quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

«TROOPER HOOK»

Esta fita de Charles Marquis Warren -que a realizou em 1957-nunca foi exibida comercialmente nas nossas salas de cinema. Nem, tampouco, nas salas de França. Estranho ! E a verdade é que ninguém me sabe explicar porque razão é que ela foi ostracizada pelos distribuidores destes países. Podemos, naturalmente, fazer suposições. Que de nada valem, se a nossa teoria não for confirmada. Eu cá por mim, estou convencido que, no que a Portugal diz respeito, a interdição do filme terá a ver com o facto da heroína deste bom western ter um filho concebido aquando de uma violação e, também, porque esse filho é fruto de uma união entre duas pessoas de raça diferente. Não sei porquê, mas tudo isto me cheira ao racismo preconceituoso dos homens da censura. Que, no tristonho Portugal desse tempo, não estavam com contemplações. Cortavam, cortavam e tornavam a cortar. Até, por vezes, não sobrar nada. Por esta ou por outra misteriosa razão, a verdade é que os westernófilos perderam a ocasião de ver um filme impregnado de humanismo e com intérpretes de qualidade, de entre os quais se destacaram Barbara Stanwyck e Joel McCrea. A história centra-se no tempo das Guerras Índias e refere a captura de uma mulher (branca e casada) pelos Apaches. Mulher que é tomada por esposa por Nanchez, um chefe de bando que lhe faz um filho. Anos mais tarde, esse clã pele-vermelha é capturado pela cavalaria e mãe e filho são libertados. E os problemas começam para os ex-cativos, que são violentamente discriminados pelas populações (brancas) da região. Até o legítimo esposo da senhora lhe cria problemas, pelo facto dela ter sido forçada a viver maritalmente com um índio... Felizmente, está ao lado dela e do seu filho mestiço um certo sargento Hook, um militar que admira a sua coragem física e a sua grandeza de espírito. E que (final feliz 'oblige') está decidido a tomá-la por companheira. Todos já adivinharam que a mulher em questão é encarnada nesta fita por Barbara Stanwyck e que o papel do sargento Hook coube a Joel McCrea. Resta dizer que esta fita foi produzida pela United Artists, tem uma excelente fotografia a preto e branco de Ellsworth Fredericks e uma duração de 81 minutos. «TROOPER HOOK» já tem DVD em Espanha (ver imagem anexada), intitula-se no Brasil «Vingança no Coração» e é conhecida em França (onde os meus amigos westernófilos me arranjaram uma boa cópia da televisão) pelo seu título belga : «Femme d'Apache».

1 comentário:

  1. Excelentes os comentários do autor, acredito mesmo que a não divulgação do filme em Portugal - nessa época difícil comentada - deve-se realmente a questões ligadas a um inexplicável racismo e a um triste preconceito. Joel McCrea está perfeito neste western, já mais velho, lembrando que, se não me engano, ele e Barbara Stanwyck fizeram seis filmes juntos, tendo sido o primeiro o genial "Aliança de Aço" de Cecil B. de Mille. As cenas de batalha com os índios e com a diligência, são impressionantes. Nada a dever a John Ford !!! E um detalhe que considero importante: o ator Earl Holliman, em início de carreira, tem um desempenho irrepreensível, é um dos pontos fortes do western. Como curiosidade, registro que nunca consegui obter maiores informações sobre o ator que vive o pequeno índio, me parece que ele fez somente este filme, nunca mais atuou. Charles Marquis Warren foi um diretor excelente e também muito bom roteirista, sendo perceptível sua mão nos filmes que roteirizou ou que dirigiu: todos têm qualidade !!!

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