segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013
COISAS SURPREENDENTES !!!
Confesso que não compreendo as opções (ou melhor, a falta delas) de certos produtores de DVD's. E este pensamento ocorre-me por não ver ainda editada -nem em Portugal, nem em França- uma das obras cimeiras de mestre John Ford, que se intituala «O SARGENTO NEGRO» («Sergeant Rutledge»). Um sumptuoso filme que alia os géneros western e policial para lançar um grito pungente, mas vigoroso e necessário, contra a descriminação racial; que, em 1960, ano da realização desta magnífica película, era ainda coisa arreigada na sociedade norte-americana. Na qual ninguém imaginaria que, 40 anos volvidos, um membro da comunidade afro-americana (como hoje são designados os negros dos 'states') ocuparia, na Casa Branca, o lugar de Presidente dos E.U.A..
Lembro-me que, quando residia em França e surgiram os gravadores-leitores de vídeo, também este filme foi, durante muito tempo, votado ao ostracismo... Recordo que, nesse tempo de cassetes VHS, tive a coragem de escrever uma sentida carta ao director comercial da Warner Bros (detentora dos direitos de edição dessa fita), na qual exprimia a minha estranhesa e decepção pelo facto de não ver esse extraordinário filme (e outros) nos escaparates dos vendedores de videogramas. E querem saber uma coisa ? -O responsável da Warner respondeu às minhas súplicas, escrevendo-me uma amável carta (que tenho guardada), na qual me agradecia as sugestões e na qual me prometia (e era isso o mais importante) que a sua editora teria muito prazer em satisfazer o meu pedido; e que «O SARGENTO NEGRO» (mái-las cópias das outras fitas cuja edição eu lhe sugeria) seria lançado em prioridade pela Warner/França.
Garanto que essa promessa foi cumprida rapidamente e que, algum tempo depois, todos os westernófilos de França tinham entre mãos esse e outros westerns de grande qualidade realizados, nos anos 50/60, pelos estúdios dos irmãos Warner. Penso, muito sinceramente, que o que surtiu efeito em terra gaulesa seria muito difícil de obter por cá. Atitude que eu resumiria numa única palavra : feitios... Mas isso não me impede de continuar a lamentar a atitude de certos editores, que -de toda evidência- desprezam obras-primas em proveito das coisitas sem interesse que eles mandam gravar e colocar no mercado. «O SARGENTO NEGRO» já tem edições em Espanha («El Sargento Negro») e no Brasil («Audazes e Malditos»).
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