domingo, 16 de dezembro de 2012

«O CAÇADOR DE ÍNDIOS»

Apesar do seu título denotar alguma hostilidade em relação aos autóctones do Novo Mundo, a verdade é que esta bonita película de André de Toth se pode inserir na lista dos filmes ditos 'pró-índios', que se realizaram ao longo dos anos 50 do passado século. O CAÇADOR DE ÍNDIOS» («The Indian Fighter», 1955) é, com efeito, uma obra generosa, que nos transmite uma mensagem apaziguadora sobre o relacionamento entre pessoas de raças e de costumes diferentes. O filme em apreço (que tem a chancela dos Artistas Associados) foi produzido por Kirk Douglas, através da Bryna. Este actor, então no auge da sua carreira, desempenhou, também e muito bem,o principal papel masculino de «O CAÇADOR DE ÍNDIOS»; onde contracenou com a estreante Elsa Martinelli, com Walter Matthaw, com Lon Chaney Jr. e com a sua ex-mulher Diana Douglas. A luxuosa fotografia deste filme colorido (e em CinemaScope) tem assinatura de Wilfrid M. Cline e a música de fundo foi composta por Franz Waxman. «O CAÇADOR DE ÍNDIOS» tem uma duração de, apenas, 88 minutos.
Um crítico francês (Patrick Bureau), considerou esta fita o melhor western do seu autor e «um dos mais belos poemas panteístas que o western nos deu; onde a Natureza fundia num único elemento, índios, cowboys, árvores e rios». Curiosamente, em França, esta película tem dois títulos : «La Rivière de Nos Amours» e «L'Or des Sioux». Recordo-me de ter visto esta fita, pela primeira vez, num dos 'cinemas paraíso' da minha juventude : a esplanada do Galitos F. C., que funcionava -no periférico bairro barreirense da Quinta da Lomba- na própria rua onde eu morava, a rua de Nagar-Aveli. Depois disso -que ocorreu há mais de meio século- visionei muitas vezes esta obra de André de Toth, graças, naturalmente, à invenção dos videogramas e dos respectivos leitores; que, como amante de cinema, eu considero uma das mais belas invenções do século XX.
A acção desta fita decorre, no território do noroeste dos Estados Unidos, no seio de uma caravana de pioneiros em marcha para as úberas terras do Oregon. Para onde, efectivamente, se dirigiram alguns milhares de colonos na segunda metade do século XIX. A caravana de emigrantes terá, para atingir o seu objectivo, de passar pelo país dos Sioux, onde o seu chefe -o famoso Núvem Vermelha- não vê com bons olhos a intromissão do homem branco. A paz será preservada, graças aos amores da sua filha Onahti (Elsa Martinelli) e de Johnny Hawks (Kirk Douglas). Anedota : Elsa foi descoberta por Douglas em Roma, onde a bela italiana exercia o 'métier' de modelo. Uma das cenas mais bonitas (e eróticas) da fita ocorre quando Onahti se banha nua num ribeiro e é observada, clandestinament e sem vergonha, por um sorridente Johnny Hawks. Foi sobretudo esta cena (que seria, hoje, considerada anódina) que valeu ao manequim transalpino uma súbita celebridade e ditou a sua transferência das 'passerelles' para os estúdios de cinema, nomeadamente para os de Hollywood.
Os magníficos cartazes que ilustram este 'post' são, de cima para baixo, originários dos Estados Unidos da América, de França, de Espanha e da Bélgica; países onde o filme em apreço conquistou um franco sucesso aquando da sua estreia e onde goza, hoje, do estatuto de clássico. DVD's com cópia desta película já foram editados por todo o lado. Felizmente ! «The Indian Fighter» foi exibido no Brasil com o título «A Um Passo da Morte».

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