quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

A LEI DAS SÉRIES : «TWO FACES WEST»

Esta série TV de sabor westerniano teve 39 episódios de 30 minutos cada um (com fotografia a preto e branco) e foi divulgada -pela primeira vez- nos Estados Unidos em 1960-1961. A acção decorre em finais do século XIX, numa cidadezinha de nome Gallison, situada (teoricamente, já que é fictícia) no sul do Colorado. As personagens mais importantes da localidade são os irmãos (gémeos) Dick e Ben Allison, que ali exercem, respectivamente, as profissões de xerife e de médico. Apesar das diferentes funções e da desigualdade de carácteres, ambos se dão muito bem e se completam; não hesitando unir esforços e bater-se, lado a lado, quando está em jogo o bom nome e a tranquilidade de Gallison City. A ideia (bastante original) não garantiu, porém e infelizmente, a esta série uma longa permanência nos pequenos ecrãs domésticos. «TWO FACES WEST» recebeu muitas 'guest stars', hábito instalado neste tipo de produções. O intérprete principal (que interpreta, simultaneamente, os papéis do xerife e do clínico) é o actor Charles Bateman. Vi alguns episódios de «TWO FACES WEST», que foi difundida em França (com o título «L'Ouest aux Deux Visages»), país onde eu residi várias décadas.

«HOMENS VIOLENTOS»

Curiosamente, um dos grandes temas deste western de Rudolph Maté é o da traição conjugal. Que, refiro, não é muito corrente neste género de cinema. A pecadora de serviço é, neste formidável filme de cowboys, a estimada actriz Barbara Stanwyck; que, como sempre, empresta à sua personagem, a fuga e a força de carácter que a distinguem das outras estrelas de Hollywood. «HOMENS VIOLENTOS» («The Violent Men») foi lançado em 1955 pela companhia Columbia Pictures e obteve um merecido sucesso junto da crítica e do público. Isso, embora algumas almas torturadas tivessem tentado apoucá-lo, por causa da ousadia inerente ao tema acima mencionado. «HOMENS VIOLENTOS» mostra-nos uma guerra entre uma poderosa família de rancheiros, cuja ambição desmedida provoca um conflito, sangrento e sem quartel, contra os seus mais modestos vizinhos. De entre os quais se destaca um ex-oficial do exército (Glenn Ford), que não pactua com os déspotas, apesar de acabar por ficar noivo da sua filha e herdeira. Outros actores do elenco : Edward G. Robinson, Dianne Foster, Brian Keith, May Wynn e Warner Anderson. No Brasil, esta fita colorida, com 93 minutos de duração, intitula-se «Um Pecado em Cada Alma». Tenho uma excelente cópia DVD deste clássico, que adquiri em Espanha, país onde o dito se intitula «Hombres Violentos». E que oferece, entre outras vantagens, legendagem em língua portuguesa.

AUGUSTO TRIGO, UM ARTISTA, AUTOR DE BD's


Augusto Trigo é um dos melhores ilustradores portugueses de banda desenhada. De Sempre ! Nascido em Bolama, na Guiné, em 1938, deixa essa então colónia portuguesa da África ocidental aos 7 anos de idade, após o falecimento de seu pai. Em Lisboa, ingressou na Casa Pia, onde revelou grande aptidão no domínio das artes e onde (na secção de Pina Manique) seguiu cursos de talha e escultura sob a direcção do artista Martins Correia. Depois de ter saído daquele estabelecimento de ensino, ainda trabalhou na capital portuguesa (em 1957) como ilustrador publicitário. Mas, no ano seguinte, regressou a África para se juntar à mãe e aos irmãos que ali haviam permanecido. Por lá arranjou trabalho como desenhador de cartografia e se entregou à pintura nos seus momentos de lazer. Muito apreciados, os seus óleos e aguarelas –versando, quase sempre, sobre paisagens da sua terra natal e sobre a vida quotidiana dos povos guinéus- despertaram o interesse das autoridades locais, que lhe encomendaram várias obras. Após a independência, ainda trabalhou no país, nomeadamente no ensino e realizou trabalhos notáveis, pintando nomeadamente um quadro para o Banco Nacional, que foi reproduzido na primeira nota de 1 000 pesos emitida na Guiné-Bissau. Voltou a Lisboa, definitivamente, em 1979. E foi nesse ano que, à sua restante actividade artística, juntou as histórias aos quadradinhos, campo onde se mostrou exímio. Começou, nesse domínio –que é aquele que nos interessa muito especialmente- na popular revista «O Mundo de Aventuras», estreando-se com uma história intitulada «O Visitante Maldito». Trabalhou também, nesse tempo, para o «Jornal do Exército», onde publicou quadrinhos de inspiração histórica. Data igualmente desse tempo, a sua profícua colaboração com o argumentista Jorge Magalhães, com quem formou uma excelente dupla. No domínio do western, destacam-se BD's como «WAKANTANKA» ou «A SOMBRA DO GAVIÃO». Mas, a sua obra é vastíssima e variada, devendo-se-lhe, entre muitas outras obras, a ilustração de manuais escolares, a ilustração (integral) da colecção ‘Clássicos Juvenis’, das edições Verbo, a colecção ‘Lendas de Portugal em Banda Desenhada’, da ASA, etc, etc. Augusto Trigo (que também foi o argumentista de algumas das suas histórias aos quadradinhos) foi alvo de muitas e merecidas homenagens, nomeadamente por parte do Festival Internacional da Banda Desenhada da Amadora, que lhe atribuiu um troféu em 1992 e que lhe dedicou uma exposição retrospectiva no ano 2000.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

«PEQUENO GRANDE HOMEM»

Esta magnífica película de Arthur Penn inicia-se com o relato do ancião Jack Crabb, que pretende ter 121 anos de idade e ter sido o único sobrevivente branco da batalha de Little Big Horn... «PEQUENO GRANDE HOMEM» («Little Big Man»), estreado em 1969, é uma obra picaresca, que diz a rir muitas verdades sobre a guerra movida aos índios da Grande Pradaria e que encontrou, nos actores Dustin Hoffman, Faye Dunaway, Jeff Corey e noutros mais, os profissionais certos para darem corpo e voz a este western único, no qual o drama e a sátira marcaram lugar. Os 150 minutos de duração dete filme colorido podem parecer intermináveis a muita gente; mas nunca àqueles que têm o humor suficiente para viver -calmamente- esta dimistificação (por vezes necessária) feita pelos brancos da Conquista do Oeste. A interpretação de Hoffman é realmente soberba, inesquecível e é também, porventura, um dos seus mais meritórios trabalhos cinematográficos. Não sei se existe cópia videográfica deste filme em Portugal. Quanto à sua difusão no resto da Europa, em suporte DVD e 'Blu-ray, está generalizada.

FORT ROSS, UMA COLÓNIA RUSSA NA CALIFÓRNIA

Parece que o nome de 'Ross' dado a esta fortaleza implantada pelos súbditos do czar -no ano de 1812- em terras californianas, é uma corruptela da palavra 'russo'; que indiciava a nacionalidade desses colonos vindos do outro lado do Pacífico, depois de terem conquistado a Sibéria e o Alasca. Esse forte, respectivas dependências e território adjacente formam, hoje, uma entidade protegida, que é conhecida por Fort Ross Historic State Park. Que foi criada no ano de 1906, com o intuito de preservar a memória de uma odisseia pouco conhecida, até dos próprios cidadãos dos E.U.A.. Localizado a norte de San Francisco, a cerca de 2 h 30 de automóvel dessa cidade, Fort Ross compreende várias casas, edifícios administrativos, uma igreja ortodoxa, etc, rodeados por uma paliçada defensiva, construída com troncos de árvores ao estilo dos fortes popularizados pelo cinema hollywoodiano. Este conjunto fortificado era um posto avançado, onde equipas de caçadores e de negociantes angariaram -durante 30 anos- mantimentos para abastecer as colónias russas do Alasca. Curiosamente, esta região foi vendida, em 1841, pelos representantes da autoridade imperial ao negociante John Sutter, emigrante suíço cujo nome está associado à descoberta de ouro na Califórnia. Como muitas outras dezenas de Parques Estaduais, esta zona reservada esteve ameaçada de abandono por parte das autoridades californianas, a braços com a crise financeira mundial, que também as afecta. Um compromisso foi assinado, em 2012, entre o governo de Sacramento e uma grande empresa russa, que se comprometeu desbloquear as somas necessárias à conservação deste pedaço da História da colonização russa da América do norte.

MAIS NOVIDADES... EM FRANÇA

Tal como acontece no dinâmico mercado videográfico da vizinha Espanha, os DVD 's com cópias de westerns continuam a surgir, a bom ritmo, em França. País onde este género de cinema não é considerado 'um divertimento de coitadinhos'. Na velha Gália -referência da cultura universal- o western é merecedor de respeito por parte de muitos e muitos milhares de cinéfilos; que esperam, ansiosamente, pelas cópias dos grandes clássicos (já quase todos eles gravados e comercializados), mas, sobreudo, pelas reproduções de fitas de série B, que os encantaram na sua juventude. Estas obras (de aparência insignificante) são depois comentadas, discutidas e analisadas, segundo a sensibilidade de cada um, em dezenas de blogues da Internet consagrados ao «'género mais genuino do cinema americano» e até em artigos de jornais e em livros. Na forja dos editores franceses e prontos para sair nas próximas semanas já se encontra mais uma boa dezena de títulos. Dos quais aqui falaremos em tempo oportuno. Para os interessados por estas novidades, aqui deixo a menção de três inéditos, tanto no mercado local, como no nosso : «SANGUE NO RIO» («Powder River», de Louis King, 1953), «MOHAWK» (mesmo título, de Kurt Neumann, 1956) e «O REBELDE ORGULHOSO» («The Proud Rebel», de Michael Curtiz, 1958). Pena é que os títulos em causa raramente tenham legendagens em língua portuguesa...

«DJANGO LIBERTADO» = 2 'OSCARS'


Finalmente, e apesar da polémica gerada à sua volta, o western de Quentin Tarantino «DJANGO LIBERTADO» («Django Unchained») lá conseguiu arrancar 2 dos 'Oscars' em disputa em 2013. O que não deixa de ser notável, considerando a pouca importância que a Academia de Cinema tem dado, ao longo da sua história, ao género Western. Os galardões foram os reservados ao Melhor Argumento Original e ao Melhor Actor Secundário. Recompensando, este último, um muito inspirado Christoph Waltz. Bravo !!!

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

«DUELO NA CIDADE FANTASMA»»


«DUELO NA CIDADE FANTASMA» («The Law and Jake Wade») tem realização de John Sturges, é uma produção da M.G.M e foi estreado no ano de 1955. Este filme é um dos bons westerns de finais dos anos 50 e coloca, frente a frente, dois excelentes actores do género : Robert Taylor e Richard Widmark. Que, nesta obra, são coadjuvados por outros bons actores, tais como Patricia Owens, Robert Middleton e Henry Silva. Com guião de William Bowers, esta fita conta-nos a história de dois antigos bandoleiros (um deles tornou-se xerife e cidadão arrumado, enquanto o segundo prosseguiu pela senda do crime) que se encontram e vão afrontar-se por causa de um pretenso tesouro, escondido numa cidade abandonada e cercada por pele-vermelhas hostis por todos os lados. Bem dirigido, bem interpretado, com acção decorrendo a bom ritmo, este western -colorido e com 86 minutos de duração- corresponde àquilo que melhor se fez no final da chamada 'Década de Ouro' do cinema do género. «DUELO NA CIDADE FANTASMA» tem o mesmo título no Brasil e ainda não tem DVD editado entre nós. O que é uma aberração, visto este western clássico por cá ter beneficiado de uma gravação videográfica no tempo das cassetes VHS.

«O COMBOIO DAS 3 E 10»


Pensando bem, «O COMBOIO DAS 3 E 10» («3: 10 to Yuma») é, de todos os westerns realizados por Delmer Daves -que foram muitos e bons- o meu preferido. É uma fita que eu coloco nos 'píncaros da lua', já que a incluo, sem remorsos, no 'top 15' das minhas películas (do Oeste) de eleição. Neste filme tudo me fascina : a história daquele modesto e bravo rancheiro que vai correr riscos tremendos para salvar a sua terra e o seu gado ameaçados pela seca e, igualmente, para se valorizar aos olhos dos seus próprios familiares, que, por momentos, parecem duvidar das suas capacidades de pai e de cidadão. Mas aprecio, também, a qualidade técnico-artística desta película, dirigida com mão de mestre, com bons actores (Glenn Ford, Van Heflin, Patricia Farr...) e que se impõe pela sua plástica perfeita (a fotografia a preto e branco de Charles Lawton Jr. é magnífica) e pela sua música -assinada por George Duning- que é inesquecível. Produzido para a Columbia Pictures, «O COMBOIO DAS 3 E 10» (que se chama no Brasil «Galante e Sanguinário») tem uma duração de 92 minutos e já está editado em DVD na maioria dos países europeus. Em Portugal, contudo, ainda se espera pela sua comercialização. Vá lá saber-se porquê ?

domingo, 24 de fevereiro de 2013

FRANÇA : NOVA BD WESTERN

Tomei há pouco conhecimento de que surgiu, em França, nova banda desenhada consagrada à saga westerniana. Trata-se, desta vez, de «PINKERTON - DOSSIER JESSE JAMES», primeiro número de uma série de álbuns consagrados às investigações dos detectives de uma agência que, durante o século XIX, lutou contra a criminalidade. No Oeste dos 'states', mas não só. A obra está assinada por Damour e Guérin, dois autores que eu confesso ainda não conhecer. Mas que, à primeira vista, me parecem ser excelentes. A ver vamos... A edição é da casa Glénat, que tem pergaminhos no domínio da publicação de Histórias aos Quadradinhos. Aqui fica o aviso !

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

«CARAVANA DE MULHERES»


Na segunda metade do século XIX, a Califórnia era ainda uma terra onde escasseavam as mulheres. Sensível à solidão dos seus vaqueiros, um grande rancheiro, por lá estabelecido, decide ir a Chicago, na companhia do seu homem de confiança, para ali recrutar um grupo de mulheres interessadas na emigração para aquela terra distante e totalmente livres; ao ponto de aceitarem casar-se com os homens que, ansiosamente, as esperam. A travessia do continente é, no entanto, das mais perigosas e as mulheres são advertidas de que, muitas delas, ficarão pelo caminho... As mais corajosas vão aceitar o repto, enfrentar o seu destino e viver mil e uma aventuras num teritório imenso, onde pululam índios ameaçadores, bandoleiros sem escrúpulos, animais ferozes e onde a Natureza prepara -aos intrusos- surpresas nem sempre agradáveis. Esta verdadeira epopeia foi realizada, em 1951, para a produtora MGM, pelo conceituado realizador William A. Wellman. O guião, da autoria de Charles Schnee, foi inspirado numa história de Frank Capra. «CARAVANA DE MULHERES» («Westward the Women») é uma excelente fita rodada em cenário natural, filmada a preto e branco e com 118 minutos de duração. O seu elenco (essencialmente feminino) é constituído por Robert Taylor, Denise Darcel, Hope Emerson, John McIntire, Julia Bishop, Lenore Lonergan, Henry Nakamura, Marilyn Erskine, Beverly Dennis e Renata Vanni. Tenho uma excelente cópia DVD deste sublime western, adquirida em França. Esta película tem, curiosamente, no Brasil, dois títulos : «Caravana Maldita» e «Poder de Mulher».

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

À GRANDE E À... AMERICANA !


Este 'pack' de westerns contém 100 filmes ! -Pode ser adquirido em vários 'sites' da Internet, mediante duas condições : 1º- falar fluentemente a língua inglesa (e percebê-la), porque esta apetecível peça é proposta exclusivamente em V. O., sem outras opções idiomáticas; 2º- ter em casa um leitor de DVD's do tipo 'multistandard', capaz de ler os produtos da zona 1.

«CHALLENGE»

Esta belíssima aguarela, intitulada «Challenge», é obra de um artista de nome Jimmy Smith. Mostra um guerreiro pele-vermelha das Grandes Pradarias brandindo uma carabina, em evidente e provocador sinal de desafio. Repare-se na sua montada -um mustang de pelagem sarapintada-  e nas suas roupagens, que são um misto de peças confeccionadas (com peles de bisonte) pelas mulheres do seu clã e de tecidos de lã, adquiridos por troca feita com um traficante branco ou mestiço. Mas atente-se, sobretudo, no seu magnífico cócar de plumas de águia; a denotar que a personagem retratada é alguém importante na hierarquia da sua tribo.

«O AVENTUREIRO DO OREGON»

Senti durante muito tempo e em relação a este filme, muita curiosidade. Pelo facto de não ter tido a ocasião de vê-lo, em tempo próprio, nos cinemas que frequentei na minha juventude. Só o pude visionar no passado ano, graças a um DVD lançado em Espanha e que eu me apressei a adquirir. Confesso que fiquei extremamente desapontado com a qualidade desta obra assinada pelo realizador Gene Fowler, que a dirigiu em 1959, a pedido da 20th. Century-Fox. «O AVENTUREIRO DO OREGON» («The Oregon Trail») é, digo-o sem rodeios, uma fita medíocre. E, com toda a certeza, o pior western protagonizado pelo actor Fred MacMurray, que aqui personifica o herói da fita. Esta insignificante película colorida, tem uma duração total de 86 minutos. Que parecem durar horas, de tal modo a fita é monótona e desporvida de interesse. Se a recordo aqui, é porque este 'blog' está vocacionado para memorizar tudo sobre o cinema e as 'coisas' do Oeste : o muito bom, o aceitável e o péssimo. Outros actores do elenco : William Bishop, Nina Shipman, Gloria Talbot, Henry Hull, John Carradine, John Dierkes, etc.

«BARREIRAS SANGRENTAS»

Western de Lewis A. Foster datado de 1949. Com chancela da Paramount Pictures, esta fita colorida tem uma duração de 92 minutos e apresenta, nos principais papéis, os actores John Payne, Gail Russell, Sterling Hayden, George 'Gabby' Hayes, Dick Foran, Eduardo Noriega e Henry Hull. O primeiro citado encarna a figura de um jovem advogado que se estabelece na cidade texana de El Paso depois da guerra civile e que compreende rapidamente que, naquele tempo e naquele lugar, o Colt 45 fala mais alto e é mais respeitado do que todos os livros de leis. É, pois, utilizando esse instrumento de morte que ele vai acabar com os fora-da-lei que reinam sobre essa cidade da fronteira. Filme clássico, sem surpresas, mas que proporciona, ainda assim, alguns momentos de puro prazer. Curiosamente, esta fita teve (em França, onde eu residi) uma cópia videográfica VHS, mas não dispõe ainda, na Europa, de pendente gravado sobre suporte DVD. Que pena...

'MUD WAGON'

Geralmente mais rústicas, menos confortáveis e menos vistosas do que as diligências do tipo 'Concord', as denominadas 'Mud Wagon' (literalmente 'carros da lama') eram carruagens destinadas a circular por caminhos mais difíceis, menos carroçáveis, frequentemente enlameados. Daí o seu nome. Mais leves do que as suas ilustres rivais, apesar da sua robustez, estas diligências apresentavam-se, quase sempre, sem portas laterais. Para protecção dos viajantes e quando necessário, bastava cerrar as cortinas de lona que as equipavam e que ofereciam algum resguardo contra a poeira e contra as intempéries. As 'Mud Wagon' -que custavam cerca de 1/3 do preço das 'Concord'- eram geralmente puxadas por três parelhas de mulas e podiam transportar uma quinzena de passageiros em condições de conforto algo rudimentares. Vários tipos de veículos receberam esta designação, sendo alguns deles carros improvisados, que respondiam à morfologia das regiões onde circulavam e, também, às necessidades das pessoas que os utilizavam. Mas havia, nos Estados Unidos, empresas especializadas na construcção deste tipo de viaturas, tais como a firma MP Henderson & Son, de Stockton. Por vezes, no cinema western, lá aparece uma 'Mud Wagon', para quebrar a monotonia das elegantes e omnipresentes diligências 'Concord'. Que, naturalmente, não foram (longe disso) as únicas viaturas de passageiros a calcorrear as perigosas pistas do Faroeste.

A LEI DAS SÉRIES : «A FLECHA QUEBRADA»

Inspirada pela famosa longa metragem (com o mesmo título) realizada por Delmer Daves, esta série de televisão comportou 73 episódios de 30 minutos cada um. «A FLECHA QUEBRADA» («Broken Arrow») relata episódios -alguns reais, outros inventados- da guerra movida pela cavalaria dos Estados Unidos contra os Apaches e -apesar dessa conflituosa situação- a amizade de Cochise e de Tom Jeffords. Dois homens de boa vontade, que sempre acreditaram que, apesar das suas diferenças, os homens brancos e os autóctones do Sudoeste poderiam entender-se e viver em paz. Criada em 1956 para a rede ABC, esta série televisiva durou duas temporadas. Os principais intérpretes foram Michael Ansara (no papel de Cochise) e John Lupton (no de Tom Jeffords). «A FLECHA QUEBRADA» teve algum sucesso junto do público, nomeadamente europeu.

«AMEAÇA DE MORTE»

«AMEAÇA DE MORTE» («At Gunpoint») foi realizado em 1955 por Alfred L. Werker. Trata-se de uma fita colorida, com 77 minutos de duração, que foi produzida para os estúdios Allied Artists. Os intérpretes principais deste western de modesto orçamento são Fred MacMurray, Dorothy Malone e Walter Brennan. A acção decorre numa pacífica cidadezita do Faroeste em finais do século XIX e a história contada é a seguinte : uma quadrilha assalta o modesto banco local e, na sua fuga precipitada, abate mortalmente o xerife da terreola, que lhes fez frente. Um comerciante, julgando-o apenas ferido, precipita-se para lhe prestar ajuda e é, ele próprio, alvejado pelos malfeitores. Num gesto de autodefesa, o homem visa, com a arma do xerife, o chefe dos bandoleiros e acerta-lhe em cheio. Apesar de ele ter avisado , desde logo, que se tratara de um golpe da sorte, a verdade é que os seus conterrâneos o 'promovem' a atirador de elite. Vítima da sanha dos salteadores, que tentam assassiná-lo, o comerciante solicita a ajuda dos seus amedrontados conterrâneos e amigos; que não encontram melhor solução do que aconselhá-lo a abandonar a cidade com a sua família. Perante a determinação do comerciante, a população da terra, totalmente acobardada, esconde-se em suas casas. Mas, quando a quadrilha volta à cidade para o ajuste de contas final, as pessoas ganham coragem e acabam por recebê-las com as armas na mão, contrariando, assim, os sinistros planos dos pistoleiros. «AMEAÇA DE MORTE» é um simpático western, bem realizado e com uma boa dose de 'suspense'. Os actores, cujos nomes já citei, são bons e concorreram para dar credibilidade a esta fita de Werker. Cineasta que tem de ser considerado, definitivamente, como um realizador meritório, competente. Tenho uma bela cópia deste western. Comprei-a em Espanha, onde o filme foi editado em DVD e se intitula «Así Mueren los Valientes». E já agora refiro, sempre a título de curiosidade, que esta película se chama, no Brasil, «Mancha de Sangue».

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

MÃOS AO AR !!!

Os assaltos a diligências, a comboios e a bancos figuram entre as actividades mais rendosas (e também mais perigosas) dos bandoleiros norte-americanos da segunda metade do século XIX. A sua prática acentuou-se (e proliferou) com o fim da guerra de Secessão (1861-1865) e com o regresso à vida civil de dezenas e dezenas de milhar de soldados desmobilizados. Que nem todos conseguiram (ou quiseram) arranjar um ganha-pão legal, como aquele que os ocupava e lhes garantia o sustento antes de serem obrigados a participar num conflito brutal, que os marcou profundamente. Tanto física como psicologicamente. Não admira, pois, que esse tema dos roubos com violência seja um dos tópicos recorrentes do cinema western... Que, durante algumas décadas (aliás desde «The Great Train Robbery», realizado em 1903), produziu centenas (se não milhares) de cenas de ataques à mão armada a composições ferroviárias, a bancos e às diligências das companhias Wells-Fargo, Butterfield e outras. Para a grande maioria dos espectadores, amantes do cinema do género, essas cenas de brutalidade não passam de puro folclore. Mas eu, que, na realidade, já fui alvo de um inaudito assalto à mão armada, que teve consequências quase fatais para dois dos meus colegas de trabalho; que foram feridos por disparos de revólveres de 11 mm (o calibre mais poderoso utilizado por armas e punho), não vejo as coisas dessa mesma maneira. E confesso que, durante muito tempo, carreguei o trauma provocado na manhã desse dia de Dezembro de mil novecentos e noventa e tal. Quando vários bandidos armados (com pistolões e granadas defensivas) atacaram a agência bancária onde eu trabalhava e que se situava, não numa ignota cidadezeca do Faroeste, mas em pleno coração de Paris. No 9º bairro da 'Cidade-Luz', a menos de 100 metros da famosa Ópera Garnier... e de uma esquadra de polícia.

AS ARMAS DO OESTE : O REVÓLVER LE MAT, MODELO 1860

O revólver Le Mat, modelo de 1860 foi uma das armas mais populares entre os oficiais da Confederação dos Estados do Sul e, finda a guerra civil, foi também uma das mais divulgadas entre a população civil. Do sudoeste dos Estados Unidos, muito  especialmente. Esta arma foi inventada por um cavalheiro de origem francesa, o Dr. Jean Alexandre Le Mat, estabelecido na cidade de Nova Orleães, que chegou a ter manufacturas em Filadélfia, Paris e Londres. Quando rebentou a também chamada guerra de Secessão, a primeira empresa foi neutralizada pelo governo federal e foi a partir das firmas de armamento sedeadas na Europa que o Le Mat passou a abastecer o exército dos dissidentes. Sabe-se que um dos mais famosos utilizadores e divulgadores deste revólver foi o general Beauregard, um dos heróis sulistas dos campos de batalha. Esta arma de simples acção pesava (descarregada) 1,41 kg e media 356 mm de comprimento. Fabricada a vários milhares de exemplares, este poderoso revólver disparava projéteis de calibre 44, que tinham um alcance máximo de 100 metros. Mas o seu tiro era preciso só a meia distância. Esta arma caracterizava-se, curiosamente, pelo facto de ter dois tambores, podendo o principal desses carregadores rotativos receber 9 balas e o secundário ser dotado com munições disparando zagalotes ou metralha similar. Daí o seu poder de fogo ser considerado excepcionalmente mortífero. A Confederação encomendou 5 000 destas armas às manufacturas europeias, mas dificuldades com a importação das ditas, condicionada pelo bloqueio nortista aos portos da orgulhosa 'Dixie', limitaram o seu uso pelos rebeldes que, segundo certas estimativas, só teriam recebido à volta de 2 500 destes revólveres. Depois da paz de Appomatox, grande número destas armas ficaram na posse de militares desmobilizados, sendo muitas delas vendidas a civis, como já acima foi referido.

PROCURA-SE : «AS CRIMINOSAS DO TEXAS»

A maior virtude de um westernófilo é, muito provavelmente, a curiosidade. O amador de filmes ambientados no Faroeste tem sede de tudo ver; mesmo se, em relação a certos títulos, ele está de pé atrás e parte para o seu visionamento com uma taxa elevada de desconfiança. É, talvez, o que se passa comigo no referente a este filme de Jorge Lopez Portilho (que é um western 'made in USA', apesar do nome e apelidos do seu realizador), que estreou no ano de 1960. Mas, para ter certezas quanto à qualidade (ou falta dela) de «AS CRIMINOSAS DO TEXAS» é necessário, antes de mais, encontrar uma cópia. Devidamente dobrada ou legendada nas línguas que eu entendo bem : o português, o francês e o castelhano. O que até agora ainda não acontteceu... Esta modesta série B conta a história de um xerife e dos seus auxiliares, que escoltam um grupo de cinco condenadas a pesadas penas de cadeia, que eles escoltam -numa diligência- até ao presídio texano de Del Rio. Pelo caminho, os representantes da autoridade vão não só encontrar índios belicosos, mas, também, o amante de uma das condenadas, que vai recorrer à violência para tentar libertar a sua amada... «AS CRIMINOSAS DO TEXAS» («Five Bold Women») tem, na interpretação dos principais papéis, os actores Jeff Morrow, Merry Anders, Jim Ross, Guinn 'Big Boy' Williams, Irish McCalla, Kithy Marlowe e Lucita Blain. A fita é colorida e tem 82 minutos de duração.

«UM REBELDE NA CIDADE»

Excelente western de Alfred L. Werker, «UM REBELDE NA CIDADE» (Rebel in Town») foi realizado em 1956 e tem como principais intérpretes os actores John Payne, Ruth Roman, J. Carrol Naish, Ben Cooper, John Smith e Ben Johnson. A história começa assim : antigos combatentes confederados (todos membros da mesma família), que viram as suas propriedades roubadas pelos vencedores da Guerra Civil, colocaram-se fora da lei e vivem agora de pilhagens. Numa cidade do Oeste, onde viera apreciar as possibilidades de assaltar o banco local, um deles é surpreendido pelo estalido de uma pistola de brincar e abate, instintivamente e por inadvertência, a criança que com ela se divertia. Os pais do menino adoptam, perante o drama, reacções diferentes. Enquanto a mãe compreende e perdoa, o pai jura vingar o filho perdido na flor da idade... Esta fita a preto e branco (com 78 minutos de duração) é uma produção da United Artists. Nunca tive a sorte de ver esta película. Essa lacuna vai (espero eu) ser preenchida já nos próximos dias, pelo facto de, há pouco, a respectiva cópia ter sido editada em Espanha. Já encomendei o DVD; que, nos 'sites' de venda da Internet custa à volta de 12 euros. O título brasileiro desta fita é «Sede de Matar»; e, em Espanha, é (como o atesta a capa do DVD aqui reproduzida) «Rebeldes en la Ciudad». O filme «UM REBELDE NA CIDADE» nunca foi distribuído comercialmente em França. Mas foi exibido na Bélgica francófona com o sugestivo título «Je te Vengerais Mon Fils».

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

«TÊMPERA DE HERÓI»

Este é um dos excelentes westerns realizados para os estúdios Columbia Pictures por Budd Boetticher. Datado de 1958, «TÊMPERA DE HERÓI» («Buchanan Rides Alone») tem na figura granítica de Randolph Scott a encarnação da sua principal personagem : Buchanan. Que, de regresso do México, faz etapa na localidade fronteiriça de Agrytown, onde é espoliado de todos os seus haveres pelos membros de uma família corrupta e dominadora. Pouco dado a comer e calar, Buchanan vai, com a cumplicidade do seu novo amigo Juan de la Vega, enfrentar os irmãos Agry e acabar com a sua tirania. Muito agradável de se ver, esta película colorida (e com 78 minutos de duração) tem guião inspirado num romance de Jonas Ward intitulado «The Name's Buchanan». Na ficha artística de «TÊMPERA DE HERÓI» ressaltam os nomes de Craig Stevens, Barry Kelley, Tol Avery, Peter Whitney, Manuel Rojas, L. Q. Jones, Joe de Santis e Nacho Galindo. Detalhe interessante : a fotografia deste filme tem a marca de um grande profissional de Hollywood chamado Lucien Ballard. Esta fita já tem edições DVD por toda a Europa (Grã-Bretanha, Espanha, França...), mas a sua cópia tarda a surgir no nosso país. Em contrapartida,  esta película foi transmitida (há relativamente pouco tempo) pelos canais de cinema da nossa televisão por cabo/satélite. O seu título no Brasil deste bom western é «Fibra de Herói».

O 'CONDOR POPULAR'


O 'Condor Popular' -na sua versão de bolso e tiragem semanal- apareceu nos escaparates das nossas papelarias e nas bancas de jornais de Portugal em meados da década de 50 do passado século. Era propriedade da firma Aguiar & Dias Lda e tinha distribuição garantida pela Agência Portuguesa de Revistas. Se não estou em erro, saía aos sábados e custava 1 escudo. E, se a sua memória fica aqui arquivada, neste blogue consagrado a 'coisas' sobre o Oeste americano, é porque parte substancial das suas bandas desenhadas (histórias aos quadradinhos, como então se lhes chamava) eram de inspiração westerniana. Era rara a semana em que eu não comprava o 'Condor', que contava sempre (nas suas páginas) uma história de aventuras completa. Quando eu era miúdo, adquiria-o, geralmente, aos vendedores que faziam negócio de jornais no pachorrento comboio que ligava o Barreiro a Setúbal, cidade onde eu frequentava o Liceu Bocage. Ou, como alternativa, numa pequena papelaria sita na então rua D. Manuel I, mesmo juntinha às cancelas da passagem de nível do Barreiro A. Mamma mia ! Que saudades eu tenho desse tempo...

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

«JACK, O SANGUINÁRIO»

O filme «JACK, O SANGUINÁRIO» («Jack Slade») tem a assinatura de Harold D. Schuster, que o realizou em 1953. A vedeta desta película com a chancela da pequena produtora Allied Artists é Mark Stevens, um actor pouco conhecido na nossa praça e que eu descobri graças ao meu amigo Claude Guinard, de França, que nutre por ele uma grande admiração. «JACK, O SANGUINÁRIO» é uma película a preto e branco com 90 minutos de duração, que tem, ao lado de Stevens, actores como a bela Dorothy Malone (verdadeira referência feminina do cinema western), Barton MacLane, John Litel, Paul Langton, Harry Shannon, John Harmon, Jim Bannon e (num papel secundaríssimo) Lee Van Cleef. A história contada é a de um menino que agride (e mata involuntariamente) um adulto e que, durante toda a sua existência, é perseguido pela violência que o seu nome e a memória do seu reprovável acto parecem atrair. Embora não se tratando de uma fita de factura esmerada, a verdade é que a sua raridade fez de «JACK, O SANGUINÁRIO» um filme-culto, desejado pelos muitos westernófilos espalhados pelo mundo fora. Isto, porque, apesar dessa apetência, esta película nunca teve (que eu saiba) uma edição videográfica na Europa. Felizmente, um canal francês do cabo/satélite programou-o aqui há uns anos atrás, acontecimento que me permitiu gravar, em DVD, uma excelente cópia. Devido ao sucesso popular obtido pela exibição desta fita nos 'states', Schuster foi solicitado para realizar (em 1955) «The Return of Jack Slade», uma sequela da obra em apreço, que teve a participação de alguns actores conhecidos, tais como John Ericson,Marie Blanchard, Neville Brand e Angie Dickinson. Nunca tive a oportunidade de ver este último filme.

«O GRANDE BALUARTE»

Esta fita -com o título original «Flaming Feather»- é uma realização de Ray Enright, que a rodou em 1951 por conta dos estúdios Paramount. Na ficha artística deste modesto, mas charmoso  western colorido e com 79 minutos de duração, constam os nomes de Sterling Hayden, Forrest Tucker, Barbara Rush, Arleen Whelan, Carol Thurston, Edgar Buchanan, Victor Jory e Richard Arlen. Ataques de bandoleiros, levantamento de índios hostis à movimentação dos brancos pelo seu território e intrigas amorosas foram as receitas que inspiraram este trabalho de Enright, um cineasta especializado na realização de fitas de pequeno orçamento. Sobretudo no domínio do western, que foi, sem dúvida, o seu género preferido. Como já referi «O GRANDE BALUARTE» tem um certo interesse e oferece aos espectadores algumas cenas de acção bem alinhavadas, tais como, por exemplo, a batalha final entre brancos e pele-vermelhas; que parece ter sido rodada nas ruínas do famoso 'Montezuma Castle National Monument', uma aldeia troglodita do Arizona e um dos lugares turísticos mais visitados desse estado do sudoeste dos EUA. Não conheço edição desta película na Europa. Eu tenho uma cópia gravada, há muitos anos, na televisão francesa (ou belga ?) a precisar de substituição urgente. Esta fita usa, no Brasil, o título seguinte : «Flechas Incendiárias».