primeira vez, me deslumbrei perante esta fita colorida tem a ver com o facto de, por essa época, a chamada Comissão Geral dos Espectáculos colocar barreiras etárias em todos os filmes exibidos em Portugal. E de eu só -naqueles anos- poder apresentar-me (com os meus 12/13 anos de idade) diante do apertado controle da censura; que, nos cinemas modestos, era sistematicamente constituído por um medroso pica-bilhetes e por um representante da autoridade policial. Sendo que, no cinema do meu bairro, este último vestia a farda de um severo e inflexível soldado da Guarda Nacional Republicana. E já agora que falei de «ONDE IMPERA A TRAIÇÃO» (a não confundir, como já adverti noutro 'post', com o filme que, no Brasil, usa o mesmo título) aqui deixo alguma informação sobre essa película.
Conta a história da guarnição de um forte do Oeste, que -em vésperas de rebentar a Guerra de Secessão- tem problemas em assegurar, de maneira coesa, a defesa de um território ameaçado pelos índios Navajos e em entender as manobras dúbias de um general, que quer entregar os efectivos da fortaleza aos dissidentes sulistas. Isso, embora muitos dos oficiais e soldados da guarnição serem fiéis à autoridade federal e favoráveis à sua política da unidade da nação a todo o preço. Esta película tem, no seu elenco artístico e para além do já citado Audie Murphy, os actores Ray Collins, Joan Evans, Palmer Lee, Russell Johnson, Dennis Weaver e Jack Kelly. Foi produzida pela companhia Universal e tem uma duração de 84 minutos. E já agora, deixai-me referir o nome do mágico director da fotografia -a cores- que tanto me fascinou : Charles P. Boyle. Tenho uma excelente cópia deste (quase insignificante) western, que já foi editado em França com o título «L'Héroïque Lieutenant». No Brasil chama-se «Jornada Sangrenta».

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Amigão, você está confundindo. O filme Onde Impera a Traição é The Duel At Silver Creek e não Column South.

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  3. Xispagato, obrigado pelo seu comentário. Na realidade não há engano. No Brasil «COLUMN SOUTH» tem o título de «JORNADA SANRENTA», mas em Portugal chama-se mesmo -e disso não tenho a mínima dúvida»- «ONDE IMPERA A TRAIÇÃO». Quanto a «THE DUEL AT SILVER CREEK» (que no Brasil é chamado, com efeito, «ONDE IMPERA A TRAIÇÃO») é conhecido aqui, em Portugal, pelo título «A CIDADE DO PECADO». Confusões aborrecidas, devidas, porventura, à falta de diálogo entre os distribuidores de filmes de Portugal e do Brasil. Infelizmente, há mais casos desta natureza, que só provocam confusão entre os cinéfilos dos dois países. Um abraço.

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