segunda-feira, 26 de novembro de 2012
«A PENA BRANCA»
Quando se fala de westerns anti-racistas, nos quais os ameríndios representam um papel de povo nobre, merecedor de respeito, citam-se, invariavelmente, «A Flecha Quebrada» («Broken Arrow») ou «O Caminho do Diabo» («Devil's Doorway»). Com alguma justiça, aliás, já que essas obras de Delmer Daves e de Anthony Mann (ambas datadas de 1950) se contam entre as primeiras películas que concederam alguma dignidade aos povos autóctones da América do norte, tentando oferecer, ao grande público, a imagem de gente que -com muito pundonor e com muita bravura- se bateu contra a invasão dos colonos brancos, para defender os seus territórios ancestrais e neles preservar um modo de vida e uma cultura originais. Luta que não resultou, como é sabido, já que, depois dos massacres inauditos perpetrados por uma nação 'civilizada', os últimos sobreviventes da resistência pele-vermelha foram despojados das suas terras e atirados -pelos vencedores de uma guerra desigual e sangrenta, que durou até finais do século XIX- para áreas reservadas, tão infâmes como qualquer outro campo de concentração. Hoje e aqui, quero lembrar uma outra esplêndida fita dos Anos de Ouro hollywoodianos, que, tal como as precedentes, também assumiu a responsabilidade de devolver aos Índios do Oeste americano a respeitabilidade que a História lhes deve. Trata-se de «A PENA BRANCA» («White Feather»), um western produzido para a companhia 20th. Century-Fox em 1955 e que tem a assinatura do realizador Robert D. Webb. Cineasta que, com este filme, nos ofereceu um trabalho notável pela sua sensibilidade e pela maneira justa com que abordou a questão do declínio da nação Cheyenne. «A PENA BRANCA», que se recomenda, embora nunca tenha sido editada (que saibamos) nenhuma cópia videográfica com legendagem em língua portuguesa, teve, curiosamente, o já acima referido Delmer Daves como co-guionista (o outro foi Leo Townsend) e foi filmada em primoroso colorido. O trio de actores principais é formado por Robert Wagner, Debra Paget e Jeffrey Hunter. A história contada é a de um jovem agrimensor encarregado -por um grupo de negociantes de St. Louis- de explorar o terreno à volta de Fort Laramie, para ali construir uma cidade. Mas, reina no território um verdadeiro clima de guerra, que o incita a contactar as últimas tribos insubmissas do Wyoming para assinar, com elas, um tratado de paz duradoura, que devolva a tranquilidade àquela região. O problema principal de Josh Tanner (Wagner) é causado pela ambição desmedida dos colonos brancos, que cobiçam o ouro do território índio e que estão dispostos a sabotar todo o seu trabalho de aproximação aos Cheyennes e prontos para desencadear uma inoportuna guerra. E a situação vai complicar-se um pouco mais, quando o homem de boa vontade que é Josh se enamora de Appearing Day (Debra Paget), uma formosa princesa pele-vermelha, irmã do guerreiro Little Dog (Hunter)...
Belíssimo filme a valer 5 merecidas estrelas. E, já agora, a merecer, também, que os editores videográficos deste país estejam mais atentos à qualidade de fitas como esta. Que já deveriam estar gravadas num DVD com a respectiva legendagem na nossa língua. O meu DVD é de origem francesa; e, como não podia deixar de ser, foi editado pela indispensável firma Sidonis-Calysta, cujos méritos nunca nos cansaremos de exaltar neste blogue. (O cartaz de topo é de origem belga).
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