terça-feira, 11 de dezembro de 2012
RECORDAÇÕES DE «VIDA NOVA»
Creio ter visto esta fita, pela primeira vez, na esplanada de um clube desportivo do meu bairro : o Galitos Futebol Clube, da Telha; que, hoje, é conhecido a nível nacional, por ter uma equipa de basquetebol de primeiro plano. Essa esplanada (uma espécie de cinema descapotável) só funcionava, por óbvias razões, no Verão. E era substituída, nos meses de invernia, por um 'chapiteau', onde o 'luxo' estava reduzido à sua mais simples expressão : um ecrã estendido a um extremo da descomunal tenda, umas rudimentares arquibancadas e um frio de cortar à faca em certas noites de Dezembro ou Janeiro. Pois foi ali, na periferia do Barreiro, num sítio de nome Quinta da Lomba, que agora pertence à freguesia de Santo André, que vi e me deslumbrei com «VIDA NOVA» («Dodge City»), filme dirigido por Michael Curtiz. Um cineasta que acederia à fama universal, depois da estreia do famoso e celebrado «Casablanca» (1943), a sua obra-prima. De «VIDA NOVA» (do qual possuo uma belíssima cópia em suporte DVD) lembro-me, essencialmente, de duas cenas : de uma trepidante corrida entre uma diligência e um comboio (que ocorre logo no início do filme) e uma monumental zaragata num 'saloon'. A primeira, simbolizava a vitória do progresso (que chegava àquela região do Cansas), já que o referido despique sorriu, naturalmente, à composição ferroviária, que se apresentava como um sinal de modernidade. A cena colectiva de murros e pontapés -uma das mais longas e mais espectaculares do cinema western- simbolizava o grau de violência que reinava no caótico Faroeste da época e da dificuldade em estabelecer ali a lei e a ordem. Coisas que acontecerão, no entanto, graças à coragem e à determinação de Wade Hatton, a personagem encarnada pelo actor australiano Errol Flynn.
Que, em 1939, ano de estreia do «VIDA NOVA», era um rapagão garboso e em plena posse dos seus dotes físicos e interpretativos. Na realidade, esta película colorida (produzida para a Warner Bros.), que eu só descobri em meados da década de 50, é um marco importante na evolução do cinema do género. A tal ponto, que Basil Courtel (colaborador de Jean Tulard na elaboração do seu imprescindível «Guide des Films») afirmou : «Hoje, podemos considerar «Vida Nova» como tendo sido um dos melhores westerns da sua época». Apreciação que eu subscrevo inteiramente. A história contada nesta fita evoca a pacificação da cidade de Dodge City, graças ao progresso e às pistolas de uma figura que lembra, naturalmente, o justiceiro Wyatt Earp, na sua versão cinematográfica tradicional. Lembro que esta (ainda hoje) muito interessante película recorreu também ao saber profissional de Olivia de Havilland (bonita actriz que contracenou várias vezes com Flynn), de Ann Sheridan, de Bruce Cabot, de Victor Jory, de Guinn 'Big Boy' Williams, etc. Refiro ainda, a título de curiosidade, que Errol Flynn, já havia rodado, antes de «VIDA NOVA», dois outros sucessos sob a direcção de Michael Curtiz : «Capitão Blood», em 1935, e «As Aventuras de Robim dos Bosques», em 1938. Nota final : no Brasil, esta fita intitula-se «Uma Cidade que Surge»; como está patente na capa do DVD aqui reproduzida.
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