quarta-feira, 6 de março de 2013
O MASSACRE DE FORT ROSALIE (1729)
Para poderem sobreviver no Novo Mundo, que descobriram em finais do século XV, os europeus, de várias nacionalidades, construiram nas suas respectivas áreas de colonização e de influência um número importante de fortificações. Esses fortes protegiam, com as suas cercas de defesa e com as suas guarnições militares, os pioneiros que -bastante cedo- por lá começavam a estabelecer-se e a valorizar a terra. Fort Rosalie foi fundado em 1716 numa falésia que dominava o rio Mississippi, no sítio onde, hoje, se ergue a cidade de Natchez (1). Num território imenso e de fronteiras indefinidas, a Luisiana, que os Franceses acabariam por vender (nos tempos de Napoleão Bonaparte) à jovem nação americana. As tribos ameríndias predominantes na região onde fora erguido Fort Rosalie pertenciam aos Natchez, que nunca se mostraram favoráveis (ao contrário dos Choctaws, que se relacionaram amigavelmente com os estrangeiros) à instalação definitiva dos brancos nas terras que eles consideravam pertencer-lhes. Para ganhar, pouco a pouco, a sua confiança, os Franceses abriram-lhes as portas do forte e começaram por fazer negócio com eles. Até que um clima de serenidade se instalou entre os colonos e os nativos. Mas, um dia, os europeus decidiram plantar um terreno onde os Natchez se haviam habituado a sepultar os seus mortos, um chão que eles (que respeitavam o culto dos defuntos) consideravam sagrado. Parece ter sido essa a razão para que, no memorável dia 28 de Novembro de 1729, eles investissem em força Fort Caroline e massacrassem todos os ocupantes (civis e militares) dessa colónia gaulesa. À excepção, todavia, de algumas mulheres jovens e férteis, que eles levaram consigo (2). Segundo a primeira lista das vítimas, estabelecida em 1730 por um frade capuchinho de nome Filbert, os Natchez mataram ali e naquele dia 156 homens, 36 mulheres e 56 crianças. A violência foi de tal ordem, que a maioria dos homens foi escalpelizada e que algumas mulheres grávidas foram esventradas e os seus bébés arrancados das suas entranhas. Isto, numa manifestação de ódio abominável. Este massacre, que não foi, naturalmente, o primeiro ocorrido entre pele-vermelhas e brancos (que, muitas vezes praticaram actos de selvajaria idênticos), foi apenas um entre muitos; que salpicaram de horror as relações entre duas raças com interesses distintos. E que culminou -em finais do séculoXIX- com o fim do seu singular modo de vida e com o internamento forçado de praticamente todos os nativos da América do norte, sobreviventes de uma guerra que durou 4 séculos. /////////////////// (1) A cidade de Natchez faz parte, actualmente, do estado do Mississippi. (2) Algumas dessas mulheres seriam resgatadas, em 1730, aquando de uma expedição de retaliação organizada pelos Franceses e pelos seus aliados Choctaws contra os Natchez. As imagens (que pode ampliar) representam um guerreiro Natchez e o momento decisivo que levou ao massacre dos Franceses.
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