segunda-feira, 11 de março de 2013
ONDE IR AO CINEMA ?
Resido numa recôndita região do Portugal profundo. Ali na zona centro-sul, para as bandas da fronteira castelhana, onde para se poder assistir a uma simples sessão de cinema é necessário, é obrigatório percorrer várias dezenas de quilómetros. Até há umas semanas atrás, e depois do Cine-Teatro de Nisa (a 36 km de ida e volta do meu domicilio) me ter deixado empadeirado, suspendendo a regular exibição de filmes, havia a alternativa de ir a Castelo Branco, a cerca de 130 km (ida e volta) de minha casa. Agora, com o fecho das salas Castello Lopes que funcionavam naquela cidade beirã, se eu quizer ver uma película em ecrã largo, no lugar apropriado, penso que terei que deslocar-me a Lisboa (360 km de ida e volta) ou às cidades espanhola mais próximas, que são Cáceres e Badajoz, a 250 km (ida e volta) de distância. E estas últimas com a desvantagem de ter de gramar a fita dobrada na língua de Cervantes. Contra a qual eu nada tenho a dizer, naturalmente, salvo que o dito idioma é para mim menos fácil de entender. Mas, por outro lado, resigno-me. Pois, afinal, quem sou eu para me queixar, sabendo que muitos distritos deste país estão na mesma situação ? -Porque me hei de eu queixar, quando sei que as pessoas dos Açores, se lhes der na real gana de ir ao cinema, não lhes resta outra alternativa, para satisfazer esse tão comezinho prazer, senão a de tomar o avião da SATA e voar até à ilha da Madeira ou até ao continente ? Enfim, este país está a desmoronar-se completamente e eu duvido que, depois da passagem do desgoverno que temos, dele fique pedra sobre pedra. Porque quando se trata assim a cultura (na sua generalidade), é de acreditar que todos os males e pragas que nos anunciam nos vão mesmo cair em cima. ////////////////////////////// Não obstante, e em matéria de cinema aqui na minha região do norte alentejano, uma luz parece brilhar ao fundo do túnel. Esta manhã, ao passar junto do supracitado Cine-Teatro de Nisa apercebi-me que a dita sala de espectáculo programou, ontem, o oscarizado filme «Argo» e que no domingo, dia 24 do corrente, está prevista a exibição da película de Quentin Tarantino «DJANGO LIBERTADO». Aleluia !!! E, nestas circunstâncias, quero dar os parabéns -a quem de direito- pelo facto de apostar no espectáculo cinematográfico aqui na região. Assim colabore o público, indo ao cinema. Que por aqui é oferecido a preços excepcionalmente baixos, solidários. Que tomam em conta o empobrecimento das populações locais.
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