sábado, 15 de dezembro de 2012

VAQUEIROS : LENDA E REALIDADE

Nesta realista tela da autoria de John Hampton (artista norte-americano) vemos um grupo de vaqueiros conduzindo uma manada de bovinos, através de uma ignota pista do Oeste. Criados e engordados em imensos ranchos, em manadas de muitas milhares de cabeças, estes animais destinavam-se, geralmente, aos mercados do Leste dos Estados Unidos, onde a sua carne era vendida a preço de ouro. Mas antes de chegarem aos mercados de Chicago (ou de outras grandes cidades), estes animais percorriam centenas e centenas de quilómetros de pista, até atingirem um terminal de caminhos-de-ferro, que podia ser o de Wichita, o de Dodge City ou o de Abilene; de onde o gado partia para uma segunda etapa -também ela muito longa e demorada- a bordo de vagãos apropriados. O exercício da profissão de vaqueiro era perigosa, árdua, suja e mal paga; daí grande parte dos cowboys serem, na verdade e contrariamente àquilo que pretende a lenda westerniana, gente socialmente desfavorizada, analfabeta e sem profissão definida.
Assim, depois da guerra civil, muitos desses vaqueiros foram recrutados entre os negros recém-libertados, que, para sobreviverem, aceitavam trabalhos que a maioria dos brancos não queria fazer. Na região do sul do Texas, os ganadeiros também admitiam vaqueiros de origem mexicana ou mestiços, para os quais 1 dólar de salário diário, duas pratadas quotidianas de feijão e umas xícaras de café eram suficientes para assegurar a sua sobrevivência e a das suas pobres famílias. Essa realidade é, afinal, muito diferente das histórias difundidas pelo cinema (veja-se, por exemplo, «Como se Faz um Bravo») ou pelas séries da TV (como «Rawhide»). A segunda tela aqui inserida é do artista Brent Flory (também ele norte-americano) e mostra um desses cowboys negros, que o cinema e as séries televisivas quase sempre ignoraram.

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