sábado, 29 de dezembro de 2012

MANGAS COLORADAS


Dasoda-hae, de seu verdadeiro nome, este Apache Chiricahua nasceu em 1793 no território da sua tribo; que antes da conquista do sudoeste dos actuais Estados Unidos pelo homem branco, se estendia das margens do rio Grande del Norte até aos confins do Novo México de hoje. Mangas Coloradas (alcunha que lhe foi dada, pelo facto de apreciar e vestir camisas com mangas vermelhas) combateu as tropas mexicanas e norte-americanas aquando das guerras que estas travaram contra uma das mais indomáveis nações ameríndias daquela região, com fronteiras estabelecidas à revelia dos interesses dos autóctones; e revelou-se -ao mesmo título que Cochise, Geronimo e Vitorio- um dos mais famosos chefes guerreiros que alguma vez os 'federales' e os  'soldados azuis' tiveram que enfrentar. Sobretudo a partir da década de 50 (do século XIX), quando foi descoberto ouro nas montanhas de Santa Rita. Por essa altura, Mangas Coloradas foi capturado por um numeroso grupo de garimpeiros, que o ataram a uma árvore e o torturaram. Esse incidente foi o prenúncio de uma guerra sem quartel entre Apaches e brancos (civis e militares), que implicou a participação de outros líderes autóctones, entre eles o famoso Cochise -que era genro de Mangas Coloradas- e o também já referido Geronimo. Mas, em 1863, Mangas caíu numa emboscada armada pelas autoridades militares ianques, ao responder a um convite do general de brigada Joseph R. West, que lhe havia proposto negociações de paz. Ora, apesar de se ter apresentado, no Fort McLane (Novo México), durante uma trégua e desfraldando uma bandeira branca, o chefe Apache foi feito prisioneiro pela tropa. Torturado e baleado, Mangas sucumbiu aos seus ferimentos e morreu no dia 18 de Janeiro desse mesmo ano de 1863. Pretexto para este crime ? -O do costume : Mangas Coloradas terá tentado escapar aos seus algozes, esboçando uma fuga. Depois de morto, a sua cabeça foi separada do corpo e cozida. E o crâneo enviado para um frenologista de Nova Iorque (o Dr. Orson Squire Fowler), que o analizou e que até escreveu um livro sobre o seu macabro estudo.
O bárbaro assassínio de Mangas Coloradas fez aumentar a raiva e a hostilidade que os Apaches sentiam pelos Estados Unidos e atiçou uma guerra que ainda duraria mais um quarto de século. Só terminando com a rendição de Geronimo e com a sua degradante deportação para a Flórida. As chamadas guerras Apaches foram tema de muitos filmes de Hollywood; onde, durante muito tempo, estes índios do sudoeste foram apontados como um povo cruel e os seus chefes como seres incómodos para o avanço da civilização e que era indispensável eliminar fisicamente. A partir de 1950 -com a realização de «A Flecha Quebrada»- essa mentalidade começou a alterar-se. Felizmente ! Mangas Coloradas também teve a sua película reabilitativa, «Tambores de Guerra», fita que, no entanto, ficou muito aquém do grande filme que os realizadores norte-americanos estão a dever a esta insigne figura da resistência Apache, martirizada pelas tropas a mando do governo de Washington.
O filme «Tambores de Guerra» («War Drums») tem Mangas Coloradas como sua figura central. Mas é uma obra menor, incompatível com a grandeza da personagem que Reginald Le Borg pretendeu retratar. Realizada em 1957, esta produção, de fraco orçamento, escolheu o atlético actor Lex Barker para encarnar a figura de um dos maiores líderes da nação Apache. Também ele não soube transmitir à personagem que interpretou toda a grandeza devida ao homenageado. Talvez um dia, Hollywood, tenha a coragem de consagrar um filme verdadeiramente à altura desta enorme figura da História dos Estados Unidos da América. O que só dignificaria a grande nação de além-Atlântico e sua poderosa indústria cinematográfica. (O cartaz ao lado é de origem belga).

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