sexta-feira, 9 de novembro de 2012
A PROPÓSITO DE «UM HOMEM» («HOMBRE»)
Neste olhar frio e expectante de Trés Hombres, aliás Isk-Ka-Hay, aliás John Russell, reside todo o mistério de uma das personagens mais fascinantes do cinema western. A de um filho de pioneiros criado (como um dos seus) pelos Apaches do Arizona e que, mais tarde, foi adoptado por uma alma caridosa, que lhe deu o seu nome, a sua casa e fez questão de o extrair do seu destino de meio-índio, de meio-selvagem, para o reentroduzir no pretensamente civilizado universo dos brancos. Um mundo que lhe será fatal !... «UM HOMEM» («Hombre») é um filme espantoso, pela lucidez (e subtileza) com que afronta o problema índio, numa fase posterior à derrota dos últimos Apaches livres do Sudoeste. Num tempo em que estes já foram privados de se movimentar, sem constrangimentos, nos vastos espaços do território ancestral e vegetam nos horríveis campos de concentração (eufemisticamente chamados 'reservas') para onde os atiraram as autoridades brancas. Como a reserva de San Carlos -a mais pavorosa de todas elas- citada nesta película de Martin Ritt. Esta fita (pouco conhecida, mas sublime) foi realizada em 1966 e tem argumento de Irving Ravetch e de Harriet Frank Jr.; que adaptaram ao cinema uma excelente novela de Elmore Leonard, um dos mais respeitados nomes da literatura western do século XX. «Hombre» (que tem uma duração de 111 minutos), apresenta a chancela da 20th. Century-Fox, foi filmado em Panavision e oferece-nos imagens soberbas assinadas pelo reputado director de fotografia James Wong Howe. Para além de Paul Newman (que aqui interpreta o papel principal, o de Hombre/John Russell), esta fita conta com um número impressionante de excelentes actores, a começar por Diane Cilento e que prossegue com Fredric March, Richard Boone, Martin Balsam, Cameron Mitchell, Barbara Rush, Frank Silvera, Peter Lazer, etc. Esta fita, que tem algumas afinidades com «Cavalgada Heróica» (de John Ford), pelo facto de parte da sua trama se desenrolar no espaço confinado de uma diligência, é (a meu ver) um filme mal-amado. Tanto pelos críticos, como pela quase generalidade do público. Será por privilegiar o estudo psicológico das personagens em prejuízo da acção ? -Aceito como explicação plausível o facto do seu ritmo lento (mas certo) ter perturbdo mais do que um espectador; mas esta película merece (e de que maneira !) uma segunda oportunidade. Daí, eu aconselhar quem tem a paciência de me ler e que não gostou de «UM HOMEM», que pegue num DVD com uma boa cópia do filme e o veja com olhos de ver. E, talvez, descubra -finalmente- que esta fita de Martin Ritt é algo mais do que um bom momento de cinema. Eu, que a coloco, sem favor, no 'Top 10' das minhas preferências westernianas, continuarei a afirmar que «UM HOMEM» é uma obra cativante, um filme superior. Que não deve, que não pode permanecer, por muito mais tempo, no anonimato. Cartaz usado na Alemanha (Federal) para promover este grande filme de Martin Ritt. A tradução do título é 'Chamaram-lhe Hombre'.
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